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quinta-feira, abril 24, 2025

Crítica | Godzilla vs. Hulk (2025) – Plano Crítico

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Consideravelmente mais interessante do que o embate do lagartão com o Quarteto Fantástico, esta Godzilla vs. Hulk já começa com um ritmo acelerado, jogando-nos num evento de proporções colossais em andamento, enquanto o General Ross, à frente dos Thunderbolts (ele, Doc Samson e Samuel Sterns), lidera uma caçada contra Godzilla, o último grande monstro em sua lista de alvos que já inclui nomes como Fin Fang Foom e Surtur. Bruce Banner, um cientista que parece ter deixado o Hulk no passado, é arrastado para o centro do conflito, e o que se desenrola aí é uma trama com breves momentos chamativos e algumas questões densas, como o pensamento sobre os limites da intervenção militar no combate a criaturas destruidoras e as consequências de tentar domar forças que talvez sejam melhor deixadas sozinhas. Apesar disso, a sensação que fica é a de um potencial que não se concretiza plenamente, com escolhas narrativas que privilegiam a ação mal organizada (falarei adiante sobre a minha bronca com a diagramação aqui) em detrimento de uma exploração mais cuidadosa de seus personagens, especialmente no destaque às batalhas, que é o que verdadeiramente importa em histórias do gênero.

Liderados por Ross, os Thunderbolts fazem uma abordagem destruidora contra qualquer forma de monstruosidade, e reflete uma mentalidade militarista que não hesita em sacrificar vidas ou aliar-se a figuras duvidosas, como o Doctor Demonicus, criador de um “incinerador de kaiju” que promete aniquilar Godzilla. Essa parceria, embora eficaz em termos práticos, carrega um peso ético que a história apenas insinua, sem mergulhar de fato nas implicações de unir forças com alguém cuja ciência desafia os limites da moralidade, evocando paralelos com momentos históricos em que alianças improváveis foram forjadas contra um inimigo comum. Enquanto isso, a arte de Giuseppe Camuncoli captura muito bem a grandiosidade dos embates, com traços que exaltam a escala dos monstros, mas tropeça em uma diagramação que corta cenas em momentos estranhos, quebrando a fluidez das interações e deixando o leitor com a impressão de que algo essencial ficou perdido entre os quadros. É um contraste curioso: o visual combina com a abordagem, mas a estrutura que o sustenta nem sempre acompanha o mesmo padrão.

A presença inicial de Bruce Banner oferece um contraponto intrigante ao caos externo provocado por Ross e seus planos. Introduzido como alguém “normal“, pois todos acreditam ter enterrado o Hulk anos antes, Banner passa da repressão da própria natureza (repetindo o conflito comum de suas histórias: a questão da identidade e do autocontrole) para o modo de preservação e luta. Quando o Golias, enfim, vem à tona, a trama segue um outro rumo, e o leitor lamenta que o verdão não tenha aparecido mais cedo. A inclusão de referências ao legado de Godzilla, trazendo criaturas (iscas) como Kumonga, Mothra e máquinas como Mechagodzilla, adiciona um sabor nostálgico que encanta o leitor, mas também reforça a sensação de que a obra se apoia demais na reverência ao passado, hesitando em arriscar algo verdadeiramente novo com todo esse time interagindo com o Hulk, mesmo que, como eu já comentei, existam algumas boas cenas aqui, e a linha dramática seja mais interessante do que o encontro do Rei dos Monstros com a Primeira Família.

Um pouco abruptamente, o desfecho vem com um diálogo entre Bruce e Ross sobre a monstruosidade e suas “vantagens”, injetando uma nota de ambiguidade e sugerindo que o general pode ter sido tocado pela gosma de Hedorah, aqui, forjado por Demonicus. É uma deixa instigante, mas que não apaga a frustração de um final reticente em algumas coisas e atropelado em outras, como se a história tivesse corrido para o clímax sem tempo de respirar ou amarrar suas pontas coerentemente. Ao tentar domar esses monstros, sejam eles de carne, lixo ou radioatividade, talvez o maior desafio esteja em reconhecer que nem todo caos pode ser controlado… e que criaturas como Godzilla não estão na Terra para verdadeiramente destruí-la, mas para protegê-la — aliás, na abordagem mais famosa da atualidade, com o Monsterverse, essa tem sido a tônica desde Godzilla II: Rei dos Monstros (2019). Está mais do que claro que este é o monstro que vale a pena salvar. O problema é: será que TODAS as revistas dessa série de personagens da Marvel contra o lagartão vão seguir o exato mesmo padrão de começar combatendo, para depois usar o bichão como arma contra criaturas piores? Haja paciência, viu…

Godzilla vs. Hulk (EUA, 16 de abril de 2025)
Roteiro: Gerry Duggan
Arte: Giuseppe Camuncoli
Arte-final: Daniele Orlandini
Cores: Federico Blee
Letras: VC’s Ariana Maher
Capa: Giuseppe Camuncoli, Daniele Orlandini, Federico Blee
Editoria: Jordan D. White
25 páginas



[Fonte Original]

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