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segunda-feira, fevereiro 3, 2025

Como os mercados vão reagir à guerra de tarifas de Trump? Dólar e petróleo operam em alta

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Os mercados começam a semana sob impacto da guerra tarifária deflagrada por Donald Trump no fim de semana. Com ordens executivas que autorizam sobretaxas a partir de terça-feira para produtos de México, Canadá e China, o republicano deve causar impacto em Bolsas, câmbio e juros.

Na noite deste domingo, o dólar operava em alta, o petróleo deu um salto e o mercados futuros de ações operavam no vermelho.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de 2 anos subiram, enquanto os contratos futuros de ações europeias e dos EUA caíram, e um índice de ações da região Ásia-Pacífico também registrou queda em resposta às medidas punitivas tomadas contra alguns dos maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos.

A rápida escalada nas tensões constitui o ato de protecionismo mais extenso tomado por um presidente dos EUA em quase um século e desencadeou uma venda generalizada em todas as classes de ativos, devido ao seu efeito cascata, desde taxas de inflação até geopolítica e crescimento econômico.

“O mercado precisa reajustar de forma estrutural e significativa o prêmio de risco da guerra comercial”, escreveu George Saravelos, chefe de pesquisa em câmbio do Deutsche Bank. “Para o Canadá e o México, vemos esse choque comercial – se mantido – como sendo muito maior em magnitude econômica do que o impacto do Brexit sobre o Reino Unido.”

O dólar canadense caiu para o nível mais baixo desde 2003, enquanto o euro estendeu sua queda depois que Trump afirmou que as tarifas sobre os produtos da UE “definitivamente aconteceriam”.

— A extensão das quedas (em Bolsas) será moderada se de fato canadenses e mexicanos sentarem para negociar. Num primeiro momento, haverá expectativa de que isso seja resolvido de maneira que as tarifas sejam devolvidas ou zeradas, mas, se não for, será um choque negativo para todo o globo — afirma Tony Volpon, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central.

A ofensiva protecionista de Trump despertou resposta rápida dos países afetados. O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse que o país vai impor tarifas de 25% sobre US$ 106 bilhões em produtos americanos, em uma lista tão diversa que vai do iogurte a carnes, passando por eletrodomésticos.

No fim do domingo, a AFP noticiou que, segundo fontes do governo canadense, o país pretende fazer queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC). A avaliação é que as tarifas representam violação de compromissos comerciais e do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), que substituiu o Nafta em 2020.

O debate na OMC, porém, é considerado um caminho lento. Analistas avaliam que a disputa deve ser travada no âmbito da retaliação de tarifas, o que pode ter impacto maior para a economia global. As ordens executivas de Trump permitem que ele eleve mais as taxas em caso de retaliação.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, prometeu reagir e chamou o americano para negociar. Ela publicou vídeo em rede social no qual diz que a ação prejudicará a economia dos dois países e os consumidores americanos.

— Isso aumentará significativamente os custos de todos os produtos exportados do México para os EUA. Os produtos ficarão 25% mais caros de acordo com essas novas medidas adotadas pelo governo americano — afirmou.

Claudia disse que aguardará resposta dos Estados Unidos à proposta de criação de mesa de trabalho com especialistas em segurança e saúde, e que, nesta segunda-feira, anunciará as primeiras medidas do “Plano B” para enfrentar a guerra comercial.

A China anunciou “contramedidas correspondentes” sem dar maiores detalhes, mas também pretende recorrer à OMC. Segundo o New York Times, o “tarifaço” de Trump coloca Pequim em situação delicada, com o governo dividido entre retaliar ou ignorar. A escalada de uma guerra comercial poderia ser ainda mais prejudicial ao país, que teve superávit na balança comercial de quase US$ 1 trilhão no ano passado.

— Darei informações sobre medidas do que chamamos de Plano B. Como dizia Benito Juárez: “Nada pela força, tudo pela razão e pelo direito”.

O próprio Trump disse neste domingo que os americanos podem sentir consequências econômicas do “tarifaço”, mas insistiu em que “o preço valerá a pena” para proteger os interesses dos EUA.

“Haverá alguma dor? Sim, talvez (e talvez não!)”, escreveu Trump em sua plataforma Truth Social. “Mas nós vamos fazer os EUA grandes de novo, e valerá a pena o preço que devemos pagar.”

Gary Hufbauer, especialista do Peterson Institute for International Economics, disse ao GLOBO que a dimensão da crise no comércio global será dada pela força das reações:

— A ação de Trump marca o fim de uma era no comércio global. Se os países não seguirem o caminho da retaliação, a economia vai sofrer, mas não como na pandemia. Se partirem para esse caminho, é difícil escapar de um choque econômico global ou até de uma recessão.

Para os americanos, o caminho que se desenha adiante é de aumento da inflação e do desemprego. Nos cálculos de Hufbauer, o impacto na inflação poderia chegar a 1,2 ponto percentual.

A Comissão Europeia já indicou que vai reagir “com firmeza” diante de qualquer sinal de imposição de tarifas arbitrárias, depois de ter sido citada como próximo alvo. O tema será discutido amanhã em reunião ministerial de comércio do bloco.

(Com agências internacionais)

[Fonte Original]

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