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sexta-feira, março 14, 2025

Depois de arrecadar 3,5 bilhões nos cinemas e passar 351 dias no Top 10, filme com Tom Cruise está se despedindo da Netflix

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Poucas franquias de ação resistiram ao tempo com tanto fôlego quanto “Missão: Impossível”. Desde sua estreia nos anos 1990, a saga se reinventou continuamente, guiada pelo comprometimento incansável de Tom Cruise em transformar cada novo capítulo em um evento cinematográfico. Em “Missão: Impossível — Acerto de Contas Parte Um”, o sétimo episódio da série, a expectativa de um desfecho grandioso paira sobre Ethan Hunt, mas a experiência final oscila entre momentos de brilho e sinais de esgotamento criativo. Sob a direção de Christopher McQuarrie, que retorna pela quarta vez ao comando, o longa reafirma a devoção de Cruise ao cinema de ação tradicional, mas também revela um roteiro que, por vezes, patina na repetição de fórmulas já conhecidas.

Desde que John Woo redefiniu a abordagem da franquia em “Missão: Impossível 2”, a dinâmica narrativa prioriza sequências de ação que são concebidas antes da trama, um método que atingiu seu auge em “Efeito Fallout”. No entanto, em “Acerto de Contas Parte Um”, a engrenagem nem sempre funciona com a mesma precisão. O eixo central da história gira em torno de uma chave misteriosa ligada a uma inteligência artificial fora de controle, um conceito intrigante que, ao invés de ser explorado com sutileza, é sublinhado exaustivamente por diálogos expositivos. Essa insistência acaba comprometendo o ritmo, tornando evidente uma preocupação excessiva em explicar o que poderia ser transmitido de maneira mais orgânica.

No coração da narrativa, personagens novos e veteranos interagem em um tabuleiro repleto de perseguições e traições. Grace (Hayley Atwell), uma ladra astuta, adiciona energia à trama, mas sua dinâmica com Ethan Hunt ecoa relações já vistas em capítulos anteriores. Paralelamente, a caça implacável ao protagonista por agentes que o veem como uma ameaça reforça um dilema recorrente na série. O filme flutua entre momentos de intensidade inquestionável e trechos que parecem se perder na complexidade de sua própria trama, incapazes de sustentar a mesma tensão dramática dos melhores momentos da franquia.

Ainda que a narrativa tenha altos e baixos, a ação segue como o verdadeiro atrativo. “Acerto de Contas Parte Um” entrega sequências grandiosas, como o aguardado salto de moto de Cruise sobre um penhasco, uma frenética perseguição em Roma e um embate claustrofóbico a bordo de um trem em disparada. No entanto, mesmo com toda a perícia técnica, essas cenas não alcançam o impacto absoluto de set pieces memoráveis da série, como a escalada no Burj Khalifa ou a insana perseguição aérea em “Efeito Fallout”. Ainda assim, a reta final do longa compensa as falhas anteriores, entregando um espetáculo cinematográfico digno da grandiosidade que se espera da saga.

O desenvolvimento dos personagens também revela fragilidades. Grace se destaca como uma adição promissora, mas Ilsa Faust (Rebecca Ferguson), que já foi um dos pilares emocionais da franquia, é relegada a um espaço reduzido, perdendo parte de sua relevância. Os veteranos Luther (Ving Rhames) e Benji (Simon Pegg) seguem como fiéis aliados de Ethan, enquanto Kittridge (Henry Czerny) ressurge após anos afastado da saga. Os antagonistas, por outro lado, continuam sendo um calcanhar de Aquiles da franquia. Esai Morales e Vanessa Kirby cumprem seus papéis, mas não possuem a força necessária para se tornarem verdadeiros némesis de Ethan Hunt, um contraste notável em comparação aos vilões icônicos da série “007”.

O saldo final de “Acerto de Contas Parte Um” é ambíguo. Embora entregue entretenimento de alto nível, a obra não alcança a coesão narrativa e o frescor criativo de seus melhores predecessores. A insistência em diálogos explicativos e a reciclagem de algumas dinâmicas pesam contra a produção, mas as sequências de ação e o comprometimento absoluto de Cruise garantem que o longa se mantenha acima da mediocridade predominante em muitos blockbusters contemporâneos. A promessa de um desfecho arrebatador na segunda parte permanece aberta, e resta ao público a esperança de que McQuarrie consiga transformar a conclusão da jornada de Ethan Hunt em um verdadeiro clássico da ação moderna.

Filme:
Missão: Impossível — Acerto de Contas Parte Um

Diretor:

Christopher McQuarrie

Ano:
2023

Gênero:
Ação/Thriller

Avaliação:

10/10
1
1




★★★★★★★★★★

[Fonte Original]

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