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quinta-feira, novembro 21, 2024

Crítica | Alien: Romulus – Prelúdio do Filme – Plano Crítico

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Algumas imagens não precisam de explicação. Quando Rain, Andy e os demais entram na estação de pesquisa em dois módulos Romulus e Remus no longa dirigido por Fede Álvarez, tudo o que precisamos saber está lá e o que não precisamos saber… bem… simplesmente não interessa. Mas, claro, o filme foi um sucesso de bilheteria e de crítica e um prelúdio em quadrinhos descrevendo justamente os eventos que levaram a base espacial a ficar como os jovens a encontram era uma inevitabilidade ditada pela lógica de Hollywood e da indústria dos quadrinhos mainstream.

Mas, como disse, aquilo que aprendemos sobre a estação espacial no filme permite o vislumbre razoavelmente detalhado sobre o que ocorreu, mesmo que Fede Álvarez não recorra a flashbacks, pelo que qualquer HQ que tivesse o propósito de lidar com essa situação precisaria apresentar algo especial e substancial para não parecer genérica. Infelizmente, porém, a decisão preguiçosa de se publicar não uma minissérie, mas apenas um one-shot de 30 e poucas páginas (contando até as capas) somado a um roteiro no mínimo repetitivo de Zac Thompson e à uma arte cansada de Daniel Picciotto, resulta em um material que pode ser facilmente arquivado na categoria de caça-níquel feito nas cochas para pegar otário, como é o caso deste crítico aqui, ou, sendo mais suave, “pessoas que querem saber tudo o universo Alien“.

O que eu posso dizer sobre a história que quem já viu Alien: Romulus talvez não consiga imaginar? A pergunta é retórica, obviamente, pois a correria do roteiro de Zac Thompson não tem espaço algum para qualquer semblante de desenvolvimento de personagens. No máximo dos máximos, é possível dizer que a protagonista, uma ex-Marine que se tornou chefe de segurança da Weyland e que trabalha na estação espacial, é visualmente marcante por ter um tapa-olho e que é ela, tentando ser zelosa com o bem-estar de todos ali, que resolve se livrar do Big Chap, o xenomorfo do filme de 1979 que é achado pelos cientistas, e, nesse processo, acaba acordando-o e soltando-o pelo lugar para ele fazer a festa com todo mundo ali, inclusive um Rook desesperado com a burrice da mulher.

Mas, novamente, como não há páginas suficientes para que algo minimamente mais sofisticado seja desenvolvido, tudo o que temos é uma versão comprimida ao máximo do padrão da franquia Alien: um xenomorfo escapa e toca o terror em um ambiente confinado. O que poderia ter ajudado muito na elevação da qualidade de um roteiro tão básico que é frustrante, seria a arte de Picciotto, mas, se me disserem que o desenhista, na verdade, em razão do provável pouco tempo que teve para trabalhar, pediu ajuda aos universitários que, no mundo atual, é a I.A., eu acreditaria. E olha que eu gosto da arte dele em condições normais, como foi o caso da HQ do Motoqueiro Fantasma na versão Danny Ketch, mas, aqui, o que ele coloca nas páginas é uma burocrática sucessão de quadros que, mesmo capturando a atmosfera de espaço confinado e criando uma protagonista que é visualmente chamativa, mas nada realmente de especial, não consegue estabelecer urgência, medo ou qualquer gota de empatia pelos personagens que vão morrendo como bois em matadouro. Em outras palavras, ele faz visualmente o que Thompson faz com suas palavras: um feijão com arroz aguado e sem tempero.

Se o prelúdio em quadrinhos de Alien: Romulus já era conceitualmente desnecessário, não mais do que uma mera curiosidade (se isso tudo), sua execução morna – com boa vontade – torna a leitura frustrante, com a única real vantagem, nas circunstâncias, ser justamente o fato de que é necessário pouco investimento do leitor, não mais do que 20 minutos se o objetivo for ler sem pressa. Teria sido potencialmente melhor que a Marvel Comics tivesse investido em uma adaptação em quadrinhos do filme acrescentando o prelúdio à história, o que potencialmente resultaria em uma obra bem mais interessante (dificilmente algo do nível da graphic novel que adaptou o primeiro filme, porém) ou, talvez, claro, simplesmente não tivesse feito nada, algo que é pedir demais de uma corporação hollywoodiana.

Alien: Romulus (Idem – EUA, 2024)
Roteiro: Zac Thompson (baseado em história de Fede Álvarez e Rodo Sayagues)
Arte: Daniel Picciotto
Cores: Yen Nitro
Letras: Clayton Cowles
Data original de publicação: 23 de outubro de 2024
Editora: Marvel Comics
Páginas: 32



[Fonte Original]

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