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segunda-feira, fevereiro 3, 2025

Para Volvo CE, Brasil é Parte Essencial da Receita de Sucesso

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Divulgação/Volvo

O modelo A50, com dimensões entre os modelos A40 e A60, é a grande novidade da nova geração, mas não será produzido no Brasil

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Com climas constrastantes e mais de 11 mil quilometros as separando, a pequena vila de Braås, na Suécia, e a cidade de Pederneiras, no interior de São Paulo, parecem ter pouco em comum — mas, do ponto de vista econômico, não é bem assim. 

Braås e Pederneiras abrigam duas das 16 fábricas da Volvo CE espalhadas pelo mundo. Mas elas são as únicas que produzem os famosos (e revolucionários) caminhões articulados — peça fundamental para o funcionamento de setores como mineração, agronegócios, infraestrutura e mais. 

De forma resumida, um caminhão articulado é um veículo com duas partes conectadas projetado para funcionar perfeitamente em terrenos difíceis e de construção pesada. Sua estrutura é composta por dois elementos principais: a cabine motriz (responsável por tracionar o veículo e controlar a direção) e a caçamba basculante (capaz de carregar toneladas de material por desníveis e irregularidades sem desperdício de carga e de forma estável). 

Na semana passada (30), a empresa apresentou em Braås, na Suécia, a sua nova geração de articulados em um evento que contou com a presença da Forbes Brasil. Além de atualizar os seis modelos já existentes com softwares mais inteligentes capazes de prevenir acidentes, melhorar o conforto dos operadores de máquinas e reduzir em 15% o consumo de diesel, há também a adição de um novo modelo à família: o A50. 

Dos 7 veículos disponíveis, 5 deles serão fabricados no Brasil: o A25, A30, A35, A40 e A45. A justificativa para que os dois maiores não façam parte do portfólio nacional é o perfil das máquinas utilizadas na região e nos Estados Unidos. 

Uma revolução econômica

Para o público leigo e não familiarizado com o universo de máquinas pesadas, essa pode ser a história de apenas mais um item de canteiro de obras, mas não é bem assim. Inventado em 1966 pela companhia sueca e carinhosamente apelidado de “Gravel Charlie”, o “bisavô” dos caminhões articulados modernos foi uma verdadeira revolução econômica. 

Isso porque trabalhar em terrenos irregulares e difíceis costumava ser sinônimo de perdas e pouca eficiência operacional. Antes dele, operações em minas, florestas e grandes obras de infraestrutura dependiam de veículos menos adaptados a condições adversas, o que resultava em atrasos e altos custos de manutenção. 

O uso em larga escala dos caminhões articulados trouxe para as empresas redução de custos, maior eficiência e uma menor dependência de uma infraestrutura viária complexa. Assim, a execução de projetos de grande porte, como hidrelétricas, estradas e exploração mineral em larga escala, passaram a evoluir mais rapidamente. 

Embora a produção global não chega a casa das centenas de milhares o alto valor agregado dos veículos os transformam em uma das estrelas do portfólio da Volvo CE. Por mais que exista uma linha de montagem, as especificidades do modelo pedem uma fabricação quase artesanal, mais lenta do que se espera de máquinas mais simples. Apesar de a empresa sueca ter sido a inventora do conceito e ser a líder de mercado no setor, caminhões articulados também são produzidos por concorrentes como a Catterpilar e Komatsu — outros dois nomes fortes do setor de construção. 

Para Pederneiras, a existência desses veículos permitiu transformar a pequena cidade interiorana em um polo exportador relevante — atendendo não só o mercado latino-americano, mas também boa parte do sul global. No caso dos articulados, 80% de toda a produção é enviada para os Estados Unidos. 

“Pederneiras é uma parte importante da nossa presença global, sendo uma das principais fábricas. Ela permite que a gente fortaleça a nossa posição no Brasil e na América Latina, mercados que estão crescendo significativamente”, disse Melker Jernberg, presidente da Volvo CE Global, com exclusividade à Forbes Brasil.

Melker Jernberg, presidente da Volvo Construction Equipment Global

Melker Jernberg, presidente da Volvo Construction Equipment Global

Jernberg também fez questão de ressaltar que a unidade brasileira é a única da marca que têm uma linha de produção compartilhada para dois produtos. Ao contrário do que acontece em Braås, os caminhões articulados dividem espaço com carregadeiras. Além disso, a fábrica também produz componentes elétricos, carregadeiras de rodas de grande porte e compactadores de solo.

Levando em consideração todos os produtos fabricados na unidade paulista, 39% do total é enviado para a América do Norte, 6% para outros mercados na América Latina e 6% para regiões como África e Oceania. 48% do total produzido fica no próprio Brasil. Durante a pandemia, quando a fábrica sueca esteve fechada, a unidade de Pederneiras foi acionada para fornecer 50 caminhões articulados para o mercado europeu. 

“Eles [Pederneiras] são muito criativos e eficientes. Eu estou otimista quando ao desenvolvimento de toda a região. O Brasil é o maior mercado, mas o restante dos países também estão crescendo”, aponta Jernberg.

Essa confiança pode ser notada pelo compromisso da companhia com o desenvolvimento de suas plantas na região. Para o ciclo 2023/2025, o Grupo Volvo se comprometeu a investir R$ 1,5 bilhão na América Latina, em todas as suas linhas de negócio. 

Em termos de mercado, a América do Sul representa 4% das vendas anuais da companhia — o equivalente a aproximadamente R$ 2,13 bilhões. De acordo com o balanço consolidado de 2024, o mercado sul-americano foi o único a apresentar crescimento no ano passado (+5%). Segundo a companhia, o crescimento foi puxado por “melhorias” no Brasil.

Por que Pederneiras? 

A presença de linhas de produção tão importantes para o negócio global da Volvo no Brasil não é uma mera coincidência. Em entrevista à Forbes Brasil, Luiz Marcelo Daniel, presidente da Volvo CE Latin America, explicou que as vantagens competitivas de se manter a planta no local vão desde custos mais baixos de produção até o seu posicionamento estratégico devido aos seus modais logísticos de grande qualidade (como rodovias e portos). Em 2025, já com o início da produção da nova geração de articulados, a expectativa é de produzir 1.250 unidades para exportação.

“Hoje, a fábrica é estratégica para a nossa presença na América Latina, mesmo diante de oscilações econômicas. A produção local sempre foi um diferencial e, nos últimos três anos, a exportação ganhou ainda mais relevância, especialmente para mercados exigentes como os Estados Unidos e a Europa. Isso demonstra a alta qualidade dos produtos fabricados aqui no Brasil”, explica o CEO Latam. 

Para o próximo ciclo, o executivo segue enxergando no setor de commodities um espaço para crescimento da presença da Volvo no país. “Embora a demanda por determinadas commodities possa variar, o câmbio e os custos de produção continuam tornando o mercado atrativo. Mineração e agricultura são setores que estão em alta atualmente, com grande potencial de crescimento”, explica. 

Luiz Marcelo Daniel, presidente da Volvo CE Latin America

Divulgação/Volvo

Luiz Marcelo Daniel, presidente da Volvo CE Latin America

Segundo ele, o maquinário de construção é muito utilizado no setor agrícola para plantio, colheita e armazenamento — e o ano de 2025 deve ser marcado por mais uma supersafra. Em infraestrutura, há projeção de crescimento após a aprovação do marco do saneamento. Já no mercado de construção civil, a Volvo espera que a demanda continue alta devido ao déficit habitacional e à necessidade de renovação da infraestrutura. 

O bom humor dos executivos com o mercado latino-americano também está em sua vantagem competitiva enquanto uma alternativa mais sustentável de maquinário — uma vez que mineração, construção e infraestrutura são reconhecidamente segmentos altamente poluentes que precisam correr atrás de alternativas para alcançar as suas metas de descarbonização. 

Enquanto se prepara para a festa de 50 anos da fábrica brasileira, Daniel vê espaço para outros 50 anos de sucesso. 

“É um marco muito significativo. A fábrica de Pederneiras representa a maturidade da nossa operação no Brasil, com alta competitividade em qualidade e custos. Produzimos com o mesmo padrão das outras plantas globais e seguimos investindo em inovação e sustentabilidade. Estamos confiantes de que continuaremos crescendo nos próximos 50 anos”, conclui. 

*A repórter foi à Braås à convite da Volvo CE



[Fonte Original]

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