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quarta-feira, maio 21, 2025

Água invisível: como a coleta de neblina pode mudar o cotidiano de regiões áridas 

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Em um mundo cada vez mais impactado pelas mudanças climáticas e pela escassez de água, soluções alternativas e criativas estão ganhando espaço. Uma das mais surpreendentes vem do próprio ar – água invisível: a coleta de neblina.

A técnica, que transforma a umidade presente nas nuvens baixas em água potável, está sendo adotada em regiões de clima árido com resultados transformadores.

Projetos piloto e iniciativas comunitárias estão provando que, com inovação e baixo custo, é possível mudar o futuro de comunidades vulneráveis.

Água invisível: uma tecnologia ancestral com cara de futuro

A coleta de neblina – ou fog harvesting – é baseada em um princípio simples: capturar gotículas de água que ficam suspensas no ar em forma de névoa, usando telas verticais finas que condensam e canalizam o líquido para reservatórios. Apesar de parecer futurista, a técnica tem raízes antigas e já foi usada por civilizações pré-colombianas nos Andes.

Na prática, essa água “invisível” se transforma em fonte potável para comunidades que enfrentam longos períodos sem chuva. Em locais como o deserto do Atacama, no Chile, coletores instalados nas encostas das montanhas têm suprido famílias inteiras, escolas e pequenas plantações.

A estrutura é simples: uma rede de polietileno montada verticalmente em torres, que pode coletar dezenas de litros por dia dependendo da densidade da neblina e da velocidade do vento.

Os responsáveis pela iniciativa são pesquisadores da Universidad Mayor, uma instituição privada na cidade de Santiago. Eles têm testado a coleta de neblina na cidade desértica de Alto Hospicio, que recebe, em média, menos de 5 mm de chuva por ano.

Muitas pessoas que vivem ali recebem água potável entregue por caminhão. Segundo a pesquisadora Virginia Carter Gamberini, a coleta de neblina poderia trazer uma “nova era” para a cidade.

No resumo de sua pesquisa, ela afirma que o estudo “representa uma mudança notável na percepção do uso da água da neblina – de uma solução rural, bastante pequena, para um recurso hídrico prático para cidades”. E acrescenta: “A água das nuvens pode aumentar a resiliência das nossas cidades às mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que melhora o acesso à água potável.”

Mas a tecnologia também já vem sendo usada em outras áreas do planeta, como Aït Baamrane, cidade às margens do Deserto do Saara no sudoeste do Marrocos. Por lá, uma instalação de 1.700 m² coleta cerca de 35 mil litros de água por dia, abastecendo mais de mil pessoas e irrigando plantações locais.

Seria essa uma solução para o Semiárido brasileiro?

Embora promissora, a implementação da coleta de neblina enfrenta desafios, como a necessidade de condições climáticas específicas, incluindo a presença constante de neblina e ventos adequados. Além disso, é essencial considerar aspectos culturais e sociais das comunidades envolvidas, garantindo que a tecnologia seja bem recebida e mantida de forma eficaz.

Estudos preliminares feitos no Brasil, como os apresentados em congressos da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), sugerem que a técnica pode complementar outras soluções como cisternas e que seria útil em escolas, postos de saúde e áreas isoladas, mas exige mapeamento climático local e teste de campo antes de ser escalada.

Ainda não podemos afirmar que a coleta de neblina seja a solução mais adequada para o semiárido brasileiro inteiro, mas com investimento em pesquisa local e apoio comunitário, ela pode se tornar mais uma ferramenta para a convivência com a seca.

Com o avanço das pesquisas e o compartilhamento de experiências bem-sucedidas, a coleta de neblina pode se tornar uma ferramenta valiosa na luta contra a escassez de água em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil.

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[Fonte Original]

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