Falta de provas contra Boulos por uso de droga levou advogados a deixar campanha de Marçal

A informação foi confirmada formalmente à equipe da coluna por um desses advogados, Gustavo Guedes, e reservadamente por outras duas fontes que se envolveram com o assunto.

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Logo depois do debate, quando Marçal disse que Boulos era usuário de drogas e prometeu apresentar provas de que ele teria sido processado por uso de cocaína, Guedes e o colega Thiago Boverio procuraram Marçal para pedir que mostrasse a eles as provas que tinha, já antecipando as medidas judiciais que a campanha de Boulos viria a tomar.

Marçal, então, teria dito que ainda não tinha o processo e estava para conseguir. Os advogados continuaram cobrando o ex-coach e seu advogado pessoal, Tacio Renan, sem sucesso. Em um almoço na segunda-feira dia 12 de agosto, quatro dias depois do debate, Renan disse a Boverio e Guedes que enviaria o processo naquele mesmo dia por WhatsApp, mas nunca o fez.

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“O fato mais marcante foi quando pedimos as provas da acusação contra o Boulos e elas não chegaram. Foi dito que tinha essa prova e não chegou”, afirmou Guedes. A dupla de deixou o processo no dia seguinte, quando Boulos já tinha entrado com uma ação contra Marçal pedindo o direito de resposta.

Guedes e Boverio têm um histórico de clientes no meio politico. Guedes é advogado do ex-presidente Michel Temer (MDB) e recentemente ajudou a livrar o senador Sergio Moro (União-PR) de ter o mandato cassado no processo que apurava suposto abuso de poder econômico. Já Boverio advoga para o PSD, de Gilberto Kassab, e atuou em casos do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

“O Marçal ignora questões juridicas, não da a importância que precisa ser dada a questões”, disse Guedes nesta manhã.

Fontes da campanha disseram reservadamente que em outros momentos naquele período os auxiliares de Marçal justificaram a ausência de provas com a alegação de que o processo teria sido oferecido a eles por uma pessoa que estava “cobrando caro”, uma quantia que eles não estariam dispostos a pagar.

De acordo com a versão que teria sido difundida por Tacio Renan na ocasião, ele teria visto apenas a capa do processo, que teria apenas uma versão física (nada digital), daí a dificuldade para conseguir a papelada.

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Depois disso, em pelo menos uma ocasião, Renan admitiu a interlocutores que na verdade não tinha prova das acusações contra Boulos.

Nos dias seguintes, a Folha de S. Paulo publicou uma reportagem mostrando que o processo sobre o tráfico que existia era contra um homônimo do candidato do Psol, um Guilherme Boulos que na verdade era vereador na chapa de Ricardo Nunes.

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Nesse momento Marçal já era assessorado por outra equipe juridica. Nos bastidores da campanha, novamente o ex-coach e seus assessores admitiram que o processo era contra um homônimo, mas disseram internamente que haviam sido enganados pela fonte das informações.

Na noite passada, Marçal divulgou um material que afirmou ser um laudo que supostamente confirmaria abuso de drogas por Boulos, mas que contém uma série de indícios de falsificação – o número do RG do psolista está errado e a assinatura do médico que supostamente assinou o documento não confere com a usada por ele em outros documentos, por exemplo.

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Na equipe jurídica de Marçal e do PRTB, o ambiente é de apreensão, porque o ex-coach teria tomado a iniciativa de divulgar o suposto laudo sem consultar ninguém.

Procurados, nem o advogado de Marçal, Paulo Hamilton Siqueira, nem o coordenador de campanha do candidato, Felipe Sabará, se manifestaram. O advogado Thiago Boverio, que deixou a campanha junto com Gustavo Guedes, também não quis dar entrevista.

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