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quinta-feira, novembro 21, 2024

Crise climática mobiliza empresas e executivos premiados no “Época Negócios” 360º

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Sustentabilidade e inovação andam juntas, e não poderia ser diferente diante do desequilíbrio climático, com efeitos cada vez mais presentes e dolorosos. Trágicas inundações no Sul, seca e incêndios devastadores na Amazônia e no Cerrado trazem, em menor ou maior grau, consequências para todos e também para as empresas. Despertam nos principais executivos do país a necessidade de urgência para conter as causas de eventos extremos.

“É fundamental olhar para dentro, ter humildade de rever rotas, adquirir uma mentalidade de colaboração para acelerar as metas estabelecidas para 2050, pois talvez não dê tempo de esperar”, diz Ana Costa, vice-presidente da Natura. A fabricante de cosméticos foi campeã de ESG/Sustentabilidade desta edição do “Época Negócios 360º”, e 2050 é o prazo para o mundo chegar à neutralidade em carbono. Foi fixado em acordos internacionais, ratificados na COP28, em Dubai em dezembro de 2023.

Alguns dos premiados nesta edição tiveram suas empresas afetadas diretamente. O Hospital Moinhos de Vento, referência e campeão na área de Saúde, esteve no olho do furacão. Tem sede em Porto Alegre e enfrentou duas enchentes, no fim de 2023 e em abril/maio de 2024. As águas não invadiram seu complexo hospitalar, que fica em um local mais elevado, mas lidou com problemas com fornecimento de água, luz, materiais. Sem contar a dificuldade de acesso por funcionários e pacientes.

Na enchente de 2024, cem funcionários perderam suas casas e precisaram ficar abrigados em uma área reservada no hospital. “Não deixamos de cuidar de funcionários e pacientes, mesmo em condições adversas”, diz o presidente do hospital, Mohamed Parrini. E isso apesar da perda financeira. “Tivemos um prejuízo estimado em R$ 100 milhões.”

A CPFL, campeã de Energia, atende 7,7 milhões de pessoas em 381 municípios no Rio Grande do Sul e acusou perda de R$ 112 milhões. Nada capaz de abalar a saúde financeira – é a 31ª maior empresa do país por receita líquida, segundo o ranking das 500. Mas capaz, sim, de acionar um sinal de alerta para o reforço da área de mudanças climáticas da companhia. A Bradesco Seguros, campeã do seu setor, pagou, em duas operações, indenizações de R$ 165 milhões em razão das enchentes no Rio Grande do Sul em 2024.

As mudanças climáticas têm impacto direto no futuro dos nossos negócios e da vida em sociedade”

— Jean Jereissati

“Nossa empresa lida com a longevidade das pessoas”, diz Ângela Assis, presidente da Brasilprev, campeã de Serviços Financeiros. “A variação climática pode ter impacto bastante negativo para a indústria [de previdência privada], por afetar a saúde, o emprego e a renda das pessoas.”

Guardar dinheiro para a aposentadoria, por exemplo, fica em segundo plano quando a questão é sobreviver hoje. É um motivo, entre vários, para a Brasilprev tomar medidas no sentido de compensar emissões, observar quem contrata como fornecedor e colocar nos portfólios investimentos que dão prioridade a empresas cujos negócios são geridos de forma sustentável.

No mapa do futuro estão também as preocupações de Jean Jereissati, presidente da Ambev, campeã de Alimentos e Bebidas. “Reconhecemos que as mudanças climáticas têm impacto direto no futuro dos nossos negócios e da vida em sociedade”, diz. “A agricultura e a água são centrais para o que fazemos, e estamos focados em reduzir emissões na cadeia de valor.”

Toda a eletricidade da Ambev no Brasil vem de fontes renováveis e isso está sendo levado para outros países da América Latina. A companhia tem a meta de alcançar neutralidade de carbono até 2040, com uso de biometano nas cervejarias e aumento da eficiência energética em toda a operação.

“Esse é um trabalho de muitas frentes”, afirma Jereissati. “Temos feito investimentos em energia renovável, com nossas 40 usinas solares on-site e parques eólicos no Nordeste.” Com o programa Bacias e Florestas, a Ambev atua no restauro e conservação de solos e vegetação nativa e melhora da qualidade da água para comunidades vulneráveis.

Se cada um não for responsável por seu CO2 emitido, quem vai pagar essa conta?”

— D. Manique

“Pelo Bacias e Florestas plantamos, em 2023, 2 milhões de árvores em áreas de alto estresse hídrico espalhadas pelo Brasil”, acrescenta. “Isso é o equivalente a 800 campos de futebol em extensão de reflorestamento ou 5,8 mil carros a menos nas ruas.”

Empresa do ano desta edição do “Época Negócios 360°”, a ArcelorMittal Brasil está comprometida em “liderar a descarbonização na indústria do aço e a estar engajada nos esforços de redução de emissões de CO2 que unem todo o mundo”, nas palavras de seu presidente, Jefferson De Paula. Mitigados os efeitos da produção, o aço é totalmente reciclável inúmeras vezes sem perder a qualidade. Por isso, segundo De Paula, esta é uma solução na transição para uma economia mundial de baixo carbono.

Pesados investimentos têm sido feitos pela ArcelorMittal em seus centros de pesquisa e desenvolvimento no mundo, um deles no Brasil, em Tubarão (SC), para acelerar a mudança. Entre as tecnologias em desenvolvimento está a transformação do minério de ferro em aço com uso do hidrogênio verde como elemento combustível e redutor. Tradicionalmente, usa-se coque e carvão mineral. “O uso do hidrogênio verde poderá transformar o Brasil numa plataforma global de produção de aço de baixa emissão de CO2 ”, diz De Paula.

Campeã de Química e Petroquímica, a Rhodia mantém uma floresta em volta da fábrica em Santo André (SP) e usa dela apenas 15% para fins industriais, segundo a presidente, Daniela Manique. Em parceria com a prefeitura, mantém projeto de biodiversidade para polinização com abelhas. E coloca nos projetos industriais um custo se houver emissão de CO2. “Se cada um não for responsável por sua tonelada de CO2 emitida, quem vai pagar essa conta?”, diz Daniela. “As empresas têm um papel fundamental nesse cenário.” (Colaboraram Azelma Rodrigues, Caroline Marino, Lauro Veiga Filho, Márcio Ferrari, Rosangela Capozoli, Silvia Kochen e Soraia Duarte)

[Fonte Original]

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