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quinta-feira, abril 24, 2025

‘Na era Trump, viagem de Lula ao Japão é mais do que importante – é estratégica’

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Como parte da agenda da visita ao Japão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa, nesta quarta-feira, do Fórum Econômico Brasil-Japão, um evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) que reunirá empresários e líderes políticos para debater o fortalecimento da relação comercial entre os dois países. Está prevista a participação de cerca de 500 empresários brasileiros e japoneses.

Um dos principais objetivos do evento é a formalização de um pedido conjunto da CNI e da Keidanren – maior entidade da indústria japonesa – para que Brasil e Japão iniciem as negociações de um acordo Mercosul-Japão. O fórum terá ainda painéis temáticos sobre descarbonização, energia e oportunidades de cooperação para o desenvolvimento sustentável.

Para Leonardo Paz, pesquisador do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV, a aproximação com o Japão fortalece a presença brasileira no cenário global e reduz a dependência de mercados como China e Estados Unidos.

– O Japão é a quinta maior economia do mundo e tem uma renda per capita altíssima, o que o torna um destino privilegiado para exportações brasileiras, especialmente de proteína animal. Além disso, o país abriga grandes empresas que podem investir no Brasil, como no setor de semicondutores, uma das áreas mais estratégicas da economia global.

O pesquisador avalia que a viagem de Lula ao Japão é mais do que importante – é estratégica. No atual cenário global, marcado pela imposição de tarifas do governo Trump, o Brasil precisa diversificar suas parcerias para evitar dependências excessivas.

– O Japão é um destino privilegiado para o Brasil diversificar seus investimentos e relações comerciais. Tradicionalmente, o Brasil discute suas parcerias sempre em termos de uma escolha entre Estados Unidos e China. Mas essa não é a melhor abordagem. O país precisa estabelecer suas próprias prioridades comerciais para não ficar vulnerável a mudanças de governo ou crises em um único parceiro.

Ele também destaca que o Japão já tem uma relação consolidada com o Brasil, o que torna essa aproximação ainda mais relevante. De acordo com dados do governo, o Japão ocupa o nono lugar entre os maiores investidores estrangeiros no país. Os investimentos japoneses no Brasil cresceram 31,6% entre 2014 e 2023, totalizando US$ 35,2 bilhões no ano passado.

– O Japão é um país com um histórico antigo de investimentos no Brasil e uma grande comunidade de descendentes japoneses. É um parceiro natural para ampliar nossa presença no mercado asiático.

O pesquisador ressalta ainda que a relação comercial entre Japão e Mercosul já está em processo de aprofundamento.

-Já existem discussões para a criação de um grupo de estudo sobre um possível acordo de livre comércio entre o Mercosul e o Japão. Essa parceria pode ser fundamental para fortalecer o comércio exterior e ampliar as oportunidades de investimento.

Lula chegou ao Japão na segunda-feira, acompanhado por uma delegação de 80 pessoas formada por ministros, parlamentares – como os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, e os ex-presidentes das Casas, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira – sindicalistas e empresários. Para Paz, isto denota sinal de prestígio ao Japão.

– Quando um país envia uma delegação numerosa, com ministros e empresários, ele está sinalizando ao país anfitrião o grau de importância que atribui àquela relação. Além disso, a presença de empresários amplia as oportunidades de negócios, pois cria um ambiente favorável para negociações diretas entre empresas e instituições.

Além disso, em reunião com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o Japão aprovou a regionalização do Certificado Sanitário Internacional (CSI) para influenza aviária. Com essa medida, as restrições à exportação de carne de frango e ovos passarão a ser limitadas apenas aos municípios afetados pela doença, e não mais a estados inteiros.

Paralelamente, os dois países também assinaram uma carta de intenções para fortalecer a cooperação na recuperação de pastagens degradadas, ampliando a produtividade agropecuária sem a necessidade de desmatamento.

Segundo dados do governo, Brasil e Japão registraram um intercâmbio comercial de US$ 11 bilhões, com um superávit brasileiro de US$ 146,8 milhões. O Brasil exporta principalmente carne de aves (frescas ou congeladas), alumínio, carne suína, celulose, café e minério de ferro. Já as importações são compostas, em sua maioria, por partes e acessórios de veículos, instrumentos e aparelhos de medição, motores de pistão e outros produtos da indústria de transformação. Segundo a Apex-Brasil, o Brasil tem potencial para ampliar suas exportações ao Japão, especialmente em produtos da indústria de transformação, os setores com maiores oportunidades incluem Alimentos, químicos e metalurgia.

De acordo com dados da CNI, as exportações brasileiras de produtos como farelo de soja, alumínio e ferro-gusa cresceram. No entanto, os bens de alta e média-alta tecnologia ainda representam apenas 9,4% do total exportado ao Japão. Enquanto isso, as exportações japonesas ao Brasil são quase 100% compostas por bens da indústria de transformação, sendo que 80% possuem alta complexidade tecnológica, como veículos, máquinas, produtos químicos e farmacêuticos.

[Fonte Original]

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