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quinta-feira, novembro 21, 2024

ONG de Timor-Leste restaura manguezais para proteger país de desastres climáticos

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Uma das prioridades na 29ª Cúpula do Clima, COP29, que começa na próxima semana no Azerbaijão, será um novo acordo financeiro coletivo para apoiar os países em desenvolvimento a tomar medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

Algumas das soluções são baseadas simplesmente em conservar e restaurar ecossistemas, como manguezais, corais e ervas marinhas, que funcionam como barreiras naturais para eventos climáticos extremos.

ONU News/Felipe de Carvalho

Vida selvagem no mangue em Tmor-Leste

Vulnerabilidade a inundações e deslizamentos

Por ser um dos países mais vulneráveis do mundo a desastres como ciclones, terremotos, tsunamis, secas e chuvas, Timor-Leste pode se beneficiar com um eventual novo acordo na COP29. Com apoio das Nações Unidas, o país tem apostado em soluções baseadas na natureza e mostrado resultados.

A nação lusófona, do sudeste da Ásia, tem uma geografia muito particular com 743 km de litoral e diversas montanhas, que chegam até 3 mil metros de altura. Relatos mitológicos contam que o país surgiu de um crocodilo e por isso a ilha tem o formato do animal, sendo as montanhas sua coluna.

Essas características fazem com que a pequena nação asiática seja particularmente vulnerável a inundações, deslizamentos de terra e erosão do solo.

Ao mesmo tempo, o aumento do nível do mar em Timor-Leste nas últimas décadas foi de cerca de 9 mm anualmente, o que é bem superior à média global de 2,8 – 3,6 mm por ano.

Restauração de manguezais

Mas a própria natureza do país também oferece recursos de proteção contra essas ameaças, um deles é o manguezal. No entanto, desde 1940, Timor-Leste perdeu 80% da cobertura desse ecossistema.

Para reverter esse quadro, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, iniciou em 2016 o Programa de Resiliência Costeira. Até 2020, quase 2 mil hectares de manguezais e zonas húmidas foram conservados e restaurados nas costas norte e sul do país.

A ONG local Konservasaun Flora & Fauna, KFF, obteve apoio do Pnud para o desenvolvimento de um centro de estudos de manguezais no município de Hera, também convertido em ponto turístico.

Além de apoiar pesquisas, a KFF faz a “gestação” de 30 a 40 mil árvores todos os anos, de 16 espécies diferentes, para garantir a reabilitação de florestas de manguezais em Hera e outras áreas de Timor-Leste.

Alito Rosa, Diretor da Konservasaun Flora & Fauna, KFF

ONU News/ Felipe de Carvalho

Alito Rosa, Diretor da Konservasaun Flora & Fauna, KFF

Ameaça da poluição por lixo e resíduos do petróleo

A ONU News visitou o local e conversou com o diretor da KFF, Alito Rosa, que disse que “os manguezais podem proteger as comunidades costeiras de desastres naturais, como tsunamis, furacões, ventos fortes, e prevenir a ocorrência de erosão”.

Segundo ele, dos 13 hectares de manguezais que existem atualmente em Hera, três foram restaurados com sucesso pela KFF, com apoio do Pnud. A organização também restaurou recifes de coral danificados e preservou cerca de 15 hectares de algas marinhas.

Os maiores riscos para a existências dos manguezais são corte e queima de árvores, extração ilegal de madeira, e poluição. O diretor da KFF explicou que “se as ondas do mar carregarem lixo e cobrirem a parte superior da semente do mangue, isso impedirá que ela seja exposta à luz solar efetivamente matando os manguezais”.

Por isso, os esforços de conservação são a principal prioridade da organização. Para reforçar essa ideia, o caminho que os visitantes fazem ao chegar no centro de estudos é por uma passarela feita com plástico reciclado, convertendo o principal inimigo do mangue em um suporte para sua contemplação.

O coordenador de projetos da KFF, Elidio Ximenes, adicionou que a exploração de petróleo na costa timorense também “gera resíduos que se infiltram nos manguezais”. Para ele, a falta de regulação dessas atividades representa uma “ameaça significativa para a sobrevivência dos manguezais e dos recifes de coral”.

Passarela feita de plástico reciclado no Centro de Estudos de Manguezais em Hera

ONU News/Felipe de Carvalho

Passarela feita de plástico reciclado no Centro de Estudos de Manguezais em Hera

Envolvimento da comunidade

O representante do Suco Hera, Raul Amaral Soares, afirmou que os esforços de conservação envolvem toda a comunidade, que participa de eventos de plantio e ações de educação sobre como cuidar do lixo.

A líder comunitária Nelia dos Santos Oliveira já participou dessas atividades e declarou que “os manguezais são um bom habitat para a vida marinha e não devem ser destruídos”.

Segundo ela, uma vez que a pesca é essencial para o modo de vida das comunidades costeiras, as mulheres devem se envolver e contribuir.

Alito Rosa ressalta que esses ecossistemas são muito valiosos para Timor-Leste porque, “quando vistos através das lentes da economia azul, desempenharão um papel significativo no futuro”.

“Na nossa organização, esse espírito nos motiva a continuar fazendo a diferença através do nosso trabalho”, concluiu ele.

[Fonte Original]

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