O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou nesta sexta-feira (7) que a inflação dos alimentos é uma preocupação global, mas que o Brasil tem condições de responder ao problema e estabilizar os preços.
“O Brasil é um dos maiores produtores exportadores de alimentos do planeta e essa preocupação da segurança alimentar, de estabilidade de preço, é uma preocupação global. Inclusive, o Brasil é muito mais solução do que o problema nessa agenda”, afirmou o presidente do BNDES.
Mercadante ressaltou que um dos principais fatores que interferem no preço dos alimentos é a oferta. Ele disse que o Brasil se prepara para registrar uma safra recorde de grãos este ano, mas observou que a venda da safra está sujeita a desdobramentos geopolíticos, como a guerra comercial entre Estados Unidos e China.
“Se a China fizer um acordo com os Estados Unidos para vender mais alimentos deles [chineses], nós vamos ter restrições a nossas exportações. Se essa tensão China e Estados Unidos cresce, nós vamos ter que suprir uma parte da produção [chinesa] que, em alguns grãos, é concorrente do Brasil”, explicou.
O presidente do BNDES também destacou a influência do câmbio sobre o preço das commodities e defendeu o fortalecimento da agricultura familiar.
“Nós precisamos fortalecer mais a agricultura familiar porque a produção de produtos que são commodities é para onde o mercado tende a ir. Mas para colher mandioca, arroz, feijão, nós precisamos de mais participação do Estado e mais política pública”, defendeu.
Para Mercadante, o cenário de tensões internacionais e mudanças climáticas exige investimentos na infraestrutura de armazenagem do país, e o BNDES está se antecipando nesse sentido.
“Essa agenda é complexa e difícil, mas o Brasil tem todas as condições de ser um grande país produtor de alimentos. E olhar bastante para o mercado interno, para armazenagem, logística e estradas para a gente conseguir responder e dar estabilidade de preço”, afirmou.
O presidente do banco de fomento comentou o assunto durante coletiva com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, para anunciar a assinatura de acordos de cooperação entre o BNDES e o Estado.
Leite foi questionado por jornalistas sobre a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que sugeriu aos brasileiros evitarem alimentos mais caros, mas evitou comentar. “São muitas as variáveis que envolvem a questão do preço dos alimentos. Não me diz respeito avaliar manifestações em qualquer direção”, disse o governador.