Algumas pedras existentes na Terra guardam histórias repletas de mistério. Pense, por exemplo, nas estruturas rochosas de Stonehenge, em Salisbury, Inglaterra, cuja história completa até hoje não foi decifrada. Dentro do mesmo continente, há a menos conhecida Pedra de Cochno, que fica na Escócia.
Esta pedra também possui seus enigmas, porém também apresenta um detalhe curioso em sua história: ela precisou ser enterrada novamente, não para ser protegida dos impactos do tempo, e sim das próprias pessoas.
A história da Pedra de Cochno
A Pedra de Cochno, que data de cerca de 3000 a.C., é uma grande rocha que possui em sua superfície gravações de sinais que parecem taças e anéis. Ela foi descoberta por acaso em 1887 na cidade de Clydebank, Escócia, perto de Glasgow.
A pedra acabou ficando conhecida como “o mais importante painel de arte rupestre marcado com taça e anel neolítico da Europa“, com datação do Neolítico ou Idade do Bronze, de acordo com estudiosos da Universidade de Glasgow.
Suas medidas são de 12,8 por 7,9 metros. Além disso, ela guarda uma grande curiosidade: em 1965, a pedra acabou sendo “reenterrada” para que pudesse ser protegida do vandalismo dos populares. As pessoas simplesmente adoravam ir até lá para gravar seus nomes nesta relíquia.
Em 2016, a pedra foi novamente desenterrada, depois da primeira vez em que foi “escondida”. Isso possibilitou que os pesquisadores da Universidade de Glasgow pudessem examiná-la com mais profundidade a partir de novas tecnologias de imagem 3D.
Os mistérios em torno da Pedra de Cochno
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A relíquia arqueológica foi documentada pela primeira vez pelo Reverendo James Harvey no ano de 1887. Contudo, os pastores que viviam na região já a conheciam há um bom tempo. Ela foi chamada Cochno, termo que deriva do gaélico “Cauchanach”, que quer “lugar de pequenas xícaras”, fazendo referência às marcações de taça e anel gravados na pedra. Ela é formada por uma grande superfície de arenito com certa maciez, o que permitiu que ela fosse esculpida com alguma facilidade.
Tal como aconteceu com outros objetos e locais arqueológicos, várias pessoas atribuíram algum significado astronômico para as inscrições presentes na Pedra de Cochno. Esses mistérios, inclusive, foram o que atraíram as pessoas à pedra, levando ao vandalismo.
Um arqueólogo escocês chamado Ludovic Maclellan Mann se tornou conhecido pelas suas interpretações pouco ortodoxas sobre a Pedra de Cochno, e resolveu pintar linhas com tinta a óleo sobre ela em 1937, para poder entendê-la melhor. Por mais que a intenção fosse boa, sso acabou encorajando que outras pessoas fizessem o mesmo, e ela passou a receber várias pinturas aleatórias.
Por conta disso, os moradores de Clydebank resolveram enterrá-la em 1965 no intuito de “evitar qualquer degradação adicional como resultado de negligência e danos causados ??por pichações”. Ela permaneceu assim até 2016, quando o arqueólogo Kenneth Brophy, da Universidade de Glasgow, juntou uma equipe para estudá-la, com o apoio da Factum Foundation.
O trabalho de escavação durou três dias, e a limpeza final foi realizada com a ajuda do Corpo de Bombeiros de Clydebank. Por fim, eles conseguiram desenterrá-la, para que os pesquisadores pudessem visualizá-la melhor e fazer registros de sua superfície usando softwares e drones.
Um das momentos mais cruciais desse trabalho foi quando os cientistas conseguiram revelar as marcas de tinta deixadas por Ludovic Maclellan Mann, com as linhas amarelas irradiando da área no ponto mais alto que ele acreditava ser de maior importância para interpretação, e linhas horizontais vermelhas que cruzavam esses anéis marcados em branco e alguns dos anéis marcados em verde.
Após o fim do trabalho, a equipe de Brophy enterrou novamente a pedra para preservá-la mais uma vez. “É emocionante quando você trabalhou em um projeto como este, tocou nele, andou sobre ele e o examinou de perto, para então enterrá-lo novamente, mas por enquanto é isso que temos que fazer para protegê-lo das pessoas”, mencionou o pesquisador. Hoje a Pedra de Cochno permanece segura e fora do alcance de pessoas sem noção.
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