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quarta-feira, dezembro 4, 2024

O que é inflação?

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A inflação não é uma novidade para o brasileiro. Hoje, apesar de a inflação estar mais controlada, ainda é presente e afeta a vida de toda a população.

A ​Inflação é o nome dado para quando acontece um aumento dos preços dos bens e serviços disponíveis. É por isso que um dos principais efeitos da inflação é a perda do poder de compra.

Como o preço aumentou, é necessário desembolsar mais dinheiro para comprar a mesma cesta de itens, fazendo com que a moeda tem um valor menor através do tempo.

Esse aumento é medido pelos índices de preços, também chamados de índices de inflação. Cada índice busca mostrar a variação dos preços sob determinado escopo, como um setor da economia, uma cidade ou de um grupo de pessoas, mudando assim os itens e o período de análise.

Existem vários, como INCC, IGP-M e INPC, mas o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) é o principal índice do país, usado pelo Banco Central do Brasil para definir suas metas de inflação. O IPCA, que é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reflete a variação nos preços do consumo médio das famílias brasileiras.

O que causa a inflação?

A inflação é a combinação de diferentes fatores que atuam, simultaneamente, sobre a economia e resultam em uma alta dos preços. Entre esses fatores, o Banco Central destaca quatro:

Vamos a um exemplo: a pressão de demanda ocorre quando mais pessoas decidem comprar um smartphone, por exemplo, e a empresa que o faz não consegue aumentar a produção dele. Esse aumento, na teoria clássica, acarreta em uma alta de preços chamada de inflação de demanda, explica Rodrigo De Losso, professor da FEA-USP.

De acordo com o especialista, esse avanço da demanda pode ocorrer por dois caminhos: aumento de receita ou pela mudança de preferência.

“No começo de ano, por exemplo, o salário mínimo passa por um reajuste, então as pessoas têm mais dinheiro para gastar, aumentando a demanda. Já a mudança de preferência pode ser causada por alguma propaganda, por exemplo, em que as pessoas sejam levadas a comprar mais de um certo produto”

Voltamos ao exemplo do smartphone. Quando a energia elétrica fica mais cara, a fábrica tende a repassar essa conta no preço do dispositivo. Essa é pressão dos custos e há vários motivos que podem influenciar nesta dinâmica. No Brasil, o onde agronegócio tem um peso importante no PIB, o clima é um dos principais, afirma André Braz, economista da FGV IBRE.

“A falta de chuvas pode causar uma quebra de safras, no caso do agro, e dificultar a criação de animais, no caso na pecuária. O que, então, causaria um aumento dos preços dos produtos do setor”.

Neste caso, o resultado seria uma inflação de custo ou inflação de oferta. Além do clima, outros motivos podem impactar na oferta, como o câmbio ou uma quebra da cadeia produtiva.

A inércia inflacionária é a inflação causada pelo sistema de indexação, em que os preços são reajustados de acordo com a inflação passada. É o que acontece em contratos de aluguel, por exemplo, que são atrelados a algum índice de inflação e, periodicamente, reajustam o valor cobrado de acordo com a variação do índice.

De Losso explica que essa prática é algo recorrente no Brasil, sendo visto em diversos setores, como uma forma de compensar o aumento dos preços. Contudo, mesmo que o objetivo seja se proteger da inflação, esse processo pode impulsionar ainda mais o avanço dos custos.

Expectativa de inflação

A expectativa de inflação possui um conceito similar à inércia, mas ao invés do reajuste usar a inflação passada como base, ele antecipa uma possível alta da inflação usando projeções como guia.

Existem várias projeções que podem usadas, com a disponibilizada pela pesquisa Focus, feita pelo Banco Central, uma das principais. Essa processo pode ocorrer também em vários setores, como uma construtora que, ao fechar um contrato, incluiu em seu preço a expectativa de inflação para o período trabalhado.

Assim como a inércia inflacionária, o objetivo dessa prática é se proteger contra a alta dos preços, mas olhando para o futuro. Contudo, o processo também pode impulsionar a inflação.

Consequências da inflação

Assim como as causas, os efeitos da inflação variam e afetam diferentes áreas da economia, resultando em um impacto negativo no crescimento econômico, segundo o Banco Central. Dentro disso, alguns dos efeitos mais visíveis da inflação são:

A inflação, esse “cupim” do dinheiro, corrói o poder de compra, isto é, diminui o valor da próprio moeda. Por exemplo, um par de tênis custava R$ 100,00 em 2019. Hoje, usando a calculadora de inflação do Banco Central, esse mesmo calçado valeria R$ 138,00 cinco anos depois, de acordo com a inflação medida pelo IPCA.

Isso quer dizer que os mesmos R$ 100,00 não valem mais o mesmo produto, sendo necessário pagar 38% a mais para manter o padrão de consumo. Quando a receita não aumenta em ritmo igual ao da inflação, acaba ocorrendo a perda do poder de compra.

Em momentos de inflação generalizada, essa dinâmica reverbera por toda a economia, atingindo principalmente os mais pobres, segundo o BC, já que eles têm menos meios para se proteger desse “dragão”.

O aumento dos preços pode afetar o funcionamento da indústria. Entre as dificuldades que as empresas encontram, está o encarecimento das operações e a queda nas vendas gerada pela perda do poder de compra, lembra De Losso.

Nesse cenário, pode ocorrer uma diminuição da receita e, para equilibrar as contas, as organizações realizam cortes de gastos, incluindo a demissão de funcionários.

Além disso, um dos possíveis reflexos da alta da inflação é o aumento dos juros e, consequentemente, acesso mais difícil ao crédito. Braz afirma que um empresário pode desistir de pegar um empréstimo, seja para expandir o negócio ou apenas para conseguir se manter.

“Ao encarecer o crédito, há um desestímulo ao investimento na atividade produtiva, causando além de demissões a menor geração de empregos”, afirma o economista.

Menor crescimento da economia

De acordo com o Banco Central, a taxa básica de juros, a Selic, é o principal instrumento de política monetária para controlar a inflação. Através dela, a autoridade monetária é capaz de aquecer ou esfriar a economia, dependendo de como a inflação está se comportando.

A Selic é usada como base para outras taxas de juros no país, como empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. Por isso, quanto maior a Selic, mais caro o crédito fica no Brasil. Isso leva a população e as empresas a buscarem menos crédito, gastarem menos e investir mais em títulos públicos.

A união desses fatores geram um resfriamento na atividade econômica, e quanto menor a atividade menor é o crescimento da economia.

De Losso lembra que existem vários fatores que podem influenciar na economia, sendo necessário manter um equilíbrio entre todos os seus componentes para que a atividade continue avançando.

“O governo possui um grande papel nessa dinâmica. Se ele gasta mais e esse gasto não resulta em um aumento de produtividade, a inflação gerada nesse gasto não vai ser compensada. Se ele imprimir mais dinheiro para pagar a dívida, isso gera mais inflação e pode levar a uma recessão. Em uma recessão a atividade econômica é reduzida, e para arrecadar mais oi governo pode aumentar os impostos, mas se aumentar os tributos os produtos ficam mais caros e isso vai virando uma bola de neve. Então, é preciso manter um equilíbrio para que nada fuja do controle”, afirma.

A deflação é o fenômeno que caracteriza a queda do preço dos bens e serviços de modo contínuo e pode acarretar problemas para economia.

Um micro empresário, por exemplo, vai pagar R$ 100 por um lote de camisa. Se os preços estiverem caindo, esse lote custará R$ 95 se a deflação anual for de 5%. O fenômeno acarretou em um prejuízo para o micro empresário.

Além disso, a atividade pode sofrer um recuo já que, sabendo que possivelmente os preços dos produtos vão continuar caindo, a população e as companhias deixam de comprar visando o menor preço.

O ideal é que a inflação permaneça estável e dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.

O Brasil já passou por um período de “hiperinflação”, entre a década de 80 e início dos anos 90, com os preços subindo descontroladamente. Em 1993, a inflação anual atingiu a sua máxima histórica, de 2.477,15%, já a maior variação mensal ficou para março de 1990, que avançou 135.422,77%.

Porém, essas variações extremas se encerraram após a implantação do Plano Real, em 1994. Apenas quatro anos depois, o índice de preços subiu somente 1,65% no acumulado anual, o menor patamar desde então.

Toda essa movimentação foi registrada pelo IPCA, criado em 1979. De acordo com o IBGE, é realizado um levantamento mensal, em 13 áreas urbanas do país, de, aproximadamente, 430 mil preços em 30 mil locais para obter a variação do índice de inflação.

Veja abaixo a variação acumulada do IPCA em cada ano desde a criação do Plano Real:

IPCA anual

1995-2023

Fonte: IBGE

[Fonte Original]

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