Chanceleres do Brics não fecham declaração conjunta após dois dias de reuniões

Havia expectativa de que um texto assinado por todos os chanceleres fosse divulgado ao fim do encontro com críticas a medidas comerciais protecionistas no contexto do “tarifaço” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o que não aconteceu.

Com a falta de um entendimento, a presidência brasileira do Brics publicou um documento próprio no qual afirma que os chanceleres reiteraram compromisso com o multilateralismo e o direito internacional.

De acordo com o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, todos os países foram unânimes em defender maior participação do Sul Global em sistemas de representação multilateral, como FMI, Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio (OMC).

“No documento aprovado, eu gostaria de destacar o firme rechaço de todos à insurgência do protecionismo comercial”, afirmou Vieira, sem citar nominalmente os Estados Unidos ou o presidnete Donald Trump.

O texto, que também não traz menção ao presidente americano, informa que os ministros condenaram tentativas unilaterais de minar trabalho das instituições multilaterais globais e prejudicar a implementação de seus respectivos mandatos.

O documento da presidência brasileira também afirma que os chanceleres do Brics enfatizaram a necessidade de reforma abrangente da arquitetura financeira global para ampliar voz de países em desenvolvimento.

Vieira justificou a divulgação de um texto assinado apenas pelo Brasil como uma forma de ganhar tempo até a reunião dos chefes de Estado do grupo, marcada para julho, também no Rio.

“Estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades para a declaração dos chefes de Estado. Daqui até julho será trabalhada uma declaração final com o peso que esse grupo pede”, afirmou.

O ministro conversou com jornalistas nesta terça-feira, último dia da reunião de chanceleres do Brics, que começou ontem, no Palácio do Itamaraty, no centro do Rio.

O embaixador Maurício Lyrio, principal negociador brasileiro no grupo e secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, e o chefe de gabinete do ministério de Relações Exteriores, o embaixador Ricardo de Souza Monteiro, também participaram da entrevista coletiva.