Empresas brasileiras que trabalham com infraestruturas tecnológicas blockchain estão aproveitando o boom das stablecoins e o avanço da regulamentação para expandirem sua atuação internacional. É o caso da Parfin e da BRLA Digital, que estão fazendo seus primeiros movimentos no mercado argentino.
No caso da Parfin, a empresa obteve as licenças operacionais para atuar como prestadora de serviços de ativos virtuais (PSAV) em Portugal e na Argentina e está aproveitando a oportunidade para fornecer plataforma de compra e venda de criptomoedas, custódia e liquidação para companhias locais que desejem entrar no setor. “Nosso foco tem sido muito em infraestrutura de pagamentos internacionais com stablecoins. O uso de stablecoins para se proteger do câmbio na Argentina ainda é muito forte, é uma economia muito dolarizada”, afirma Marcos Viriato, CEO da Parfin.
Uma das expectativas que Viriato tem em relação ao país é de que as instituições financeiras passarão a oferecer produtos e serviços de ativos digitais para seus clientes, aproveitando o ambiente regulatório mais favorável sob a gestão do presidente Javier Milei. Na administração de Alberto Fernández, o banco central argentino proibiu a oferta de serviços com criptoativos por parte de bancos do país logo depois do Banco Galicia anunciar que permitiria a compra e venda de bitcoin, ether e outras moedas digitais.
Para a Europa, o executivo diz que o interesse não é tanto em stablecoins, e sim em oferta de negociação de moedas digitais por outras empresas. “Stablecoin é algo que tem muito mais apetite em países em desenvolvimento para proteção da moeda. O euro é o euro. Nossa PSAV em Portugal é para que as instituições financeiras operem cripto”, acrescenta.
Já a BRLA atualmente opera o trilho de Pix para pagamentos de compras de brasileiros na Argentina ou de argentinos no Brasil. Além disso, a empresa também trabalha provendo a infraestrutura de stablecoins para exportações e importações de máquinas agrícolas. “Os clientes usam stablecoins por ter menos burocracia e custo reduzido. Cada máquina sai na casa de US$ 150 mil, então se conseguir ter uma economia, mesmo que de 1% a 2%, já é muito relevante”, destaca Leandro Noel, co-CEO da BRLA.
A BRLA possui uma entidade na Argentina e outra nos Estados Unidos, posicionando-se para a postura pró-cripto de Donald Trump. “Temos visto muito crescimento de fluxo entre subsidiária e matriz (intercompany). São casos de gestão de tesouraria: de repatriação ou financiamento da operação local. Isso é algo em que vemos crescer”, prevê Noel. “A mensagem mais otimista é que vai ficar mais fácil globalizar a economia e fazer os outros aderirem ao ambiente global de maneira mais eficiente. As criptomoedas são ativos globais por natureza.”