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quarta-feira, dezembro 4, 2024

Mapeamento revela evolução gradual do cérebro humano em sete milhões de anos

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Uma pesquisa aprofundada sobre a evolução do cérebro humano ao longo de sete milhões de anos revelou que o desenvolvimento do órgão ocorreu de forma gradual e constante, desafiando a ideia de saltos evolutivos bruscos entre diferentes espécies

Conduzido por uma equipe internacional de cientistas e publicado terça-feira (26) na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, o estudo destaca que humanos modernos e seus parentes mais próximos apresentaram um ritmo de expansão cerebral mais acelerado em comparação com seus antecessores.

Representação do cérebro humano moderno. Crédito: Edit 4 Me – Shutterstock

Cérebro humano foi se modificando dentro de cada espécie

Chris Venditti, professor da Universidade de Reading, na Inglaterra, e coautor do estudo, explicou em um comunicado que a percepção anterior de que o cérebro humano teria aumentado de tamanho em “saltos” a cada nova espécie está equivocada. “Nosso estudo mostra que o crescimento cerebral foi mais parecido com atualizações graduais de software, ocorrendo dentro de cada espécie ao longo de milhões de anos”.

Essa descoberta sugere que o avanço intelectual humano não depende de mudanças radicais na biologia, mas sim de melhorias incrementais que podem continuar a acontecer ao longo do tempo. “Grandes transformações evolutivas nem sempre exigem eventos dramáticos. Elas podem ocorrer de forma gradual, assim como nos adaptamos e aprendemos hoje”, ressaltou Thomas Puschel, da Universidade de Oxford, líder da equipe.

O estudo também lança uma nova luz sobre a evolução dos neandertais, que por muito tempo foram considerados menos adaptáveis. A pesquisa mostra que o Homo neanderthalensis teve o crescimento cerebral mais rápido entre todas as espécies analisadas, incluindo o Homo sapiens. Isso contradiz a visão de que eles não conseguiam se adaptar às mudanças ambientais.

Essa constatação reflete uma tendência evolutiva contínua dentro de cada espécie, indicando que os limites entre as espécies podem ser menos rígidos do que se imaginava. Em vez de divisões claras, as espécies parecem formar uma sequência contínua, revolucionando a maneira como classificamos a evolução humana.

Molde do cérebro de um Homo erectus adulto, em exibição no Salão das Origens Humanas do Museu Smithsonian de História Natural, em Washington, D.C. Crédito: Tim Evanson – Wikimedia Commons

Tamanho do corpo e cérebro: uma relação complexa

Os pesquisadores também exploraram a relação entre o tamanho corporal e o tamanho do cérebro. Embora espécies humanas de maior porte tendenciem a ter cérebros maiores, isso não se aplica necessariamente dentro de uma mesma espécie. Ou seja, entre indivíduos de uma mesma linhagem, o tamanho corporal não é um forte indicador do tamanho do cérebro.

A equipe identificou que o aumento do tamanho cerebral acelerou há cerca de 800 a 900 mil anos, durante a existência do Homo heidelbergensis, um ancestral comum de neandertais e humanos modernos. Desde então, o cérebro humano continuou a crescer em um ritmo constante, mas sem os saltos bruscos que muitos cientistas acreditavam ter ocorrido.

Isso desafia teorias que tentam explicar diferenças de inteligência entre populações humanas modernas com base em sua origem geográfica. Como o estudo indica, a evolução cerebral não ocorreu de forma excepcionalmente rápida nos últimos 100 mil anos – período em que grupos de Homo sapiens migraram da África para outras regiões.

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A pesquisa sugere que as diferenças de inteligência entre populações modernas podem não ter uma base evolutiva tão sólida quanto alguns afirmam. Para provar diferenças significativas entre grupos humanos, seria necessário que a evolução cerebral tivesse acelerado de maneira inédita, algo que os dados não suportam.

Utilizando uma das amostras mais abrangentes de fósseis de crânios humanos e ancestrais já reunidas, a equipe também empregou técnicas estatísticas avançadas para lidar com lacunas no registro fóssil e validar suas conclusões – que oferecem uma nova perspectiva sobre a evolução da inteligência humana.



[Fonte Original]

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