Em um pregão marcado pelo baixo giro financeiro negociado, o Ibovespa encerrou esta quarta-feira em leve alta, de 0,29%, aos 123.866 pontos. Durante a sessão, o índice passou por forte volatilidade e oscilou entre os 122.969 pontos e os 124.048 pontos.
Segundo agentes financeiros, novas retaliações de países afetados pela política tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, deixaram os investidores em compasso de espera e ajudaram a segurar o índice, assim como o recuo da Vale. Os papéis da mineradora tiveram queda de 1,25%, enquanto as ações da Petrobras registraram movimento misto: as PN fecharam no zero a zero, ao passo que as ON subiram 0,36%. O desempenho em direções opostas sugere que houve compra de investidores estrangeiros, já que os recibos de ações (ADRs) da ação ordinária costumam ser mais líquidos.
O dia foi de alta firme nos preços do petróleo. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) manteve a previsão para o crescimento da demanda global e para o aumento da oferta da commodity. Houve queda também nos estoques de gasolina nos EUA, o que ajudou a elevar as cotações da commodity.
A sessão também foi marcada pela entrada em vigor das tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio importados pelos Estados Unidos, o que afeta os produtos brasileiros. Diante das incertezas, investidores agora adotam cautela em meio a possíveis retaliações.
Para o gestor de renda variável do ASA, Marcelo Nantes, a Embraer poderia ser uma das empresas afetadas pela tarifação maior sobre o aço e o alumínio, já que o preço do avião tenderia a ficar mais caro. “A companhia teria que subir o preço, dado que o seu competidor é um avião canadense e que também sofreria com esse impacto”, acrescenta.
Mais do que as medidas em si, Nantes destaca que o vaivém dos anúncios feitos por Trump gera incerteza no mercado. “Pior do que um cenário ruim é um cenário incerto. Um cenário ruim você consegue mensurar e calibrar. Quando o cenário é incerto, as empresas param de tomar decisões de longo prazo.”
Em meio a um ambiente mais incerto e com chances de uma piora na guerra tarifária, o gestor do ASA diz que aumentou a exposição a empresas com exposição ao dólar para proteger a carteira. Por mais que a moeda americana tenha passado por um período de desvalorização frente ao real recentemente, o executivo não descarta a chance de uma nova apreciação da divisa.
“Trump diz que está negociando, mas de repente o dólar pode voltar a se fortalecer com uma guerra tarifária”, diz. “Eu quero me proteger”, resume o profissional do ASA. De olho nisso, o gestor diz que comprou recentemente BRF e WEG, e que está com posições em JBS, Suzano e Vale.
O executivo conta que a alocação em Vale é pequena e que busca se beneficiar da exposição cambial da empresa, mas não nega que está preocupado com os temores de uma eventual recessão nos EUA e com os dados mais fracos da economia chinesa, que poderiam afetar os preços de commodities.
Entre as maiores altas do índice ficaram os papéis da RD Saúde, que subiram 5,03%. Hoje, os analistas do Goldman Sachs cortaram o preço-alvo dos papéis de R$ 29 para R$ 25, mas reiteraram a recomendação de compra.
Na ponta contrária, as ações da Azzas 2154 responderam pelas maiores quedas, no valor de 12,11%. Ontem, a companhia divulgou os números do seu balanço. Na visão dos analistas do J.P. Morgan, os números abaixo do esperado foram fruto de uma deterioração nas margens e alta na base de custos e de despesas. Já a equipe do Goldman Sachs afirmou que os resultados foram positivos, mas que a fusão com o Grupo Soma ainda pressiona a lucratividade.
O volume financeiro negociado no índice foi de R$ 13,0 bilhões e de R$ 17,9 bilhões na B3. Em Wall Street, o movimento foi misto: o Nasdaq teve alta de 1,22%; o S&P 500 subiu 0,49%; e o Dow Jones teve queda de 0,20%.