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quinta-feira, abril 24, 2025

Dólar à vista termina em leve queda em dia de maior volatilidade e atenção a Trump

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O dólar à vista fechou com leve desvalorização frente ao real na sessão desta quarta-feira, dia marcado por maior volatilidade no câmbio. Pela manhã, o dólar operava em leve queda frente à maioria das moedas emergentes e avançava contra moedas de mercados desenvolvidos, e a dinâmica ganhou força nas primeiras horas de negociação, com a moeda americana chegando a bater no nível de R$ 5,65 na mínima da sessão. Na parte da tarde, no entanto, dúvidas sobre os próximos passos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ajudaram a reduzir a busca por ativos de risco e a fortalecer o dólar frente a moedas de mercados emergentes.

Encerradas as negociações, o dólar à vista registrou queda de 0,16%, a R$ 5,7184, depois de bater na mínima de R$ 5,6584 e encostar na máxima de R$ 5,7279. Já o euro comercial teve queda de 1,01%, a R$ 6,4752. Perto do horário de fechamento do mercado “spot”, o real listava entre as cinco moedas com melhores desempenhos frente ao dólar. O índice DXY, por sua vez, apreciava 0,94%, aos 99,848 pontos.

Desde o começo das negociações de hoje, o dólar operava em queda frente ao real. O recuo do presidente Trump, seja em relação à agressividade contra a China, seja em relação ao Federal Reserve (Fed), abriu espaço para que os investidores voltassem a buscar ativos de risco. Moedas de mercados emergentes, portanto, exibiram recuperação no começo das negociações. Como a recuperação do real vinha se mostrando mais limitada nas últimas semanas, a moeda brasileira pareceu ter respondido melhor ao cenário global menos estressado, segundo a leitura de um operador de câmbio.

A recente perda de força do dólar, em especial contra moedas de mercados desenvolvidos, não é sinal de perda de credibilidade da moeda americana, afirma o economista-chefe da Neo Investimentos, Luciano Sobral.

“Ainda é cedo para fazer essa afirmação. Ao meu ver, o que estamos presenciando agora é uma reversão do exagero que ocorreu no fim de 2024 e começo deste ano, daquela ideia de que só havia espaço para ter posição em ativos em dólar, em ativos dos Estados Unidos”, afirma. “Depois da divulgação das medidas tarifárias no começo deste mês, o pêndulo começou a ir para o outro lado, deixando de ser interessante ter tanta exposição em dólar.”

Ainda segundo Sobral, se o governo americano levar a sério a ideia de tentar acomodar as tensões comerciais e evitar uma briga com o Fed, o estresse observado nas últimas semanas tende a desaparecer e os mercados se acomodarem.

“Quando olhamos para moedas alternativas ao dólar, pensamos nas economias: a Europa e o Japão têm dificuldades de crescer e a Suíça não tem tamanho de mercado para fazer frente”, afirma. “Com a independência do Fed garantida, o dólar vai continuar tendo as características desejadas por uma divisa de segurança e não deve perder a hegemonia tão cedo.”

Apesar dessa boa dinâmica para o real hoje, o Deutsche Bank aponta, em nota, que vulnerabilidades fiscais, a alta exposição a mudanças no comércio global e aos preços das commodities, e um ciclo de alta de juros que provavelmente atingirá seu pico nos próximos meses devem levar o investidor a ter cautela em relação ao real e a esperar uma ligeira desvalorização em relação ao dólar no final do ano e em 2026.

“Os riscos de maiores gastos fiscais e novas isenções para a classe média permanecem elevados à medida que nos aproximamos das eleições de 2026, enquanto o Brasil, como exportador de commodities, está vulnerável a uma desaceleração do crescimento global e às subsequentes flutuações do mercado”, dizem os estrategistas do banco. “No curto prazo, contudo, o real ainda desfruta de alto carry [diferencial de juros], o que pode favorecer a moeda em relação a outras divisas vulneráveis da América Latina e de mercados emergentes, como o peso colombiano.”

Em relação ao real, o economista da Neo diz que questões idiossincráticas têm ficado em segundo plano diante do alvoroço comercial. “Mais recentemente, vimos um descolamento no comportamento entre moedas de mercados emergentes e desenvolvidos, com a aversão a risco impedindo uma valorização mais firme das divisas de emergentes”, afirma. “Se o ambiente global se acomodar, acredito que de agora até a metade do ano haverá momentos que podem ser uma janela para o real apreciar.”

A leitura de Sobral é que daqui até o meio do ano não haja gatilhos políticos que atrapalhem o câmbio. “Acho pouco provável alguma definição de pauta tão cedo. O Congresso vai começar a discutir efetivamente qualquer tema mais importante, como reforma do imposto de renda, no segundo semestre. Acredito, portanto, que daqui até junho ou julho teremos um noticiário mais leve vindo de Brasília”, diz, acrescentando que o real tem a seu favor a Selic mais elevada. “Mas, de novo, é preciso que o cenário externo acalme, que é a nossa leitura aqui. De qualquer maneira, o real está menos frágil que seis ou oito meses atrás, dada a elevação recente da Selic. É caro carregar posições compradas em dólar de longo prazo contra o real. Quem faz isso, faz mais em posições mais táticas.”

[Fonte Original]

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