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quinta-feira, abril 24, 2025

Veja o valor do dólar durante governo Lula

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O dólar movimenta os mercados globais e determina as políticas cambiais dos países que integram sistemas de compra e venda.

Da fatia de bolo – o Brasil não produz trigo suficiente e precisa comprar de fora, com valor negociado em dólar – à tarifa da corrida em carro de aplicativo – cerca de 10% da gasolina oferecida nos postos brasileiros também é importada, o que é repassado ao consumidor final – o preço da moeda americana afeta a vida de todo mundo, literalmente.

A alta do dólar comercial – aquele usado para transações financeiras e mercantis, diferente do dólar turismo, que costuma ser mais caro por conta das taxas de custos operacionais (transporte, venda física, segurança) – abala não só a economia e a política de um país, mas também a imagem do governante do momento, que tende a perder popularidade, associada ao aumento do preço de produtos e serviços.

Quanto está o dólar no governo Lula?

Veja os números registrados mês a mês desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no gráfico e na tabela a seguir:

No primeiro mês do atual governo Lula, a variação do dólar se manteve na casa dos R$5, como no último mês do ex-presidente Jair Bolsonaro no poder: em dezembro de 2022, US$ 1 se manteve entre R$ 5,20 e R$ 5,36, de acordo com os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (CEPEA-USP); enquanto em janeiro de 2023, a proporção dólar-real ficou de US$ 1 para R$ 5,36 e R$ 5,07.

O economista-chefe da consultoria Análise Econômica, André Galhardo, diz que Lula retornou ao poder com desconfiança do mercado, especialmente pela incerteza quanto às promessas de campanha e ao cumprimento ou não da capacidade de pagar as dívidas públicas, razões que podem ter motivado a manutenção do câmbio no patamar de R$ 5 no começo do terceiro mandato.

De abril de 2023 a fevereiro de 2024, o dólar apresentou pequenas variações, com destaque para a primeira queda para a casa dos R$ 4 depois de 10 meses (desde junho de 2022).

Apesar de 2023 ter encerrado com um déficit fiscal nominal (quando o governo gasta mais do que arrecada somado com a incidência de juros sobre a dívida) de R$ 879,1 bilhões – de acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU) –, um impacto da regularização de precatórios (valores que a União deve a quem ganhou causas na Justiça contra ela) que deixaram de ser pagos pelo governo anterior, o dólar teve a melhor performance durante o governo Lula III até o momento.

Sobre a disparada do dólar em 2024, especialmente no final do ano, Galhardo avalia que a situação teve a ver com tópicos como o risco fiscal– a possibilidade de o governo brasileiro não conseguir arcar com as contas públicas, mas aponta outras duas possíveis causas:

  • Taxas de juros americanas altas: investidores estrangeiros deixam de aplicar dinheiro em países em desenvolvimento – como o Brasil, que precisa, e colocam capital nos títulos públicos americanos, que são os mais seguros do mundo, com alta garantia de retorno;
  • A insegurança global do comércio exterior pela reeleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, que fez promessas de campanha austeras em relação à política economia.

No começo de 2025, o real tomou fôlego frente ao dólar comercial e bateu a marca de segunda moeda mais valorizada do mundo, “atrás apenas do rublo russo”, relembra o economista-chefe da Análise Econômica.

Em janeiro, a moeda brasileira fechou o mês em R$ 5,83, uma queda de 5,5% em relação ao câmbio de dezembro do ano anterior. Até março, o real se manteve no pódio do ranking das moedas mais valorizadas, ocupando o terceiro lugar com a cotação de R$ 5,70 em relação ao dólar.

Galhardo explica que o cenário oscilante da política econômica internacional, com o clima hostil no comércio exterior devido às tarifas de importação e exportação, faz com que o câmbio flutue desordenadamente e que a maioria das moedas percam valor frente ao dólar.

Comparação com os governos anteriores

Na chegada de Lula ao poder, em 2002, houve a elevação das taxas de juros no Brasil pela tensão social, política e econômica em relação ao comportamento do novo presidente, principalmente diante do alto endividamento externo do país à época.

Galhardo aponta que a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001 ajudou a economia brasileira a se estabilizar, já que o país oriental é um grande comprador de commodities (produtos primários) e o Brasil é um produtor e exportador de matérias-primas. Isso fez com que o preço das commodities se valorizasse no mercado internacional, o que levou o Brasil a acumular reserva de moeda estrangeira e favoreceu o governo brasileiro, liderado por Lula.

Durante dos dois primeiros mandatos do presidente, o país viu a chegada massiva do dólar na figura de investimentos estrangeiros, parte da estratégia aberta do governo às relações internacionais.

A postura de Lula afastou incertezas do mercado. A condução das contas públicas foi favorável, seguindo as diretrizes orçamentárias, e o Brasil conquistou superávits primários sucessivos.

Dilma Rousseff assumiu a presidência em 2011 com alta popularidade, e inverteu os rumos da condução das contas públicas. No fim do primeiro mandato da então presidente, houve uma crise econômica associada à política fiscal expansionista, com aumento dos gastos públicos, o que potencializou o risco fiscal e, consequentemente, fez o dólar disparar.

Ao assumir a presidência após o impeachment de Rousseff, Michel Temer – que ficou no cargo de agosto de 2016 a dezembro de 2018 –, também enfrentou a volatilidade do dólar, apesar da postura pró-mercado do ex-presidente.

A instabilidade da situação política e econômica do Brasil durante as eleições presidenciais de 2018 afetou o câmbio e o dólar seguiu em alta. A chegada de Jair Bolsonaro ao poder, com o discurso “antissistema” – contra as operações e as instituições de poder vigentes – e de livre mercado fez com que o dólar caísse em um primeiro momento.

O movimento gradual e contínuo de valorização da moeda brasileira despencou com a pandemia, com as polêmicas antidemocráticas do governo e com a medida tomada pelo Ministério da Economia no governo Bolsonaro (em 2020, o Banco Central era vinculado ao ministério) de reduzir os juros brasileiros. O dólar aumentou proporcionalmente ao risco fiscal das contas públicas. A moeda americana se recuperou no pós-pandemia e o real seguiu desvalorizado.

[Fonte Original]

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