O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi um dos mais de 50 chefes de Estado e outras autoridades políticas presentes no funeral do papa Francisco, neste sábado (26), no Vaticano, onde prestou homenagem ao líder católico, com quem discordava abertamente em diversas questões.
Antes da celebração, Trump também se encontrou brevemente com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, antes da missa. A Casa Branca e o gabinete de Zelensky confirmaram a reunião.
O diretor de comunicações da Casa Branca, Steven Cheung, disse que os dois políticos “se encontraram em particular hoje e tiveram uma discussão muito produtiva”, acrescentando que mais detalhes seriam fornecidos mais tarde.
Trump chegou ao Vaticano acompanhado da primeira-dama, Melania Trump, e sentou-se na primeira fila, não muito longe do presidente francês Emmanuel Macron, para a liturgia na Praça da Basílica de São Pedro.
À repórteres, Trump disse na sexta-feira (25), durante o voo à Roma, que estava comparecendo ao funeral “em respeito” ao pontífice, que morreu na segunda-feira (22) após sofrer um derrame, aos 88 anos.
Francisco discordou veementemente da abordagem do líder republicano a questões como imigração, tratamento de imigrantes e mudanças climáticas. O primeiro desentendimento entre o pontífice argentino e o presidente dos EUA foi sobre imigração. Em 2016, Francisco, em referência ao então candidato à Casa Branca e sua promessa de construir um muro na fronteira, disse que qualquer um que construa um muro para impedir a travessia dei migrantes “não é cristão”. Em resposta, Trump chamou o comentário de “vergonhoso”.
Mas após a morte do jesuíta argentino, Trump o descreveu como um “bom homem” que “trabalhou duro” e “amou o mundo”. Ele também ordenou que as bandeiras americanas fossem hasteadas a meio mastro em sua homenagem.
Trump disse em algumas ocasiões antes de deixar Washington que teria “muitas” reuniões com seus colegas fora do funeral. Mas ele pareceu recuar ao voar para Roma.
“Francamente, é um pouco desrespeitoso ter reuniões quando você está em um funeral papal”, disse ele aos repórteres que o acompanhavam a bordo do Air Force One. “Vou conversar com as pessoas. Vou ver muita gente.”
Os líderes da França, Reino Unido, Espanha, Hungria e Argentina devem comparecer ao evento.
Uma pessoa com quem Trump não esperava interagir era o ex-presidente Joe Biden, um católico praticante que compareceu ao funeral com sua esposa, Jill. Biden, usando seus característicos óculos de aviador, estava sentado várias fileiras atrás de Trump, que havia dito que não sabia que seu antecessor democrata estaria no Vaticano. Questionado se eles se encontrariam, Trump disse: “Não está no topo da minha lista. Realmente não está.”
Trump não ofereceu detalhes quando perguntado se ele se encontraria com outros líderes de passagem ou manteria conversas mais aprofundadas.
“É um pouco difícil porque não temos muito tempo”, acrescentou, observando sua chegada tardia a Roma. Ele deve retornar a Washington imediatamente após o funeral.
“Acho que vamos tentar ver algumas pessoas que são importantes para o que estamos fazendo”, disse Trump, que está tentando intermediar um cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia e negociar acordos comerciais com vários países.
Imediatamente após Trump ser escoltado até seu assento para o funeral, Zelenskyy foi recebido com uma ovação de pé pelos enlutados ao deixar a Basílica de São Pedro.
Em uma publicação em sua plataforma de mídia social, Truth Social, logo após sua chegada à capital italiana, o presidente dos EUA escreveu que Kiev e Moscou deveriam se reunir para “conversas de alto nível” sobre o fim da sangrenta guerra de três anos desencadeada pela invasão da Rússia. Seu enviado, Steve Witkoff, se encontrou com o presidente russo Vladimir Putin na sexta-feira, e Trump disse que os dois lados estavam “muito próximos de um acordo”. Putin não compareceu ao funeral.