As projeções sobre uma alta de 1 ponto percentual para a Selic prevaleceram. Nesta quarta-feira (11), o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por elevar a taxa básica para 12,25% a.a.. Boa parte do mercado já precificava uma elevação expressiva, como mencionado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Na sessão, as taxas dos contratos futuros de juros de curto prazo fecharam em alta, com DI para janeiro de 2025 em 12,009% ante 11,96% no ajuste anterior. Mas, no longo prazo, a visão de investidores era otimista, em especial pela tramitação do pacote fiscal no Congresso. Dentre os contratos mais longos, as taxas recuavam.
Com a elevação desta noite e a sinalização de mais cortes pela frente, analistas afirmam que a postura do Copom indica piora nas expectativas de inflação somada à resistência de inflação corrente e preocupação com risco inflacionário gerado por câmbio.
“O Banco Central reage a um cenário adverso e, como a própria autoridade monetária sinalizou, existe muito mais certeza desse cenário adverso, portanto uma ação contundente que procura reforçar o compromisso com o sistema de metas”, afirma economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani.
Uma prévia da reação de amanhã da Bolsa brasileira pode ser considerada com a movimentação do MSCI Brazil Capped ETF (EWZ), principal ETF (fundo de gestão passiva) atrelado à Bolsa brasileira e negociado na Bolsa de Nova York – mas devendo ser considerada a menor liquidez.
Em primeiro momento, o índice (que encerrou o dia com alta de 2,71%) permanecia estável. Às 20h32 (horário de Brasília), no entanto, o ativo subia 1,19%, a US$ 26,82, no after market.
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A movimentação do índice corrobora com a visão do economista, que entende que dificilmente a decisão prejudicaria mercados. Mas também não seria favorável para a Bolsa na sessão de amanhã, já que traz um choque monetário para o panorama.
“Choque monetário não é bom para crescimento, não é bom para o valor eixo das empresas. Eu acho que esse movimento não resgata sozinho a confiança da política econômica. Então eu diria que a Bolsa não vai recuperar terreno por conta disso”, considera.
Para outros especialistas, a decisão de hoje e o comentário que a acompanhou poderiam garantir otimismo para o mercado. A visão de Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, considera que o movimento foi sinalização forte. Isso poderia causar reação positiva no mercado, com queda de juros nas curvas mais longas e apreciação da moeda brasileira.
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“O Banco Central responde de forma contundente à desancoragem de expectativas, reafirmando seu compromisso com a meta de inflação. É uma decisão que tende a ser bem recebida pelo mercados pelo compromisso com a meta”, afirma Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.