Carl Gustav Jung dedicou sua vida às imagens de seu inconsciente. Foi nomeado como médico, curador, psicanalista, psicólogo, psiquiatra, curandeiro, profeta, místico, charlatão, entre outros muitos epítetos, e, para a maioria deles, é provável que seus seguidores e detratores tenham capturado alguma coisa da verdade. De seus biógrafos e comentadores, de Aniela Jaffé a Barbara Hannah, tão próximas, aos historiadores com acessos especiais, como Sonu Shamdasani, ou biógrafas externas ao círculo de Zurique, como Deirdre Bair, ou ainda polêmicos leitores alternativos de sua obra, como Peter Kingsley, ninguém escapou a uma leitura particular de Jung amplamente criticada por seus pares.
Porém, é curioso, no Brasil e no mundo de 2025, vermos emergir ameaças nazifascistas anacrocontemporâneas, experimentarmos um assolamento por imagens apocalípticas e experiências climáticas de ensejo de fim do mundo com crescente frequência. Ao mesmo tempo, vemos, nos brancos europeus e em toda sorte de brancos em territórios colonizados por descendentes de europeus, a busca por uma resposta a toda essa angústia.
Em ensaio de 1936, Carl Jung alertou sobre os problemas de guerras vindouras e uma possível destruição da humanidade. Nas décadas de 1940 e 1950, advogou pela investigação da psique coletiva, com o intuito de resgatar a ancestralidade europeia branca, num desesperado apelo à necessidade dos brancos europeus de se reconectarem consigo mesmos a fim de evitarem sua compulsão pela destruição.
Esse é o mesmo Carl Jung supostamente místico, profeta e ch
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