28.5 C
Brasília
sexta-feira, março 14, 2025

Deslocamentos em queda são desafio para metrópoles

- Advertisement -spot_imgspot_img
- Advertisement -spot_imgspot_img

A última edição da tradicional pesquisa Origem e Destino, do Metrô paulistano, constatou um fato inédito na série histórica que começa em 1967: a maior metrópole do país desacelerou. Pela primeira vez, caiu o total de viagens diárias dos habitantes da Região Metropolitana de São Paulo. A tendência se repete noutras regiões metropolitanas. Nos últimos cinco anos, os passageiros de transportes coletivos no Rio caíram de 147 milhões para 115 milhões por mês, ou 22%. Tal cenário traz desafios de toda sorte para as autoridades.

Realizada em 32 mil domicílios nas 39 cidades da Grande São Paulo, a pesquisa verificou que, em menos de dez anos, os deslocamentos diários caíram 15% — de 42 milhões, em 2017, para 35,7 milhões, em 2023. A queda se deu com mais intensidade nos transportes coletivos (de 15,3 milhões para 12,3 milhões) que nos individuais (de 13 milhões para 12,9 milhões). Os deslocamentos a pé caíram de 13,4 milhões para 10,1 milhões. Os ônibus perderam 2,6 milhões de viagens (32%), o metrô 626 mil (18%), e os trens 165 mil (13%). Por fim, os trajetos feitos em carro particular caíram de 11,3 milhões para 10,5 milhões (8%).

Ao mesmo tempo, as viagens em táxis e carros de aplicativo cresceram de 468 mil para 1,1 milhão, ou 138%. Os deslocamentos com bicicletas, apesar dos investimentos vultosos na infraestrutura cicloviária, cresceram menos, de 377 mil para 472 mil, ou 25%. E o uso das motocicletas aumentou 16%, para 1,2 milhão de viagens. Não surpreende que, com mais veículos nas ruas, o tempo médio de deslocamento tenha subido de 26 para 28 minutos nos meios individuais e caído de uma hora para 58 minutos nos coletivos. O transporte individual predomina em distâncias curtas (até 6 km), e o coletivo é mais usado em trajetos longos.

A queda nas viagens surpreendeu os pesquisadores, uma vez que a população aumentou 2%, a frota de automóveis 22%, e os empregos 12% (embora as matrículas escolares tenham caído 6,5%). A queda é atribuída aos novos hábitos depois da pandemia, com trabalho e estudo remotos. Os deslocamentos a trabalho caíram de 18,5 milhões para 16,5 milhões, e os escolares de 14,7 milhões para 12,9 milhões.

O novo cenário captado na pesquisa traz desafios para os governos. A redução das viagens em transportes coletivos tem impacto nas tarifas e nos subsídios às empresas. Com menos passageiros, as concessionárias arrecadam menos para operar os mesmos serviços — e demandam subsídios cada vez maiores. A Prefeitura de São Paulo prevê repasse de R$ 6,4 bilhões às empresas de ônibus neste ano.

É preocupante também a constatação de que o transporte individual superou o coletivo. Em 2023, 51,2% das viagens usavam carros, táxis, veículos de aplicativos ou motos, ante 48,8% de ônibus, trem e metrô. Em 2017, os meios coletivos eram dominantes (54,1% ante 45,9%). Isso significa que o transporte na maior metrópole do país retrocedeu no que diz respeito a um modelo mais racional e menos poluente. A preferência pelo transporte individual congestiona as ruas, aumenta o tempo de deslocamento, consome mais combustível e polui mais, além de exigir maiores investimentos no planejamento de trânsito. É preciso atrair os passageiros de volta aos meios coletivos. Para o bem-estar das metrópoles, é o melhor caminho.

[Fonte Original]

- Advertisement -spot_imgspot_img

Destaques

- Advertisement -spot_img

Últimas Notícias

- Advertisement -spot_img