As bolsas em Nova York tiveram alívio nesta segunda-feira, após o presidente americano, Donald Trump, comunicar no fim de semana que produtos eletrônicos da China estariam isentos de parte das tarifas anunciadas. Embora os principais índices de ações americanos não tenham sustentado a alta de maneira tão firme ao longo do dia, o saldo no fim da sessão foi positivo. O mercado permanece em estado de cautela, diante da elevada incerteza no cenário econômico, e a piora nas expectactivas de inflação e sentimento do consumidor. O dólar americano caiu, enquanto os rendimentos dos Treasuries interromperam uma forte sequência de altas.
Em Wall Street, o índice Dow Jones subiu 0,78%, aos 40.524,79 pontos, o S&P 500 teve alta de 0,79%, aos 5.405,97 pontos, e o Nasdaq avançou 0,64%, aos 16.831,484 pontos. No S&P 500, as ações de tecnologia (+0,63%) lideravam os ganhos no começo do dia, mas o setor imobiliário (+2,15%) e serviços públicos (+1,75%) terminaram o dia como as maiores altas.
Apesar do rali de tecnologia não ter se sustentado ao longo da sessão, os analistas do UBS WM dizem esperar que as ações do setor continuem se recuperando. “Acreditamos que empresas da cadeia de suprimentos nos segmentos de semicondutores e hardware devem se beneficiar no curto prazo, à medida que compradores aproveitam a pausa tarifária para realizar compras antecipadas. Esses compradores podem incluir tanto clientes finais quanto marcas de tecnologia ou fabricantes”, eles dizem, em nota.
Na visão do banco, a pausa nas tarifas comunicada por Trump demonstra uma sensibilidade ao estresse do mercado. No entanto, membros do governo vêm minimizando esse recuo, com o presidente americano e o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, prometendo tarifas extras sobre semicondutores, após a retirada de taxas sobre produtos eletrônicos.
“A pausa de 90 dias nas tarifas para a maioria dos países e a isenção de importações tecnológicas importantes sugerem que o governo dos EUA está levando em conta os riscos financeiros e os custos, além da disposição dos países em negociar”, opina a BlackRock, que voltou a reduzir “cautelosamente” sua exposição ao risco no final da semana passada. Apesar disso, a gestora ressalta que as tarifas podem pesar sobre o crescimento econômico e a inflação e destaca que a incerteza ainda é muito elevada.
A BlackRock também vê um horizonte positivo para o setor de tecnologia. “A recente liquidação ampla no mercado de ações criou oportunidades em setores específicos, e a seletividade é essencial. Continuamos gostando do setor de tecnologia nos EUA, que se beneficia do avanço da IA”, diz a gestora.
No cenário macro, em linha com uma sequência de dados cada vez piores de sentimento e confiança do consumidor nos Estados Unidos, uma pesquisa do Federal Reserve (Fed) de Nova York mostrou que as expectativas de inflação nos Estados Unidos para daqui a um ano subiram de 3,1% em fevereiro para 3,6% em março. Para o horizonte de três anos, as expectativas permaneceram inalteradas em 3% e, para daqui a cinco anos, recuaram de 3% para 2,9%. Na semana passada, o levantamento mais recente da Universidade de Michigan mostrou mais uma piora no sentimento do consumidor americano e as expectativas para a inflação em um ano saltaram para 4,4% no prazo de um ano e para 6,7% em cinco.
Até o momento, os dirigentes do banco central americano reforçaram a necessidade de cautela, argumentando que a política monetária está em uma posição confortável enquanto se aguarda por mais detalhes.
O diretor Christopher Waller, no entanto, que é uma voz influente dentro do colegiado, resolveu “falar sobre o elefante na sala” nesta segunda-feira, conforme ele descreveu. Waller vê duas possibilidades de como as tarifas anunciadas por Trump podem afetar a economia americana: um de manutenção dos níveis atuais de tarifa média efetiva, em torno de 25%, no qual os efeitos negativos seriam maiores e seria necessária uma resposta mais firme do Fed, e outro com uma tarifa média mais branda, de 10%. Em ambos os cenários, porém, o impacto sobre a inflação deve ser temporário, na visão dele.
Nesta segunda-feira, os rendimentos dos Treasuries interromperam a sequência de forte alta das últimas sessões, à medida que o mercado se questionava sobre o status de “porto seguro” dos títulos públicos americanos. As políticas agressivas de Trump abalam a confiança de investidores estrangeiros, que são fundamentais para financiar a dívida pública americana por meio da compra de títulos do Tesouro. Pela tarde, os Treasuries ampliaram os ganhos após os comentários de Waller, do Fed.
Por volta das 18h (de Brasília), os rendimentos dos Treasuries com vencimento em dois anos caíam para 3,858%, de 4,870% no fechamento anterior, e os rendimentos com vencimento em dez anos recuavam para 4,376%, ante 4,494% na última sessão. No mesmo horário, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente uma cesta de outras seis moedas fortes, recuava 0,40%, aos 99,70 pontos.
O Barclays voltou a recomendar a compra de Treasuries de cinco anos, argumentando que o meio da curva de juros voltou a parecer atraente do ponto de vista risco-retorno.
“Com os rendimentos dos Treasuries de 5 anos negociando pouco abaixo da taxa de política monetária atual, há uma assimetria nos níveis de rendimento: se a economia enfraquecer mais do que o esperado, há muito mais espaço para os rendimentos caírem do que subirem, dizem os analistas do banco, em relatório.
Embora as preocupações com a demanda estrangeira no médio prazo sejam válidas, na visão do Barclays, elas ainda são limitadas.As principais bolsas de Nova York fecharam em alta nesta segunda-feira (14), na medida em que ações ligadas ao setor de tecnologia se beneficiam do recuo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que não irá incluir smartphones, equipamentos para a fabricação de chips e certos computadores nas tarifas recíprocas.
No fechamento, o índice Dow Jones subiu 0,78%, aos 40.525,13 pontos, enquanto o S&P 500 ganhou 0,80%, aos 5.406,03 pontos, e o Nasdaq teve alta de 0,64%, aos 16.831,48 pontos. Os setores de tecnologia (0,63%) e saúde (1,18%) foram dois dos melhores desempenhos hoje.
As ações da Apple foram uma das mais beneficiadas com o recuo de Trump, subindo 2,21% no fechamento. Os American Depositary Receipts (ADRs) da chinesa PDD Holdings também tiveram um dos melhores desempenhos, com avanço de 4,73%. Os papéis da Intel (2,89%) também tiveram forte alta. A farmacêutica AstraZeneca teve bom desempenho (2,61%).
Vale mencionar, no entanto, que o bom humor com relação ao recuo de Trump pode ser temporário. O secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, alertou que, apesar dos itens de tecnologia estarem fora das tarifas recíprocas, eles estarão incluídos nas tarifas sobre os semicondutores, que provavelmente entrarão em vigor nos próximos dois meses.
Ainda assim, os recorrentes recuos de Trump na aplicação de sua política comercial foram suficientes para um maior apetite dos investidores para ativos de risco. “O risco de um acidente financeiro a curto prazo diminuiu”, disse a BlackRock, em nota. A gestora disse que agora está ampliando o horizonte tático de três para seis a 12 meses, revertendo sua decisão da semana passada.
“Também renovamos nossa posição de compra em ações americanas e japonesas. As ações americanas são sustentadas pelo tema da IA, lucros corporativos resilientes e uma economia sólida até o momento”, disse a gestora. Mesmo com a melhora no cenário, a BlackRock ainda prevê volatilidade nos ativos de risco e reversões potencialmente acentuadas.