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domingo, outubro 6, 2024

Aplaudida por 10 minutos no Festival de Cannes, uma das histórias mais belas e marcantes do cinema está na Netflix

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O filme “Close”, dirigido por Lukas Dhont, é uma produção aclamada que conquistou o Grande Prêmio no Festival de Cannes e foi indicada ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2023. Inspirado pela obra “We Two Boys Together Clinging” de David Hockney, o longa mergulha em temas complexos como heteronormatividade, machismo e o processo de amadurecimento, sem adotar uma abordagem direta sobre a homossexualidade.

A narrativa acompanha a vida de dois amigos, Leo (Eden Dambrine) e Remi (Gustav De Waele), que, apesar da intimidade evidente entre eles, não expressam sentimentos românticos nem se identificam como gays. A inocência infantil, livre de conotações sexuais, é o que guia essa amizade profunda. Entretanto, a sociedade, marcada por normas de gênero e preconceitos, começa a pressioná-los desde cedo, impondo padrões que desafiam sua ligação. O machismo, ao contrário do que se pode pensar, não se restringe apenas à opressão contra mulheres. Ele também define fronteiras rígidas para os homens, inibindo a expressão de emoções e estabelecendo um padrão restrito de comportamento. Dentro dessa lógica, qualquer traço visto como feminino em meninos é rapidamente condenado, impondo limitações na forma como os garotos podem se relacionar com o mundo e com os outros.

No filme, a relação entre Leo e Remi é retratada de forma delicada e livre de julgamentos. Suas famílias, representadas por Nathalie (Léa Drucker), mãe de Leo, e Sophie (Émilie Dequenne), mãe de Remi, veem essa proximidade com carinho, sem atribuir a ela qualquer conotação sexual. Leo é tratado como parte da família de Remi, sendo recebido com naturalidade e afeto por todos, inclusive pelo pai de Remi, Peter (Kevin Janssens).

A dinâmica é leve e cheia de ternura, mas o ambiente escolar não compartilha dessa aceitação. Na escola, o comportamento dos meninos chama atenção, gerando comentários e insinuações. Em uma cena emblemática, um grupo de garotas questiona se eles são gays, e Leo, desconcertado, nega, dizendo que são apenas como irmãos. No entanto, a dúvida começa a corroer a mente de Leo, que gradualmente se distancia de Remi e tenta se adequar às expectativas dos colegas, buscando refúgio em atividades consideradas mais masculinas, como o hóquei.

O afastamento entre os dois é uma consequência dolorosa das pressões sociais, especialmente para Remi, que é mais sensível e artístico. Ele reage com isolamento e tristeza à nova realidade imposta por Leo, e sua presença no filme vai se tornando cada vez mais sutil, até desaparecer completamente. Dhont, ao tentar conferir uma atmosfera poética à narrativa, acaba sacrificando um pouco da profundidade emocional que poderia ter explorado mais intensamente, especialmente no que diz respeito ao sofrimento e ressentimento de Remi. A ausência de uma abordagem mais profunda nesse sentido enfraquece o impacto do desfecho trágico.

Ainda assim, “Close” se destaca como uma obra visualmente marcante e emocionalmente poderosa. A trilha sonora, combinada com uma cinematografia que captura momentos de rara beleza, amplifica o impacto do filme. Embora falte uma maior exploração de certos aspectos emocionais, a experiência que “Close” proporciona é enriquecedora e profundamente comovente. A obra está disponível na Netflix, oferecendo ao público uma reflexão sensível sobre amizade, pressões sociais e as complexidades das relações humanas.


Filme: Close
Direção: Lukas Dhont
Ano: 2022
Gênero: Drama
Nota: 9/10

[Fonte Original]

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