Mais de um século depois da descoberta da múmia de Tutmés II, arqueólogos localizaram a tumba do faraó no Egito na região do Monte de Tebas, a oeste de Luxor, próxima ao Vale dos Reis. O achado marca a primeira sepultura real identificada no país desde a famosa descoberta do túmulo de Tutancâmon por Howard Carter, em 1922.
Tutmés II governou o país por um curto período, aproximadamente entre 1493 a.C. e 1479 a.C., uma época marcada por grandes conquistas militares, expansão territorial e construções monumentais. Apesar de ser menos conhecido que outros faraós da 18ª dinastia, como seu pai, Tutmés I, e seu filho, Tutmés III, sua tumba perdida há séculos despertava curiosidade entre os especialistas.
No século XIX, arqueólogos encontraram a múmia de Tutmés II no templo mortuário de Deir el-Bahari, mas não havia sinal de seu túmulo original. Acredita-se que ladrões o tenham saqueado na antiguidade, forçando sacerdotes a esconder os restos do faraó em outro local.
A entrada do túmulo foi localizada há três anos, mas os pesquisadores inicialmente pensaram que se tratava do sepulcro de uma esposa real. A confusão se explica porque a região abriga os túmulos de várias rainhas da época. No entanto, a descoberta de vasos de alabastro com o nome de Tutmés II mudou tudo. As inscrições também traziam o título “rei falecido”, confirmando a identidade do dono do túmulo.
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Descoberta reforça o papel dos faraós na construção do Egito Antigo
Embora a tumba tenha sido identificada, ela não está em bom estado de conservação. Os pesquisadores acreditam que uma inundação antiga danificou gravemente a estrutura e destruiu muitos dos objetos funerários. Ainda assim, fragmentos do Livro de Imydwat, um texto sagrado que descreve a jornada do deus do sol Rá pelo submundo, foram encontrados entre os escombros. Esse livro era um guia essencial para que os faraós alcançassem a vida após a morte.
Um aspecto curioso da descoberta envolve a faraó Hatshepsut, esposa de Tutmés II e uma das governantes mais influentes da história do Egito. Seu nome foi identificado dentro da tumba, o que levanta a hipótese de que ela tenha conduzido os ritos funerários do marido. Após a morte de Tutmés II, Hatshepsut assumiu o poder e governou por duas décadas. Seu enteado, Tutmés III, apagou seu nome dos registros históricos após conquistar o trono.
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Hoje, a múmia de Tutmés II está preservada no Museu Nacional da Civilização Egípcia, no Cairo. Já Hatshepsut foi enterrada no Vale dos Reis. A nova identificação da tumba de Tutmés II adiciona mais um capítulo à história dessa dinastia e reforça o papel dos faraós na construção do Egito Antigo.