A rotina de muitos jovens na década de 1990 envolveu colecionar CDs dos artistas favoritos, aguardar ansiosamente por um lançamento nas lojas e ouvir sem parar as mesmas faixas. E um dos aparelhos mais populares no período para isso era o curioso Discman.
Esse é um reprodutor de música compacto que lê CDs, o que revolucionou a indústria na época — afinal, com discos de vinil e depois esses modelos mais compactos, por enquanto só era possível escutá-los em grandes aparelhos em casa. Apenas as fitinhas cassete, de menor qualidade, eram lidas por outro aparelho portátil.
Com o passar dos anos, porém, esse produto foi ficando mais raro até virar somente um item de colecionador ou uma história contada por quem viveu esses momentos. Mas será que o Discman sumiu mesmo ou, assim como no caso de outras mídias, só encolheu até encontrar um público menor e fiel?
Nasce um fenômeno
A Sony foi a responsável pelo lançamento do primeiro player compacto de CDs, ouvidos com um fone de ouvido e botões que lembravam o de um aparelho de som. A mesma empresa japonesa já tinha sido revolucionária com o primeiro Walkman, que ainda era bastante popular em especial entre jovens.
O D-50, primeiro da família, foi lançado em 1984 e ainda era um produto muito limitado em funcionamento. Tanto que ele não foi exatamente um sucesso comercial, apesar da alta qualidade sonora e do pioneirismo, enquanto a linha Walkman seguia com números elevados de vendas.
Esse modelo não era tão portátil assim — tanto que pesava mais de 500 gramas — e contava com poucos mecanismos de proteção para o CD, o que significa que ele poderia riscar com facilidade ou apresentar problemas na reprodução se você balançasse muito o aparelho. Por anos, usar um Discman para correr, andar de ônibus ou até passear em ruas com calçadas irregulares significava pequenos “saltos” na música por causa do balanço.
O sucesso começou mesmo um ano depois, em 1985, com o D-50Mk?. Esse foi o primeiro modelo de fato chamado de Discman, contando até com uma bateria extra para durar mais tempo e maior estabilidade no som. A partir desse ponto, o dispositivo explodiu em popularidade e a palavra “discman” virou sinônimo desse tipo de aparelho que lia CDs, mesmo que não fosse um modelo lançado pela Sony.
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A própria fabricante japonesa lançou outros modelos nos anos seguintes, incluindo o D-150 (com proteção contra pancadas e movimentos bruscos), o D-88 (que era ainda menor e lia também os Mini CDs, um formato da Sony) e o D-Z55 (voltado para entusiastas de áudio de alta qualidade, com menor compressão no áudio).
O sucesso desses dispositivos fez outras empresas lançarem as próprias versões, incluindo nomes como Panasonic, Philips, Aiwa e várias outras. A venda de CDs decolou no fim dos anos 1990, o que tornou esse tipo de dispositivo extremamente popular, em especial entre o público mais novo.
A própria Sony seguiu por bastante tempo nesse segmento, mas começou a promover mudanças em 1997. Esse foi o ano do D-E305, o último que recebeu o nome Discman. A partir de então, mesmo com o público ainda chamando o aparelho pelo nome antigo, os modelos foram rebatizados como “CD Walkman” para unificar a marca.
Já o ano de 1999 ficou marcado pelo lançamento do D-EJ01, o modelo comemorativo de 15 anos da linha. Ele trazia como novidades a inserção de disco pela lateral, uma bateria de até 62 horas de duração e proteção ainda maior para evitar que ele “salte” músicas após batidas.
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Só que esse formato de aparelho compacto estava ameaçado. Depois de quase duas décadas na liderança, o CD começaria a ser trocado por uma novidade na indústria que tornaria os aparelhos para ouvir música na rua ainda menores.
Uma moda passageira?
O mercado de tocadores de fitas e CDs seguia com poucas ameaças até 2001. Foi nesse ano que a Apple lançou o primeiro iPod e, em questão de tempo, fez boa parte do público migrar desses players de mídias físicas para um modelo digital.
Tanto o iPod quanto futuros MP3 players mais baratos tinham várias vantagens em relação ao Discman. Eles eram ainda menores, contavam com maior capacidade de armazenamento, não tinham a instabilidade na leitura e funcionavam com arquivos de múltiplos artistas, sem ficar limitado a um CD por vez.
A evolução desses modelos e a chegada de smartphones que também atuavam como reprodutores de MP3 foram substituindo aos poucos o Discman. Sem muita escolha a não ser acompanhar a evolução do mercado, a companhia começou a fazer a transição entre as tecnologias.
Os reprodutores de CD da Sony foram descontinuados sem muito alarde no fim da década de 2000, tanto que não há registros oficiais de qual foi o último aparelho nesse formato lançado. Naquele período, os CD Walkman já vendiam pouco e tinham uma aparência bem diferente dos primeiros modelos: eles eram bastante finos, coloridos e tinham até a capacidade de reproduzir arquivos MP3.
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Nesse período, a Sony também parou de fabricar o Walkman com fita cassete e, em 2013, encerrou a venda dos modelos que liam MiniDisc. A linha Walkman até foi resgatada anos depois, mas já sem o mesmo prestígio e focado em arquivos digitais.
Apesar da fabricação ter se encerrado há mais de uma década pela Sony, dona do nome Discman, e pelas rivais que lançaram players de CD similares, o aparelho segue na memória de muitos consumidores. Existem players compactos de CD até hoje à venda, de modelos chineses mais baratos até aparelhos premium, como o recente DiscDream.
Além disso, a nostalgia é tanta que há procura por modelos antigos em lojas online de usados e sites de leilão. Os modelos da Sony, que foi a pioneira e grande nome desse formato, segue entre os mais procurados.