A ilha também funcionou como um espaço de defesa sanitária em dois momentos. Em 1855, durante uma epidemia de cólera, navios passavam por uma quarentena no local antes de chegarem em Belém. Já em 1903, em uma epidemia de peste bubônica, tornou-se uma estação sanitária, com desinfetórios para embarcações.
A história científica de Tatuoca teve início em 1917. Na época, começaram a ser realizadas medições do campo magnético na margem equatorial brasileira, região que receberia um experimento durante um eclipse para comprovar a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein.
De acordo com o professor da UFPA Cristiano Mendel, a região da costa do Pará e entorno da ilha chegou a ser cogitada para receber as observações do eclipse, mas foi descartada devido à grande presença de nuvens – as medições acabariam sendo realizadas em Sobral, no Ceará, em 1919, chefiadas pelo Observatório Nacional.
Depois, em 1933, a ilha recebeu uma estação magnética temporária. Até que, em 1957, foi criado o Observatório Magnético de Tatuoca pelo Observatório Nacional, unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). “É a estação científica mais antiga em funcionamento ininterrupto na Amazônia”, destacou Mendel.
Na época, o Observatório Nacional já havia criado o Observatório Magnético de Vassouras, a 120 quilômetros da cidade do Rio de Janeiro, que funciona continuamente desde 1915. Hoje, além dessas duas estruturas, o Brasil também possui uma rede de 175 estações de repetição, onde são realizadas medições a cada cinco anos.
Fenômenos sobre o Brasil
Tatuoca ocupa uma posição estratégica para monitorar o equador magnético, região onde o campo magnético da Terra é paralelo à superfície. Nessa área, uma bússola não possui inclinação vertical, mas permanece alinhada paralela ao solo.