Crédito, ISAAC FONTANA/EPA-EFE/REX/Shutterstock
- Author, Simone Machado
- Role, Da BBC News Brasil em São José do Rio Preto (SP)
Relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) aponta que este já é o sexto acidente aéreo com vítimas fatais registrado no Brasil este ano.
Aviões particulares, de pequeno porte, como o do empresário, estão envolvidos em muito mais acidentes fatais do que as frotas de aeronaves maiores.
Ainda de acordo com o levantamento do órgão, em 2024 foram registrados 44 acidentes aéreos com vítimas fatais no Brasil, esse número é o maior desde 2016, quando 45 ocorrências desse tipo foram registradas.
Consequentemente, o número de mortes também aumentou. A queda do avião da VoePass, em Vinhedo, em que 62 pessoas morreram, fez com que o número de mortos em 2024 em acidentes aéreos fosse de 152 vítimas, o maior desde 2015, quando começou a série histórica com os dados do Cenipa.
![Imagem de drone mostra pessoas inspecionando o local onde avião caiu na Avenida Marques de São Vicente, em São Paulo](https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/240/cpsprodpb/9574/live/f0afeb90-e575-11ef-a819-277e390a7a08.jpg.webp 240w, https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/320/cpsprodpb/9574/live/f0afeb90-e575-11ef-a819-277e390a7a08.jpg.webp 320w, https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/480/cpsprodpb/9574/live/f0afeb90-e575-11ef-a819-277e390a7a08.jpg.webp 480w, https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/624/cpsprodpb/9574/live/f0afeb90-e575-11ef-a819-277e390a7a08.jpg.webp 624w, https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/800/cpsprodpb/9574/live/f0afeb90-e575-11ef-a819-277e390a7a08.jpg.webp 800w)
Crédito, REUTERS/Tuane Fernandes
Causas mais comuns são falhas humanas
Além disso, os dados apontam que mais da metade dos acidentes não foram causados por problemas na aeronave ou no aeroporto, mas sim por questões humanas.
O levantamento aponta que 33,33% das ocorrências foram causadas por fator humano relacionado ao aspecto psicológico, que engloba percepção do risco, fadiga, estresse e até mesmo cultura organizacional.
“Ele faz parte do fator contribuinte ‘Fator Humano’, que está relacionado ao complexo biopsicossocial do ser humano. Então, temos questões relacionadas a buscar a compreensão dos condicionantes individuais, psicossociais, organizacionais e sociotécnicos do desempenho do indivíduo que por ventura venha a contribuir em uma ocorrência aeronáutica, compondo o processo de decisão como atitude, percepção e atenção”, explica Joselito Paulo, diretor Presidente da Associação Brasileira de Segurança de Aviação (Abravoo).
Outras 33,33% das ocorrências com morte tiveram como motivação o desempenho técnico do ser humano. Nessa categoria estão englobados indisciplina de voo, problemas na manutenção da aeronave, julgamento de pilotagem, aplicação de comandos, supervisão gerencial e planejamento de voo.
“O que precisa ser feito é melhorar a cultura de segurança de voo. E isso pode ser feito aumentando o treinamento formal, criando um ambiente de formação nas escolas de aviação e com uma cultura positiva de segurança e aumentando a fiscalização no setor”, acrescenta Raul Marinho, diretor técnico da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag).
Para o especialista em segurança aérea e o mecânico de aeronaves Lito Sousa também há a necessidade de estudos mais detalhados sobre os acidentes aéreos.
Segundo ele, não houve alterações nas regras e procedimentos de voo, que pudessem justificar o aumento de acidentes ocorridos no ano passado e não há, por exemplo, estudos sobre os perfis dos pilotos envolvidos nesse tipo de ocorrência.
“Apesar de a gente ter os fatores que causaram os acidentes bem definidos nos relatórios, isso não explica o salto quantitativo de acidentes em 2024. Então, acho que talvez um estudo mais aprofundado do porquê, buscando a resposta a essa pergunta tenha que ser feito. Se existe, por exemplo, uma relação com a idade dos profissionais. Tem que haver um estudo para esse campo do conhecimento e não existe hoje”, pontua.
![Policiais e bombeiros trabalham no local onde um pequeno avião caiu na Avenida Marques de São Vicente, em São Paulo](https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/240/cpsprodpb/f9bf/live/5dd29c40-e576-11ef-a819-277e390a7a08.jpg.webp 240w, https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/320/cpsprodpb/f9bf/live/5dd29c40-e576-11ef-a819-277e390a7a08.jpg.webp 320w, https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/480/cpsprodpb/f9bf/live/5dd29c40-e576-11ef-a819-277e390a7a08.jpg.webp 480w, https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/624/cpsprodpb/f9bf/live/5dd29c40-e576-11ef-a819-277e390a7a08.jpg.webp 624w, https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/800/cpsprodpb/f9bf/live/5dd29c40-e576-11ef-a819-277e390a7a08.jpg.webp 800w)
Crédito, REUTERS/Tuane Fernandes
Aviões de pequeno porte lideram os acidentes
A maioria dos acidentes aéreos com vítimas fatais no acumulado do ano passado aconteceu com aeronaves de pequeno porte particulares, com 24 ocorrências.
Na sequência, vem a aviação agrícola, com oito ocorrências e complementam a lista acidentes relacionados a voos experimentais, de instrução e operações policiais.
Apenas a tragédia de Vinhedo, com a aeronave da Voepass, foi com um voo comercial de uma companhia aérea.
O Estado de São Paulo liderou o ranking com maior número de acidentes fatais, com 11 ocorrências. Mato Grosso, ficou em segundo lugar com sete ocorrências, seguido do Pará e Minas Gerais, com cinco ocorrências cada.
Dados do painel de frotas de aeronaves civis brasileiras da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostram que há 15.499 aeronaves em situação regular para voar no país. O número inclui todos os tipos de aeronaves – executivas, agrícolas e comerciais.
Segundo a Abag, em 2024 houve um aumento de frota de 5,75% em relação ao ano anterior.