O secretário de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse que o ritmo de expansão projetado para o setor de serviços caiu de 2,1% em 2024 para 1,9% em 2025. Segundo ele, a queda é reflexo da desaceleração da criação de novos postos de trabalho e redução no ritmo de concessões de crédito.
Para a atividade agropecuária, de acordo com a Fazenda, a projeção é de crescimento. O segmento teve revisão de queda de 3,2% para avanço de 6%. A previsão leva em consideração, além das atualizações do prognóstico de safra, os dados preliminares de abate para o quarto trimestre de 2024 e fenômenos climáticos recentes. A previsão de crescimento da indústria para 2025 foi revisada de 2,5% para 2,2%.
As afirmações foram feitas em entrevista coletiva na Fazenda.
Mello disse que a Fazenda já consegue observar dados que evidenciam a desaceleração da economia brasileira. Como exemplo, destacou o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de dezembro de 2024.
“A taxa de desligamento voluntário, que é uma proxy da geração de emprego, também tem uma queda expressiva nos últimos dois meses do ano de 2024 e os PMIs, assim como indicadores de confiança, têm apontado desde outubro para condição mais restritiva”, disse o secretário a jornalista em coletiva de imprensa na Fazenda.
Segundo ele, esse conjunto de informações mostra que uma economia que cresceu muito robusta, acima do esperado pela Fazenda e pelo mercado em 2024, tende a desacelerar em 2025. Contudo, será uma desaceleração gradual, diz Mello.
“Até porque nós teremos um cenário muito positivo para a agropecuária, muito concentrado no primeiro trimestre do ano. A safra brasileira de grãos deve ser uma safra recorde. A expectativa está em 325 milhões de toneladas”, disse o secretário.
Mello disse que atividade econômica “deve estar mais próxima da estabilidade” no segundo semestre deste ano. “Mas não enxergamos recessão técnica em 2025”, disse.
A recessão técnica acontece quando o Produto Interno Bruto (PIB) cai por dois trimestres seguidos em relação aos três meses anteriores, no cálculo já livre de fatores sazonais. O Ministério da Fazenda projeta alta de 2,3% para o PIB em 2025.
Mello disse que em 2025 haverá uma desaceleração na criação de novas vagas de trabalho no Brasil. “Ainda haverá um saldo positivo no mercado de trabalho, mas em ritmo menor”, destacou. “Isso porque, um dos setores que é mais demandante de trabalho, que o setor de serviço, deve crescer menos este ano”, disse. Segundo ele, o mercado de trabalho deve continuar dinâmico, mas menos pressionado.
Mello afirmou que os setores da economia que tendem a crescer neste ano “têm a característica de reduzir preços”. Na entrevista, Mello citou como exemplos dessas atividades a agropecuária e a produção de petróleo.
A agropecuária, especificamente, tende a gerar um “crescimento robusto” da economia no primeiro trimestre e “positivo” no segundo trimestre. Além disso, o desempenho do setor deve fazer com que a inflação de alimentos em 2025 seja menor do que em 2024.
O secretário também afirmou que o crescimento tanto da agropecuária quanto da produção de petróleo devem impulsionar as exportações neste ano, atuando como um dos fatores que tendem a valorizar o real na comparação com o fim de 2024.
De forma geral, ele destacou que as atividades mais sensíveis ao ciclo econômico tendem a desacelerar na comparação com o ano passado, enquanto as não cíclicas tendem a seguir caminho oposto e acelerar. Por fim, Mello afirmou que o crescimento do PIB previsto pela pasta para 2025, de 2,3%, “será mais próximo do PIB potencial” calculado pelo Ministério da Fazenda, na casa dos 2,5%.
Mello afirmou que o resultado primário do governo federal em 2025 será “determinado pelas receitas”, já que as despesas estão limitadas pelas regras fiscais.
“As receitas que precisam ser monitoradas para [avaliar] o cumprimento da meta”, disse.
A meta de resultado primário é de déficit zero para este ano, com intervalo de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) para cima ou para baixo.