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sábado, janeiro 11, 2025

Canadá prepara ampla retaliação tarifária se Trump iniciar guerra comercial

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O Canadá está elaborando planos para impor tarifas extensivas contra produtos americanos se Donald Trump cumprir sua ameaça de aplicar tarifas de 25% sobre produtos canadenses. A informação é de fontes a par do assunto.

Os planos preliminares do governo canadense para uma retaliação comercial vão além de uma lista restrita de itens fabricados nos EUA que receberam tarifas punitivas durante uma disputa em 2018, segundo autoridades do governo.

Na época, o Canadá mirou certos produtos, como o uísque bourbon feito no Kentucky, que são exportados para o Canadá a partir de redutos republicanos nos EUA. A disputa comercial terminou depois que EUA, México e Canadá chegaram a um acordo sobre um pacto comercial regional revisado.

Desta vez, muitos desses mesmos produtos seriam atingidos novamente pelas contramedidas canadenses, juntamente com itens como o suco de laranja da Flórida, lar de Trump e algumas autoridades republicanas. Mas o governo de Justin Trudeau também está se preparando para ir muito além se necessário, segundo disseram as autoridades, que falaram sob a condição de permanecer no anonimato. Uma lista que está circulando internamente inclui praticamente todos os produtos que os EUA exportam para o Canadá, segundo disse uma autoridade, com o objetivo geral de aplicar tarifas “dólar por dólar”.

Uma segunda autoridade disse que no pior cenário — Trump impondo tarifas sobre todas as exportações canadenses para os EUA —, pode não ser viável igualar totalmente o valor. Mas o governo de Trudeau está examinando todas as opções para dificultar as opções para os exportadores americanos, disse a autoridade.

A resposta do Canadá, ressaltaram essas autoridades, dependerá do que Trump realmente fizer quando assumir o cargo. Acima de tudo, o governo Trudeau ainda espera evitar uma guerra comercial e tem afirmado que está levando a sério as preocupações dos EUA com a segurança na fronteira.

A entrevista coletiva concedida pelo presidente eleito dos EUA na terça-feira, na qual ele ameaçou usar a “força econômica” contra o Canadá e mais uma vez sugeriu que o país deveria ser o 51 Estado americano, provocou uma forte reação no Canadá e no governo de Trudeau. Trump pode não conseguir anexar o Canadá, mas pode infligir graves danos em uma relação comercial bilateral avaliada em mais de US$ 900 bilhões em bens e serviços por ano.

Em uma entrevista à CNN na quinta-feira, Trudeau disse que a conversa de anexação de Trump visa desviar o foco das consequências econômicas negativas de seu plano de tarifas, como o aumento dos preços para o consumidor.

“O que acho que está acontecendo é que o presidente Trump, que é um negociador muito habilidoso, está tentando distrair as pessoas com essa conversa”, disse o premiê. Trudeau deverá deixar o cargo em março, após decidir que não vai liderar o Partido Liberal nas próximas eleições.

O Canadá é o maior comprador nacional de produtos dos EUA, tendo importado cerca de US$ 320 bilhões nos primeiros 11 meses do ano passado – um pouco menos do que a União Europeia, que comprou US$ 341 bilhões. O déficit comercial dos EUA em bens com o Canadá foi de US$ 55 bilhões no mesmo período, segundo o Departamento do Comércio dos EUA.

Mas tarifas retaliatórias também puniriam a economia canadense, aumentando os custos para as famílias e empresas em um momento que ainda se recuperam de um choque inflacionário.

Sob uma tarifa de 25% imposta pelos EUA, o PIB canadense sofreria um golpe de até 3,8%, segundo cálculos de economistas do Bank of Nova Scotia. Se o Canadá optar por uma “retaliação total”, isso custaria até 5,6% do PIB, embora fosse levar alguns anos para esse impacto se acumular.

“O impacto no PIB será maior se retaliarmos, do que se não fizermos isso. É claro que esse é um custo que vale a pena pagar, uma vez que a retaliação também aumentaria o custo econômico para os EUA”, disse Trevor Tombe, professor de economia da Universidade de Calgary.

“O presidente Trump prometeu políticas tarifárias que protegem os fabricantes e trabalhadores dos EUA das práticas injustas de empresas e mercados estrangeiros”, disse Brian Hughes, um porta-voz da equipe de transição de Trump. “Como fez em seu primeiro mandato, ele implementará políticas econômicas e comerciais para tornar a vida mais acessível e próspera para a nossa nação.”

Assessores de Trudeau vêm discutindo se devem publicar uma lista de potenciais tarifas antes da posse de Trump. Mas ainda há um alto grau de incerteza sobre o que o presidente eleito está de fato preparado para fazer, de modo que o rascunho da lista de retaliação poderá não sair até que Trump revele seu curso de ação, disseram autoridades.

Outra opção examinada pelo governo de Trudeau é usar impostos de exportação sobre commodities estratégicas como o petróleo, o urânio e o potássio. Essa seria uma medida extrema, mas exerceria uma pressão imediata sobre os preços da energia nos EUA.

Autoridades canadenses esperam que, mesmo que Trump não vá até o fim com a ideia de impor tarifas generalizadas, ele ainda tentará conter as exportações canadenses de alguma forma. Isso poderá incluir uma nova investida contra a indústria siderúrgica, que foi o motivo do conflito comercial de 2018.

A mais recente pressão do lobby siderúrgico americano por tarifas tem se concentrado mais no suposto transbordo de aço para os EUA através do México que, segundo as principais siderúrgicas, estaria reduzindo artificialmente os preços e prejudicando a indústria nacional. O Canadá não tem sido alvo das mesmas críticas.

Um ponto de discórdia entre os defensores de medidas protecionistas no comércio de alumínio é que os exportadores canadenses de alumínio para os EUA – principalmente a Rio Tinto e a Alcoa — estão lucrando com um acréscimo de 10 centavos por libra nos custos de transporte e logística.

O Canadá não é um grande produtor mundial de aço. Um de seus maiores produtores, a Stelco Holdings, recentemente foi adquirida pela Cleveland-Cliffs, uma siderúrgica americana cujo executivo-chefe, Lourenço Gonçalves, é considerado um aliado de Trump.

[Fonte Original]

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