No último dia 13 de março, o diretor Gerald Thomas concedeu uma entrevista online à Cult sentado em sua mesa de trabalho no apartamento em Nova York onde reside. Um dos grandes renovadores da arte da encenação no Brasil nos anos 1980 – quando surgiu com espetáculos de força ímpar como Quatro vezes Beckett, Carmem com filtro, Quartett e Eletra com Creta –, Gerald falou de política, de sua amizade com Samuel Beckett, dos anos de juventude e de seu afastamento do mundo da ópera, onde também deixou impressa sua marca. Aos 70 anos, o criador de The Flash and Crash Days tem uma aguda percepção da passagem do tempo, concebendo uma arte em que a efemeridade da cena serve de antídoto à perenidade da estupidez humana.
Como os recentes acontecimentos nos Estados Unidos têm afetado você?
O que está acontecendo é um horror. Eu amo este país, eu voto neste país, eu pago imposto neste país e, de repente, vejo tudo colapsando, assim como vi no dia 11 de setembro. Tudo está colapsando fisicamente também desde o dia 20 de janeiro quando Trump tomou posse junto a este sul-africano da era do apartheid – uma pessoa racista que fez o sinal de Heil, Hitler. Minha família foi exterminada em campos de concentração. É uma loucura que isso esteja acontecendo num país que lutou contra Hitler. A direita no mundo está virando isso.
A cultura estadunidense está reagindo a isso?
Sim. Como no governo passado de Trump também reagiu, quando o Black Lives Matter e movimentos como o Me Too ganharam força. Não é que eles tenham nascido naquele governo, mas g
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