O novo governo da Alemanha está enfrentando dificuldades para obter apoio de outros partidos a planos para flexibilizar os gastos com defesa e infraestrutura, à medida que o Partido Verde, cujo apoio é essencial para que o futuro governo possa ajustar as regras de endividamento, afirmou nesta segunda-feira (10) que não apoiará o pacote nas condições atuais.
O futuro primeiro-ministro alemão Friedrich Merz, vencedor das eleições no mês passado, tenta formar uma coalizão com os social-democratas do atual premiê Olaf Scholz. Na semana passada, os dois partidos anunciaram que pretendem isentar parte dos gastos com defesa das rígidas regras de endividamento do país, um tema cada vez mais urgente diante das crescentes dúvidas sobre o compromisso dos EUA com os aliados europeus.
Segundo a co-líder do Partido Verde Katharina Dröge, os verdes há muito tempo defendem uma reforma da “âncora da dívida” para facilitar investimentos na economia e no combate às mudanças climáticas, enquanto Merz insistiu antes das eleições que não havia necessidade de financiar tais investimentos por meio de endividamento.
Com isso, a liderança do grupo parlamentar do Partido Verde decidiu nesta segunda-feira recomendar que seus deputados rejeitem as propostas. Dröge argumentou que o fundo de infraestrutura proposto pelos possíveis parceiros de coalizão não seria realmente direcionado a investimentos úteis, mas serviria como um “cofre” para medidas como cortes de impostos.
Como o bloco de Merz e os social-democratas não têm votos suficientes para aprovar o plano sozinhos, precisam do apoio dos verdes. Os planos precisam de uma maioria de dois terços no Parlamento, pois a chamada “âncora da dívida” da Alemanha — que limita novos empréstimos a apenas 0,35% do PIB anual — está prevista na Constituição.
Eles também querem criar um fundo de 500 bilhões de euros (US$ 533 bilhões), financiado por empréstimos, para investir na infraestrutura deteriorada da Alemanha ao longo dos próximos dez anos e ajudar a reativar o crescimento econômico.
A estratégia do governo é aprovar as medidas no Parlamento atual na próxima semana, antes da posse dos novos parlamentares, já que algumas legendas que se opõem à proposta terão pouco mais de um terço dos assentos na nova legislatura, o que poderia bloquear o projeto.