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sábado, janeiro 4, 2025

Mudanças climáticas: como será o clima no Brasil nas próximas décadas?

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Muitos eventos climáticos extremos (como secas severas, ondas de calor, enchentes e tempestades intensas) já estão afetando o Brasil e devem se intensificar nas próximas décadas. Esta previsão, feita no relatório “Mudança do Clima no Brasil”, está diretamente relacionada ao aquecimento global. 

Segundo o documento, nosso país tem experimentado um aquecimento sem precedentes nas últimas seis décadas, com algumas regiões registrando aumentos de temperatura que chegam a 3 °C acima da média global nas temperaturas máximas diárias. O número de dias com ondas de calor aumentou de forma dramática, saltando de sete para 52 dias entre o início da década de 1990 e o começo da década atual.

Lançado em novembro, o estudo é um recorte para o Brasil do último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e de outros estudos científicos atuais, e resultou de uma parceria entre o Ministério de Ciência, Tecnologia e Informação, Rede Clima, WWF-Brasil e Instituto Alana.

Exposição socioeconômica a impactos do clima no Brasil

As secas de 2023 afetaram rios da bacia amazônica. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

O AR6 do IPCC publicado entre 2021 e 2022 mostrou que, entre 2010 e 2020, a mortalidade por desastres naturais foi 15 vezes maior em regiões vulneráveis quando comparada às mais resilientes. Em 2010, situações de calamidade pública em Pernambuco e Alagoas causaram 20 mortes, deixaram 30 mil desabrigados e geraram prejuízos de US$ 1 bilhão.

Segundo este órgão da ONU, eventos climáticos extremos causaram perdas de US$ 3,8 trilhões ao setor agropecuário global entre 1991 e 2021. No Brasil, a seca na região Sul (2019-2020) causou prejuízos de R$ 13,4 bilhões na agricultura, enquanto as regiões Sul e Centro-Oeste perderam US$ 15,3 bilhões na safra 2022-2023.

As secas extremas ocorridas em 2023 afetaram rios da bacia amazônica, e isolaram comunidades ribeirinhas e indígenas. Populações vulneráveis, aí incluídos pequenos agricultores e comunidades tradicionais, são geralmente as mais impactadas pelas mudanças climáticas. Isso ficou evidenciado entre 2014 e 2016, quando, mesmo com aumento das chuvas, a população da região sudeste enfrentou uma séria crise hídrica.

Projeções das mudanças climáticas na saúde e economia

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Habitantes de grandes cidades poderão ficar expostos à escassez de água. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Segundo o IPCC, as projeções para 2050 indicam que, se o aquecimento global atingir 2 °C, os impactos na saúde humana e agricultura serão significativos. Nesse cenário, a população afetada por enxurradas no Brasil aumentará entre 100 e 200%, e doenças transmitidas por vetores, como os da dengue e malária, aumentarão o número de mortes.

A Amazônia, por exemplo, deverá perder 50% da cobertura florestal pela combinação de desmatamento, condições mais secas e aumento dos incêndios. O fluxo dos rios será reduzido, a seca afetará vários estados do norte do Brasil, e os estoques pesqueiros poderão cair em 77%, com redução de 30% a 50% dos empregos no setor. A região nordeste, que abriga quase 55 milhões de pessoas, poderá ter 94% do território transformado em deserto.

Habitantes de grandes cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, poderão ficar expostos à escassez de água. Com base em um cenário de mais 2 °C, em 2050, 21,5 milhões de pessoas em áreas urbanas deverão ser afetadas tanto pela quebra do ciclo hídrico quanto pelo impacto nas safras.

Soluções propostas para os desafios do clima no Brasil

X. (Fonte: (Getty Images/Reprodução)
A cooperação internacional no financiamento climático é fundamental. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Para enfrentar esses desafios, os pesquisadores enfatizam a necessidade de manter o limite de aquecimento em 1,5 °C na temperatura global, e rever as políticas nacionais de redução de emissões. “As metas brasileiras não têm correspondido ao tamanho da redução das emissões que cabem ao país”, afirma o relatório.

Os ajustes imediatos recomendados pelo estudo incluem: zerar o desmatamento em todos os biomas, implementar programas de pagamentos por serviços ambientais, desenvolver agricultura de baixo carbono e adotar sistemas agroflorestais integrados. Outras saídas são a gestão integrada dos recursos hídricos e sistemas agrícolas resilientes.

Finalmente, o relatório destaca a cooperação internacional no financiamento climático, desenvolvimento e transferência de tecnologias limpas. No caso das áreas urbanas, o documento recomenda soluções baseadas na natureza, como aumento de áreas verdes e sistemas de drenagem natural, além de investimentos em transporte público de baixo carbono.

Mantenha-se atualizado com os últimos estudos sobre os impactos da crise climática no Brasil e no mundo, aqui no TecMundo. Até mais!

[Fonte Original]

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