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quarta-feira, fevereiro 5, 2025

Crítica | O Menino Maluquinho, de Ziraldo – Plano Crítico

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“Todo lado tem seu lado
Eu sou o meu próprio lado

E posso viver ao lado 

Do seu lado, que era meu.”

As obras de Ziraldo são consideradas clássicos da literatura brasileira, pois o autor conseguiu a maestria de representar – por meio lúdico – características brasileiras nas histórias, como a infância antes das telas digitais. E nada melhor do que ter um personagem importantíssimo para retratar essa vida de brincar na rua com os amigos, em que o tempo para O Menino Maluquinho é uma verdadeira criança, ou seja, ele não se esgota, simplesmente torna-se “infinito” na imaginação fértil do personagem homônimo protagonista. Na história, conhecemos o cotidiano de uma criança peralta, divertida, inteligente, saudável e um tanto maluquinha, porém, ao mesmo tempo, ele é amado e querido por todos a volta dele, como os amigos e os familiares. Embora na escola ele tire boas notas em todas as matérias, no quesito “comportamento”, ele deixa a desejar, sempre repleto de boas ideias e travessuras com os colegas de sala, principalmente com as meninas, todas elas encantadas e apaixonadas pelo criador de versinhos amorosos.

No livro, há mais desenhos do que textos, mas isso não é nenhum demérito, pois ao ler sobre as peripécias do esperto garotinho, juntamente aos belos traços de Ziraldo, podemos visualizar e nos encantar com o Maluquinho, ainda mais que a obra é voltada principalmente para o público infantil. Em seu escrito, texto e desenho se completam e, em virtude disso, o cartunista Ziraldo conseguiu retratar a infância de uma forma poética, sensível, delicada e, também, profunda, fazendo com que as então crianças dos anos de 1980 e de 1990 – agora adultos – consigam mostrar a obra para os seus filhos e os seus sobrinhos, sendo, dessa maneira, um clássico atemporal para toda a família brasileira. Inclusive, em 1981 e em 1986, Ziraldo foi agraciado com o Prêmio Jabuti de Literatura e com o Prêmio Lourenço Filho, respectivamente, comprovando que o sucesso foi exponencial, isto é, o reconhecimento vai além dessas premiações citadas, já que até os dias atuais as pessoas conseguem reconhecer o personagem por intermédio da visualização dos traços desenhistas de Ziraldo.

O autor conseguiu de forma excepcional retratar a melhor fase das nossas vidas que é a infância, na qual podemos ser quem realmente somos ou imaginar quem podemos ser, repleto de brincadeiras e de atividades com os amiguinhos. Seja jogando futebol, seja desenhando um mapa: qualquer afazer era pura diversão para o garotinho que conseguiu ser encantador, não tendo medo de viver a infância ao máximo, gastando energia e sendo livre para ser um garoto feliz. Além disso, o nosso Maluquinho adorava passar um tempo na casa dos avós, principalmente nas férias, e, mesmo que ele aprontasse e se machucasse em virtude disso, sempre teria o colo acolhedor para ampará-lo, como o da vovó, a qual fazia guloseimas e mais guloseimas para o netinho tão querido e amado. Outra característica singular é o fato de o garoto peralta encontrar tempo para tudo em seu dia a dia. Tempo para ler, tempo para brincar, tempo para criar baderna: ele conseguiu controlar o tempo e colocá-lo até um certo período a seu favor, entretanto, conforme o tempo foi passando (literalmente), ele cresceu e, infelizmente, não conseguiu mais controlá-lo, uma vez que o tempo passa de forma natural para qualquer pessoa, transformando-o, assim, em um cara legal, “(…) mas um cara legal, mesmo! (…)”.

Todos esses aspectos positivos só foram marcantes, porque Ziraldo criou uma história de um menino que, apesar de aprontar travessuras, era um menino feliz, criado com muito amor pela sua família. Em virtude do enorme sucesso, além das histórias em quadrinho, em 1995, a obra ganhou as telas de cinema com o inesquecível Menino Maluquinho – O Filme. O longa foi protagonizado por Samuel Costa, com a famosa panela na cabeça e o paletó azul – tendo ainda os mesmos versinhos do livro -, sendo, dessa forma, também uma obra-prima atemporal, encantando crianças, pais e avós. Já em 1998, o primeiro longa ganhou uma continuação intitulada Menino Maluquinho 2 – A Aventura, a qual passava-se no interior de Minas Gerais (MG), mas, infelizmente, ela não obteve um grande sucesso para ser relembrada pelos fãs do menino arteiro. Por fim, em 2006, a obra ainda teve uma versão em série televisiva, com Um Menino Muito Maluquinho, em que ele interagia por meio de um diálogo entre protagonista e telespectador em três períodos da vida: a infância, a pré-adolescência e a fase adulta.

Portanto, em O Menino Maluquinho –  lançada em 1980, mais especificamente dia do aniversário do autor, em 24 de outubro, quando ele completou 48 anos de idade – Ziraldo conseguiu retratar o melhor da infância brasileira sem telas televisivas e celulares, em uma época que, apesar de não voltar mais, nos emociona com boas lembranças para quem vivenciou as mesmas atividades do Maluquinho e, justamente por isso, tornou-se um fenômeno editorial brasileiro, contendo um aspecto de poesia várias partes do textos, com rimas e frases engraçadas. Todavia, uma pergunta que nunca foi respondida por Ziraldo, seja no livro, seja nas adaptações – conforme eu também relembrei na Crítica do primeiro filme -, e que me causa uma curiosidade tremenda é: qual é o verdadeiro nome do Menino Maluquinho? Alguém arrisca um palpite? 

O Menino Maluquinho (Brasil, 1980)
Autor: Ziraldo Alves Pinto
Ilustrações: Ziraldo Alves Pinto
Editora: Melhoramentos
Páginas: 112



[Fonte Original]

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