Estes últimos seriam os únicos moldáveis por um tratamento do tipo. Ou seja, a tecnologia está longe de mudar o comportamento humano, mas criam associações temporárias.
É o que acontece na publicidade. Os comerciais de margarina, por exemplo, associam o produto a famílias felizes, cores calmas e música relaxante.
O mesmo efeito pode ser sentido na nossa relação com o celular. Como o prazer de pessoas que desligam o aviso sonoro do WhatsApp para aqueles grupos (ou pessoas) que insistem em postar assuntos desinteressantes ou desagradáveis.
É o chamado “sistema de recompensa. O sistema neural é um circuito de regiões cerebrais que recebem disparos de dopamina a partir de certas ações, cheiros, pensamentos etc. Nosso cérebro cria hábitos e comportamentos buscando novamente essas sensações de prazer e satisfação.
Esse é um dos mecanismos que tornam as redes sociais tão viciantes — e as empresas de tecnologia sabem disso. Em 2012, o Facebook fez um experimento psicológico com 690 mil usuários, manipulando suas emoções a partir do que aparecia para elas no feed. Se Burgess escrevesse a obra nos dias de hoje, o “Ludovico” provavelmente seria mais parecido com um aplicativo de celular do que com uma cadeira elétrica.
Fontes: Marcelo Benvenuti, psicólogo e professor; Patrícia Bado, pesquisadora de neurociência e comportamento e doutora pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).