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quinta-feira, fevereiro 6, 2025

Em meio à disputa EUA-China, França articula fundo global para IA e reúne líderes em Paris

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Em um momento em que as duas maiores economias do mundo, EUA e China, acirram a disputa pela hegemonia da inteligência artificial, a França prepara o lançamento de um fundo global para financiar projetos na área. O foco será em iniciativas que desenvolvam a IA em áreas de interesse público, como saúde, educação e preservação cultural.

Os detalhes da iniciativa, que será financiada por governos e iniciativa privada, serão divulgados na próxima semana, durante encerramento do AI Action Summit, que acontece em Paris até o dia 11 de fevereiro. A cúpula reúne representantes de quase cem países e mais de mil participantes de empresas e organizações civis.

Segundo autoridades francesas, a proposta, que foi chamada provisoriamente de AI Foundation,busca financiar projetos de inteligência artificial com impacto social, mas que dificilmente atrairíam investimentos privados. O valor do fundo e a lista de países e instituições participantes serão anunciados no encontro.

A cúpula francesa acontece em um momento em que a ascensão da DeepSeek, startup chinesa de IA, parece desafiar o domínio americano na indústria. Por outro lado, empresas do Vale do Silício reforçam laços com o governo de Donald Trump, que prometeu investir US$ 500 bilhões na construção de uma infraestrutura para o setor nos EUA.

Nesse cenário, o encontro na França aponta a tentativa de como o país, junto com a União Europeia, pretendem se posicionar no debate sobre IA. Depois de adotar regras rígidas para proteção de dados e uma abordagem para inteligência artificial baseada no controle de riscos, o bloco busca caminhos para alavancar o investimento em inovação.

“Queremos mudar a narrativa sobre IA, que tem sido muito focada nos riscos, e mostrar as oportunidades que essa tecnologia pode trazer para a saúde, a educação e o meio ambiente”, afirmou nesta quinta-feira um assessor do governo francês nesta quinta-feira, em encontro com a imprensa estrangeira, do qual O GLOBO participou.

Para esse auxiliar do presidente Emmanuel Macron, embora os EUA e a China sejam líderes sólidos em inteligência artificial, a França e a União Europeia também podem ocupar um lugar relevante no setor, assim como “todos os outros países”. “A cúpula também foi co-presidida pela Índia. É uma mensagem”, acrescentou.

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, é um dos líderes que confirmou presença no encontro. Além do presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen e do chanceler alemão, Olaf Scholz, estarão presentes também o vice-presidente americano J.D. Vance e o vice-primeiro-ministro chinês, Zhang Guoqing. O Brasil será representado pelo chanceler Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores.

Além de trazer atenção para a União Europeia, a cúpula francesa também poderá ser uma oportunidade do bloco e o país fortalecerem alianças internacionais na IA. Nesse sentido, a escolha da Índia para co-presidência é vista como um recado sobre o interesse na atração de atrair emergentes para a esfera europeia de IA, enquanto EUA e China avançam em seus campos de influência.

Entre os nomes do setor privado, um dos confirmados na cúpula é o de Arthur Mensch, CEO e cofundador da Mistral, startup francesa de IA que vem ganhando destaque na Europa como alternativa às big techs americanas. Com a aposta no desenvolvimento de modelos abertos (open source), a empresa foi avaliada no ano passado em US$ 6,2 bilhões.

O evento deve contar ainda com a presença de Sam Altman, o CEO da OpenAI, e do presidente do Google, Sundar Pinchai. A presença de Elon Musk e de um representante da DeepSeek têm sido negociadas, mas ainda não foram confirmadas

Elon Musk discursa durante evento a apoiadores de Trump no dia da posse do presidente americano — Foto: Christopher Furlong/Getty Images/AFP

A reunião em Paris dá sequência a encontros organizados pelo Reino Unido e pela Coreia do Sul nos últimos anos. Nesta quinta-feira e sexta-feira, antes da cúpula principal, o evento conta com dois dias de programação com pesquisadores e cientistas da área de IA. No final de semana, Paris terá uma sequência de eventos culturais que debatem o impacto da inteligência artificial nas artes.

A abertura da cúpula principal será feita na segunda-feira pelo presidente francês Emmanuel Macron. De acordo com autoridades francesas, o primeiro lote de financiamento da iniciativa global para IA será anunciado durante a cúpula. O GLOBO questionou o Itamaraty sobre a contribuição e participação brasileira no fundo, mas não teve retorno até o fechamento desta reportagem.

Enquanto os eventos no Reino Unido e na Coreia do Sul priorizaram debates sobre segurança e a governança da IA, o evento em Paris amplia o foco das conversas sobre a tecnologia. O impacto da tecnologia no mercado de trabalho, a transparência e ética no desenvolvimento da IA, a sustentabilidade da tecnologia e aplicações para serviços públicos estão entre os temas.

[Fonte Original]

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