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terça-feira, abril 29, 2025

Dólar fecha perto de R$ 6 com escalada da guerra comercial e pressão sobre o yuan

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O dólar à vista voltou a exibir forte valorização frente ao real, a terceira seguida após o anúncio das medidas tarifárias pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, durante a sessão atingiram duramente o yuan. Com a apreciação de hoje, o dólar acumulou alta de 6,5% nos últimos três pregões, chegando a operar acima de R$ 6,00 durante as negociações desta terça-feira, ainda que tenha terminado ligeiramente abaixo deste patamar. Com o fechamento, a moeda americana atinge seu maior patamar desde 21 de janeiro, quando encerrou em R$ 6,03.

No fim dos negócios, o dólar à vista registrou alta de 1,47%, cotado a R$ 5,9973, depois de ter batido na mínima de R$ 5,8613 e encostado na máxima de R$ 6,0053. Já o euro comercial exibiu forte valorização de 1,86%, encerrando a R$ 6,5711. No exterior, perto do fechamento, o real tinha o pior desempenho frente ao dólar, das 33 moedas mais líquidas. Mais cedo, a rúpia da Indonésia havia assumido essa posição, por alguns minutos. Apesar da valorização firme contra moedas emergentes, o índice DXY recuava 0,32%, aos 102,930 pontos, no fim da tarde.

O real esteve boa parte da sessão com o pior desempenho frente ao dólar, na relação das 33 moedas mais líquidas acompanhadas pelo Valor, em parte refletindo o mau humor dos agentes financeiros com divisas mais sensíveis à economia chinesa. Hoje, os Estados Unidos anunciaram que a partir de amanhã passa a valer uma taxa composta de 104% contra produtos importados da China, dado que Pequim não retirou suas medidas retaliatórias. Isso bastou para que moedas asiáticas e outras divisas ligadas ao país e a commodities depreciassem.

A depreciação do real pode ter sido mais forte do que a desvalorização de moedas pares devido à dinâmica relativamente contida da moeda nos últimos dias. Na semana, o real continua avançando frente ao peso chileno e peso mexicano, por exemplo.

Pela manhã, o dólar abriu as negociações em queda e seguiu depreciado frente ao real boa parte das negociações. No entanto, perto do meio-dia, houve uma reversão na dinâmica, em meio à aproximação do prazo dado pelos EUA para que a China retirasse suas medidas retaliatórias. Diante disso, houve uma depreciação da moeda chinesa frente ao dólar.

O gestor de renda variável e moedas Pedro Carneiro, da Asset 1, lembra que, apesar da postura inicialmente agressiva de Donald Trump, investidores já vislumbram espaços de negociação. “Mas essa perspectiva é mais referente aos países em geral, com exceção da China. A melhora que vimos pela manhã parecia ser reflexo de alguma chance de negociação [dos EUA] com a Europa”, diz.

O estrategista-chefe da Warren Investimentos, Sérgio Goldenstein, diz que “os destaques do dia” foram a escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China e a depreciação do yuan offshore, com queda de mais de 1%, a maior diária desde a eleição americana. “Neste caso, surge o temor de que a resposta chinesa seja uma depreciação mais forte da sua moeda”, afirma.

Goldenstein lembra que a desvalorização do yuan pode ter efeito em moedas de mercados emergentes porque boa parte dos países desses mercados são exportadores de produtos para a China. “Se há uma depreciação mais forte da moeda chinesa, é natural que esse movimento seja acompanhado pelas divisas que estão atreladas aos preços de produtos exportados para a China. Senão, [os produtos desses países] estariam perdendo competitividade.”

No caso específico do real, o estrategista da Warren lembra que é difícil entender a dinâmica da moeda por um só dia e até mesmo atribuir ordem de importância para os diversos fatores que levam ao movimento percebido nos últimos dias.

“O que temos de hipótese é que, além dessa depreciação do yuan, há uma aversão a riscos causada pelo temor por uma recessão global, que leva a uma queda dos preços das commodities. Esses fatores por si só já pressionariam o câmbio em países emergentes”, afirma.

“No caso específico do real, há um fluxo cambial bastante negativo ainda neste começo de ano, que se estiver se estendendo pode estar exercendo pressão adicional no real”, ainda segundo o estrategista da Warren.

Além disso, houve no começo deste ano uma redução forte na posição líquida comprada em dólar pelo investidor estrangeiro no mercado de derivativos, resultado tanto de uma redução na posição comprada como um aumento na posição vendida.

“O que pode estar ocorrendo agora é uma mudança disso, com o investidor estrangeiro ou reduzindo a posição vendida em dólar contra o real ou fazendo ‘hedge’ ao comprar dólares”, afirma, ressaltando que o real também vinha tendo uma performance relativa (aos pares emergentes) melhor até aqui.

“Além disso tudo, o Brasil tem um mercado de derivativos bastante líquido, então, dado o tamanho do nosso mercado, pode estar ocorrendo tanto uma formação de ‘hedge’ quanto uma deslocação para fazer caixa.”

[Fonte Original]

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