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quinta-feira, janeiro 2, 2025

Gripe aviária: amostras genéticas de paciente muito doente comprovam mutações ‘preocupantes’

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Depois que uma pessoa no sudoeste da Louisiana foi hospitalizada com um caso grave de gripe aviária, o primeiro desse tipo relatado nos Estados Unidos, profissionais de saúde coletaram amostras do nariz e da garganta dessa pessoa em busca de pistas genéticas sobre o vírus.

Na quinta-feira (26), autoridades federais de saúde relataram resultados preocupantes. Algumas das amostras genéticas continham mutações que, teoricamente, poderiam ajudar o vírus da gripe aviária, H5N1, a infectar pessoas com mais facilidade.

Uma dessas mutações foi relatada no mês passado em uma amostra viral retirada de um adolescente com um caso grave de gripe aviária na Colúmbia Britânica, no Canadá. O adolescente precisou de ventilação mecânica durante uma longa hospitalização.

Embora esses casos graves sejam preocupantes, o novo relatório sobre o paciente da Louisiana trouxe algumas descobertas tranquilizadoras, segundo cientistas.

Por um lado, as mutações pareceram se desenvolver à medida que o vírus se adaptava ao hospedeiro humano. As mudanças genéticas não estavam presentes em amostras de H5N1 provenientes de um grupo de aves de quintal que infectou o paciente, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Isso sugere que os vírus na natureza ainda não adquiriram as mutações preocupantes. Contudo, cada caso humano adicional dá ao H5N1 mais oportunidades de se adaptar às pessoas, potencialmente tornando-o mais capaz de se espalhar de uma pessoa para outra.

Esse risco aumenta ainda mais com a continuação da temporada de gripe. Em alguém infectado tanto pelo H5N1 quanto pelo vírus da gripe sazonal, os vírus podem trocar genes, potencialmente tornando a gripe aviária capaz de se espalhar entre pessoas tão eficientemente quanto a gripe sazonal.

— Se há tantas pessoas sendo infectadas, isso oferece muitas oportunidades para o vírus se adaptar melhor — diz Angela Rasmussen, virologista da Vaccine and Infectious Disease Organization na Universidade de Saskatchewan, no Canadá, ao se referir à gripe aviária.

Segundo a pesquisadora, o vírus tem o potencial de realmente prejudicar muitas pessoas. Dezenas de pessoas nos Estados Unidos contraíram gripe aviária este ano, a maioria delas por meio de vacas ou aves infectadas. O vírus ainda não é capaz de se espalhar facilmente entre humanos, e produtos lácteos pasteurizados continuam seguros para consumo.

No entanto, o surto em gado leiteiro e aves gerou um estado de emergência na Califórnia e um aumento nos preços dos ovos em todo o país.

Autoridades agrícolas do Oregon relataram esta semana que um gato doméstico contraiu gripe aviária e morreu após comer comida congelada de peru cru contaminada com o vírus.

A Northwest Naturals, empresa de alimentos crus para animais que produziu a comida contaminada, anunciou na terça-feira o recolhimento de um lote de sua receita de peru para gatos, que testou positivo para o vírus.

Não está claro como o paciente da Louisiana está se recuperando. Uma porta-voz do Departamento de Saúde da cidade se recusou na sexta-feira a responder perguntas sobre a condição da pessoa. Também não se sabe em que momento da hospitalização as amostras foram coletadas.

As mutações observadas no paciente podem ajudar o vírus a infectar mais facilmente células no trato respiratório superior, concluíram investigadores do CDC. No entanto, as mutações foram encontradas nos estágios finais da infecção e não ocorreram com frequência nas amostras genéticas.

Os cientistas do CDC descreveram as mutações como “preocupantes” na atualização publicada no site da agência. Mas, acrescentaram, “essas mudanças seriam mais preocupantes se encontradas em hospedeiros animais ou nos estágios iniciais da infecção (por exemplo, dentro de alguns dias após o início dos sintomas), quando essas mudanças poderiam facilitar mais facilmente a disseminação para contatos próximos”.

O CDC afirmou que não encontrou evidências de que o vírus tenha se espalhado do paciente na Louisiana para outras pessoas. Além disso, as mutações encontradas nas amostras podem não ser suficientes, por si só, para permitir que o vírus se espalhe entre humanos.

— O H5N1 precisa não apenas ser capaz de se ligar e entrar nas células humanas — explica Rasmussen. — mas também de se replicar e liberar novos vírus dentro do corpo.

Autoridades federais de saúde disseram que os vírus do paciente da Louisiana estavam intimamente relacionados aos chamados vírus candidatos que os fabricantes já têm disponíveis para a produção de vacinas contra gripe aviária.

Rasmussen questiona por que essas vacinas ainda não estão sendo oferecidas a grupos de pessoas, como trabalhadores rurais, que correm maior risco de contrair infecções que podem levar à mutação do vírus.

— A única maneira que acho bastante eficaz para reduzir o número de infecções humanas seria vacinar pessoas com alto risco de exposição — diz ela.

Referindo-se à descoberta de que os vírus candidatos às vacinas provavelmente são eficazes, a Dra. Rasmussen afirmou:

— De que adianta essa informação se não temos um plano para usá-la?.

[Fonte Original]

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