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terça-feira, abril 29, 2025

Atual ciclo de elevação dos juros terá forte impacto para empresas não financeiras, diz BC

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O Banco Central (BC) estimou que o atual ciclo de elevação na taxa de juros “terá forte impacto para as empresas não financeiras, porém mais moderado que durante a recessão de 2015-2016″. A avaliação consta no Relatório de Estabilidade Financeira (REF) referente ao segundo semestre de 2024 e publicado nesta terça-feira.

O estudo do BC estimou o Índice de Cobertura de Juros (ICJ) e o retorno sobre o patrimônio das empresas de capital aberto no horizonte de um ano a partir os dados de setembro de 2024. Segundo a avaliação, a capacidade de pagamentos “cairá expressivamente”.

Sobre o ICJ, a situação das empresas com o indicador, calculado como a razão entre Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e o resultado financeiro menor que 1 seria melhor do que a verificada durante a recessão de 2015 e 2016 e na pandemia.

O relatório também destacou que o impacto do ICJ deve ser visto com “bastante cautela” porque o “choque de juros” pode ser positivo para empresas que tenham aplicações financeiras e que teriam aumento nas receitas financeiras.

Na avaliação de rentabilidade, a estimativa é de que o indicador cairia para um nível menor do que o da pandemia, mas maior do que observados em 2015 e 2016.

O REF apontou ainda que, apesar do dinamismo da economia brasileira, a capacidade de pagamento das famílias e empresas “segue desafiadora”.

O documento destacou que o contexto recente tem sido de melhora de renda, emprego e com nível de atividade surpreendendo positivamente. No entanto, o comprometimento de renda das famílias está em patamar historicamente alto e subindo.

“Mais especificamente, o CR [comprometimento de renda] das famílias tomadoras de crédito no SFN elevou-se em praticamente todas as faixas de renda. As empresas, por sua vez, estão com alavancagem elevada e capacidade de pagamento pressionada pelo aperto das condições financeiras”, diz o REF.

Segundo o relatório, a tendência é de redução da materialização de risco no curto prazo pelo aumento das carteiras, mas há expectativa de mudança no médio prazo devido ao ciclo de elevação dos juros e a “desaceleração econômica associada”.

O REF explicou que o crescimento das carteiras tem causado uma redução do percentual de ativos problemáticos no crédito para micro, pequenas e médias empresas e famílias. Para o BC, o Sistema Financeiro Nacional (SFN) está bem provisionado.

“A constituição de provisão tem acompanhado a dinâmica das perdas esperadas na maioria das instituições”, diz o relatório. Além disso, a avaliação do BC é que as novas regras para contabilizar instrumentos financeiros, que alinham a regulação ao padrão internacional do IFRS9, “requerem provisão para perdas esperadas para um escopo ampliado de instrumentos e níveis regulamentares de provisão para perdas incorridas e esperadas”.

O BC avaliou no REF que não há risco relevante para a estabilidade do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Para o BC, o SFN tem níveis de capitalização e liquidez confortáveis, além de provisões adequadas para o nível de perdas esperadas. “Além disso, os testes de estresse de capital e de liquidez demonstram a robustez do sistema bancário”, apontou o REF.

Segundo o relatório, o financiamento à economia real continuou a acelerar no segundo semestre de 2024, mas as instituições financeiras indicaram mais cautela no apetite ao risco neste ano, como mostrou a Pesquisa Trimestral de Condições de Crédito (PTC).

O documento destacou que mesmo com o início do ciclo de elevação da taxa básica de juros em setembro de 2024, o crédito às famílias continuou acelerando em modalidade de menor risco e para tomadores com menor renda. Também houve uma “leve piora” na qualidade das contratações de crédito.

No crédito para as empresas, a análise constatou que os critérios de contratação não se alteraram de forma significativa. “Com efeito, os riscos relacionados à situação financeira de famílias e empresas continuam demandando a preservação da qualidade das concessões”, destacou o relatório.

Ao explorar os resultados dos testes de estresse de liquidez e capital e das análises de risco apontadas, o relatório destacou que o sistema bancário segue resiliente, mas, em um cenário simulado de crise de confiança, grupo “considerável” de bancos teria restrições para distribuir lucros.

“Os resultados dos testes de estresse de capital permanecem indicando que não haveria desenquadramentos relevantes nos cenários simulados. Ressalta-se que o cenário de crise de confiança partiu de uma situação econômica inicial mais fragilizada do que a considerada no REF anterior. Esse cenário mais estrito foi relevante para que instituições que representam mais de 40% do sistema, embora enquadradas, ficassem com restrições a distribuir lucros”.

Já a rentabilidade do SFN “segue melhorando”, mas as condições financeiras restritivas “podem limitar avanços em 2025”, diz o relatório do BC.

De acordo com o documento, a melhora da rentabilidade é explicada principalmente pelo aumento do resultado dos juros das operações de crédito e recuo da materialização de risco, o que ajuda a reduzir custos com provisões.

“Esse avanço gradual deve continuar, porém com efeito mais moderado. Isso porque há expectativa de cautela na expansão do crédito, o endividamento de famílias e empresas está elevado, e o aperto monetário elevará o custo de captação”, destacou o REF.

O documento também apontou que os segmentos do SFN mostram desempenhos distintos no segundo semestre de 2024, com avanço maior na rentabilidade no segmento “digitais”, nova redução da rentabilidade do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC) e uma estabilidade nos segmentos “S1 Privados”, “Públicos” e “Demais IFs”.

O retorno sobre o patrimônio (ROE, na sigla em inglês) acumulado em 12 meses do SFN ficou em 16,3% em dezembro de 2024 contra 15,8% em junho do mesmo ano.

O sumário executivo do REF também ecoou algumas avaliações que constavam na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Segundo o relatório, o ambiente externo continua desafiador por conta da conjuntura e da política econômica dos Estados Unidos. Já no cenário doméstico, o REF destacou que embora “tenham surgido sinais de incipiente moderação no crescimento, a atividade econômica e o mercado de trabalho seguiram dinâmicos”.

Sobre o mercado de trabalho, o relatório ainda destacou que os dados recentes apontam alguma moderação pela redução na margem da população ocupada, “mas em ambiente de desemprego baixo e melhora da renda”.

[Fonte Original]

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