Enquanto o mundo se enche de temores em torno da inteligência artificial, os avanços trazidos pela tecnologia já se fazem sentir em diversas áreas. Em nenhuma, talvez, seu impacto positivo seja tão eloquente quanto na medicina. Sistemas de IA têm significado diagnósticos melhores, mais rápidos e mais baratos.
Os benefícios para os pacientes são inequívocos em diversas especialidades médicas. A tecnologia tem permitido diagnósticos mais precoces de câncer e outras doenças, tornando o tratamento mais eficaz. Também é possível saber mais cedo se lesões ou tumores são benignos, evitando biópsias desnecessárias. Diagnósticos melhores e mais rápidos permitem que os médicos tenham mais tempo para interagir com os pacientes, explicar-lhes o tratamento e analisar outros aspectos dos casos. Deixam de ser surpreendidos por reações imprevistas aos tratamentos.
Hoje as estimativas de erros de diagnóstico giram em torno de 6% do total, e desses perto de 5% resultam em morte ou sequelas permanentes nos pacientes. O uso de IA será decisivo para melhorar tal desempenho. Hospitais que usam IA no diagnóstico de derrames cerebrais têm economizado 40 minutos até o atendimento cirúrgico do paciente, tempo que pode significar a diferença entre a vida e a morte.
A análise de imagens de colonoscopia por softwares de IA cortou pela metade os erros em diagnósticos de lesões potencialmente cancerígenas, constatou pesquisa de 2022 feita por várias instituições científicas americanas. Uma revisão recente de estudos sobre possíveis casos de câncer de pele demonstrou que diagnósticos feitos com ajuda da IA são mais precisos. Outra pesquisa, sobre câncer de mama, demonstrou que a carga de trabalho dos radiologistas caiu 68% graças à IA.
Um estudo de um hospital de Boston constatou que médicos também se saem melhor nos diagnósticos ao usar robôs de IA similares ao ChatGPT. O próprio robô pode se sair melhor sozinho. No estudo, obteve taxa de acerto de 90% nos diagnósticos, ante 76% com a participação de médicos e de 74% sem o uso da IA. Isso não significa que o médico deva ser substituído por uma máquina. Mas certamente a IA propiciará a reeducação dos profissionais para lidar melhor com os próprios erros quando confrontados com as opiniões divergentes de robôs especializados.
Outro campo beneficiado é a pesquisa médica. O AlphaFold2, IA desenvolvida pelo Google, tem sido usado para simular e decifrar as proteínas que governam todas as atividades do organismo humano. Os avanços obtidos no século passado levavam anos de trabalho duro. Com a IA, as pesquisas ganham velocidade e resultam em tratamento mais rápido para várias doenças. A medicina demonstra que, em vez de temer a nova tecnologia, deve-se tratar de aplicá-la em benefício de todos, da forma mais transparente possível.