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sexta-feira, fevereiro 7, 2025

Cartéis mexicanos planejam usar drones kamikaze em “guerra” contra agentes na fronteira dos EUA

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A crise na fronteira sul dos Estados Unidos atingiu nesta semana um novo nível de ameaça. Segundo a mídia americana, cartéis mexicanos, enfurecidos com o endurecimento das políticas de imigração e combate ao tráfico de drogas implementadas pelo presidente Donald Trump, estão planejando agora ataques diretos contra agentes da Patrulha de Fronteira e militares norte-americanos.

Um documento interno de inteligência – emitido pelo Centro de Inteligência e Operações do Setor de El Paso (EPT-IOC), no Texas, – e obtido por veículos de imprensa dos EUA, revelou que os líderes de cartéis poderosos que atuam no país vizinho autorizaram o uso de drones kamikaze equipados com explosivos para atingir e reprimir de forma brutal as forças de segurança dos Estados Unidos que foram deslocadas para controlar a situação na fronteira sul, que liga o território americano ao México.

Por causa desta descoberta, de acordo com informações do New York Post e do The National Desk, que tiveram acesso ao documento, um alerta de segurança – intitulado “Alerta de Segurança para Oficiais” – foi emitido pela Patrulha de Fronteira dos EUA orientando que todos os agentes americanos que atuam na região reforcem ainda mais as medidas de segurança, como fazer o uso contínuo de coletes à prova de balas e trabalhar com armamento de longo alcance. Além disso, o alerta também exige que armas de alta potência estejam “prontamente disponíveis” para uma resposta imediata contra os criminosos.

Agentes americanos já foram alvos de criminosos

Ao que tudo indica, os criminosos já começaram a intensificar seus ataques contra agentes dos EUA na fronteira. Na semana passada, oficiais da Patrulha de Fronteira foram alvo de disparos efetuados por traficantes mexicanos enquanto patrulhavam a região de Fronton, no Texas. O ataque ocorreu exatamente uma semana após a volta de Trump ao poder e o início da sua nova ofensiva contra a imigração ilegal e o crime organizado, marcada pela mobilização de milhares de soldados americanos que já estão reforçando a segurança da fronteira sul, local onde o republicano também declarou emergência nacional.

No dia de sua posse, Trump assinou um decreto classificando os cartéis e outras organizações criminosas transnacionais como grupos terroristas globais, o que permite aos EUA aplicar sanções econômicas, bloqueios financeiros e até realizar operações militares e de inteligência contra esses grupos. Entre os alvos da nova medida estão facções como Tren de Aragua (da Venezuela) e a Mara Salvatrucha (de El Salvador), que agora figuram na lista de Organizações Terroristas Estrangeiras (FTO) e Terroristas Globais Especialmente Designados (SDGT).

Essa designação significa ainda que qualquer pessoa ou entidade que fornecer “apoio material” aos cartéis pode ser processada por envolvimento com terrorismo.

Além disso, o presidente intensificou operações de deportação e prisão dos imigrantes ilegais criminosos que vivem nos EUA. Seu “czar da fronteira”, Tom Homan, afirmou à emissora Fox News que as medidas já causaram uma redução de 93% nos cruzamentos ilegais que estavam em curso fronteira com o México.

Ação nas redes sociais

Além da autorização para ataques com drones, criminosos vinculados aos cartéis também têm utilizado as redes sociais para incentivar imigrantes ilegais a sabotarem os agentes da imigração dos EUA. O site News Nation revelou que postagens no TikTok orientam imigrantes a cuspirem e urinarem em agentes do ICE [Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA] e até defecarem nos veículos oficiais dessas autoridades. Outros posts chegam a encorajar assassinos a atacarem policiais da fronteira.

O xerife Leon Wilmot, do condado de Yuma, no Arizona, alertou nesta semana que os cartéis mexicanos estão fortemente armados e preparados para confrontos diretos contra as forças dos EUA. Segundo ele, os criminosos do país vizinho possuem neste momento armamento superior ao das forças policiais mexicanas, incluindo coletes à prova de balas, veículos blindados e até arsenais de guerra.

“Eles controlam cada pedaço da fronteira no lado mexicano”, disse Wilmot à NBC, acrescentando que nenhum imigrante cruza para os EUA sem pagar aos cartéis pelo direito de passagem. Ele também confirmou que os criminosos já usam drones para transportar drogas para os Estados Unidos e que a nova tática de equipar essas aeronaves com explosivos é uma “ameaça real”.

México mobilizou tropas após pressão de Trump

A resposta de Trump à crise na fronteira não têm se limitado apenas a ações em solo americano. Como parte de um acordo firmado entre Washington e a presidente do México, Claudia Sheinbaum, os EUA suspenderam a aplicação de tarifas de 25% sobre produtos mexicanos em troca de um compromisso de combate ao tráfico e à imigração ilegal.

Como resultado, 10 mil soldados mexicanos foram deslocados nesta semana para reforçar a fronteira do país com os EUA e impedir o avanço de imigrantes e narcotraficantes. Sheinbaum declarou que o México está comprometido neste momento em impedir a entrada de fentanil e outras drogas nos EUA.

Além do México, o Canadá, que era o outro alvo de tarifas de 25%, também reforçou a segurança na fronteira norte dos EUA, aumentado a colaboração com a Casa Branca para evitar a entrada do fentanil, a droga sintética que tem matado milhares de pessoas, em solo americano. A medida, adotada pelo premiê Justin Trudeau após conversa com Trump, fez com que o novo governo americano também suspendesse as tarifas contra Ottawa.

Designação terrorista pode levar a ação militar direta

A decisão de Trump de rotular os cartéis e facções criminosas como terroristas abre um precedente que pode levar a intervenções militares americanas no México e outros países onde o crime prevalece. O professor Amalendu Misra, especialista em política internacional da Universidade de Lancaster, destacou que a medida amplia as possibilidades legais para que a Casa Branca realize operações armadas contra os criminosos, até mesmo fora dos EUA.

Em um artigo publicado no site The Conversation, Misra lembrou que, durante o primeiro governo Trump, em 2019, a Guarda Revolucionária do Irã foi completamente designada como organização terrorista e, menos de um ano depois, o poderoso general iraniano Qasem Soleimani foi eliminado por um ataque de drone americano em Bagdá, no Iraque. O especialista citou em seu texto que Trump não descartou uma ação semelhante contra os líderes dos cartéis mexicanos.

“No dia 20 de janeiro, enquanto assinava ordens executivas no Salão Oval, Trump foi questionado se enviaria forças especiais para enfrentar os cartéis mexicanos. ‘Pode acontecer. Coisas mais estranhas já aconteceram’, respondeu. No passado, Trump também aparentemente sugeriu um ataque com mísseis contra laboratórios de drogas no México”, escreveu Misra.

Como apontou no artigo o professor Misra, um breve histórico de intervenções militares diretas dos EUA na América Latina reforça essa possibilidade. Em 1989, o então presidente George H. W. Bush ordenou a invasão do Panamá para capturar o ditador Manuel Noriega, acusado de tráfico de drogas. A operação militar resultou na morte de centenas de soldados e civis panamenhos.

[Fonte Original]

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