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sábado, maio 17, 2025

Apresentação – Revista Cult

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Boneca de palha de mulher com criança nas costas, do povo Sêneca, da América do Norte, século 19 (The Metropolitan Museum of Art)

 

Não é grande novidade que, no esquema tradicional de gênero das sociedades de matriz simbólica ocidental como a nossa, o feminino seja associado à natureza, enquanto o masculino, à razão (esse binômio iluminista decrépito que ainda nos massacra). A “mãe natureza” é, afinal, a representação de todas as coisas selvagens (e, portanto, imutáveis, verdades nuas) que se convencionou chamar neste século de “biológicas” – com o requinte discursivo da criação de uma suposta condição “genética” do gênero, o sexo, que justificaria e determinaria todas as construções simbólicas associadas a esse lugar – o de mulher. Quando um casal de duas mulheres dá à luz, em muitos lugares do mundo uma delas é registrada como “mãe adotiva”. A mãe adotiva é a mãe que demanda um predicado especificando sua condição – não é, afinal, uma “mãe” em si. Quando Freddy McConnell, um homem trans, engravidou e deu à luz seu próprio bebê (muito biológico, sim, incontestavelmente), ele foi declarado “mãe” pelo Estado, que justificou sua decisão dizendo que, para ter acesso à licença-maternidade e aos direitos legais atribuídos a gestantes e parturientes, era preciso estar registrado como “mãe”. No Brasil, na última década pelo menos, diversos casais compostos por mulheres cis junto a suas companheiras trans e travestis enfrentaram dificuldades após o nascimento de seus bebês, devido a sistemas que não permitiam duas mães biológicas no registro.

Na matriz simbólica ocidental, esses elementos aparecem atrelados un

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