Apex busca ampliar relação com a China para além da fronteira do agronegócio

“A Apex tem feito um trabalho muito proativo para ir além do setor agro, que já é muito bem consolidado na China. Estamos trabalhando muito com a Embaixada do Brasil na China para promover a indústria do audiovisual brasileiro. Depois de muito trabalho anunciamos a estreia do filme ‘Ainda Estou Aqui’ na China. Os ingressos esgotaram em duas horas”, afirmou Victor Queiroz, chefe do escritório da ApexBrasil na China.

Durante o painel “Investir no Brasil”, realizado no primeiro dia do “Summit Valor Econômico Brazil-China 2025”, que acontece em Xangai, no hotel Mandarin Oriental Shanghai, Queiroz ressaltou ainda o trabalho do governo brasileiro para aumentar as exportações em outros setores do agronegócio, como frutas e pescados. Sem poder dar detalhes, Queiroz disse que haverá uma novidade nas liberações das exportações de pescado do Brasil para a China.

“Temos muito interesse em todos os produtos, como o setor de frutas e teremos uma liberação importante que ainda não posso divulgar, no setor de pescados. Temos grandes oportunidades no setor de extrato de pescados para as exportações do Brasil. Os curtumes também têm feito um grande trabalho na China”, destacou Queiroz.

Segundo estudos da Apex, em 2024, a China foi responsável por 28% do valor total exportado e 41,4% do superávit comercial do Brasil. No mercado chinês, o Brasil já é o maior fornecedor de soja, carne bovina, celulose, açúcar e carnes de aves.

Apesar dos números expressivos, as exportações brasileiras ainda estão muito concentradas em commodities. Dados da Apex mostram que, no total do volume exportado, a soja representa 33,4%, o petróleo bruto entra com 21,2% e o minério de ferro, com 21,1%. Esses três produtos representam 75,6% do volume total de exportações do Brasil para a China, e o desafio da Apex é a diversificação das exportações e o aumento do valor agregado.

Queiroz destacou que o escritório da Apex na China busca oportunidades para a entrada de produtos brasileiros mais elaborados, como manufaturados, com foco no comércio eletrônico chinês. No segundo semestre, um dos destaques será a missão de startups brasileiras em território chinês. “A Apex não está só concentrada no agro, estamos trabalhando em outros setores, como indústria, tecnologia e startups. Teremos muitas missões no próximo semestre para startups brasileiras”, afirmou Queiroz.

Em busca de investimentos chineses, o governador do Estado do Rio de Janeiro, Claudio Castro, que também participou do painel, destacou a área de mobilidade urbana, incluindo a concessão das linhas 3 e 4 do metrô do Rio de Janeiro. Castro disse que há conversas adiantadas com empresas chinesas para aquisição de câmeras de segurança pública com inteligência artificial embarcada.

Segundo Castro, essa aquisição será “um divisor de águas na segurança pública do Rio de Janeiro”. O governador ressaltou que o monitoramento de vídeo com inserção da inteligência artificial tem sido fundamental para todos os países que conseguiram melhorar a questão da segurança pública. “Estamos estudando com muita profundidade, sobretudo porque o Rio de Janeiro tem que apresentar, dentro de 180 dias, um plano de segurança pública ao Supremo Tribunal Federal no âmbito da ADPF 635.” A ADPF é uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. A ADPF 635, também chamada de ADPF das Favelas ou ADPF da Insegurança Pública, foi ajuizada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB).

Rui Gomes, presidente da Invest São Paulo, disse durante o painel que o Brasil tem uma grande oportunidade de estabelecer novas oportunidades de negócios diante da guerra tarifária que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem anunciado, sobretudo com impacto na China. Ele destacou que o Brasil oferece segurança jurídica para que os investidores chineses possam se estabelecer no país com projetos de longo prazo, citando o exemplo das concessões no Estado de São Paulo.

“Temos que fazer uma construção de novas oportunidades entre China e Brasil. Temos uma gama de setores que podem atrair interesse do capital chinês. Existe muito interesse do capital chinês na indústria automotiva e toda a sua cadeia de fornecimento. Temos o setor de geração de energia e mobilidade urbana, vemos players chineses entrando em projetos de trem entre cidades e olhando o túnel imerso Santos-Guarujá”, disse Gomes.