Quase um mês depois da posse de Donald Trump, os Estados Unidos conseguiram resultados expressivos em sua diplomacia, incluindo a contribuição no acordo de trégua entre Israel e Hamas, a recente libertação de prisioneiros americanos na Rússia e em Belarus e o início das negociações entre Washington e Moscou para o fim da guerra na Ucrânia.
O envolvimento direto da nova administração de Donald Trump nesses assuntos centrais para o cenário global indicou um estilo de liderança diferente do que foi visto durante o governo do democrata Joe Biden, que exerceu pressão sobre os alvos de conflito, sem conseguir efetivamente resultados imediatos.
Um ponto comum nos avanços atuais é o nome de Steve Witkoff, o enviado especial para missões no exterior e amigo de longa data de Trump.
Em conversa com o jornal Haaretz, um diplomata israelense sênior classificou o escolhido do presidente como “um homem de negócios que quer chegar a um acordo rapidamente e avança de forma incomumente agressiva” em suas negociações. Essa postura lhe rendeu notoriedade e o colocou como uma figura-chave da agenda de Trump para mudanças no cenário internacional.
Steve Witkoff é um investidor bilionário judeu do ramo imobiliário que fundou o Witkoff Group, no final da década de 1990. Desde esse período, seus negócios são focados nos EUA – em Nova York e Flórida – mas também foram ganhando espaço no Oriente Médio, especialmente no Catar, onde ele avalia oportunidades para futuros projetos.
“O Catar é impressionante”, disse Witkoff durante sua aparição num fórum econômico em maio do ano passado, acrescentando mais tarde que “o turismo está aumentando. Os hotéis aqui são magníficos. Quem não voltaria para esta região?”, ainda se referindo ao Catar.
Nova-iorquino de nascimento, o investidor se formou em direito na Universidade de Hofstra, em Long Island, em 1983. O início de sua carreira foi marcado pela atuação em um escritório de advocacia especializado em questões imobiliárias.
Alguns anos depois, fundou seu próprio negócio, acumulando milhares de imóveis durante um “boom” no setor, principalmente em sua cidade natal. A proximidade com o atual presidente dos EUA surgiu nessa época, visto que os dois tinham interesses em comum nos investimentos.
Durante o primeiro mandato, Trump contou com uma consultoria de Steve Witkoff em questões fiscais e tributárias. No mesmo período, o agora enviado especial elogiou a postura do republicano favorável à desregulamentação e à redução de impostos que, segundo ele, estimularam investimentos no setor imobiliário.
O bilionário, aliado de longa data do mandatário americano, também serviu no Great American Economic Revival Industry Group, uma “força-tarefa” criada por Trump durante seu primeiro governo, com o objetivo de reduzir o impacto econômico provocado pela pandemia. Ele também foi convocado para copresidir o comitê de posse de Trump neste segundo mandato.
Diante dos recentes resultados de Witkoff em relação a conflitos globais, espera-se que seu papel na administração republicana se expanda ainda mais. De acordo com o jornal Times of Israel, há relatos de que Trump planeja confiar a ele a condução de negociações relacionadas ao Irã, particularmente no que diz respeito ao programa nuclear de Teerã.
Outra possível participação do enviado especial dos EUA envolve a proposta de Trump para a reconstrução de Gaza, com Washington assumindo o controle do enclave palestino para desenvolver a “Riviera do Oriente Médio”.
Nesse sentido, Steve Witkoff, um investidor imobiliário, pode desempenhar um papel no fortalecimento dos laços dos EUA com aliados do Golfo, por meio de parcerias econômicas mais profundas.