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quinta-feira, abril 24, 2025

Guerra comercial global de Trump atrapalha a visita de Vance à Índia

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A visita do vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, à Índia, que começa na segunda-feira (21), acontece em meio à guerra comercial global desencadeada pelo presidente Donald Trump, mas a viagem pelo país também oferece significado político e pessoal para o vice-presidente.

Vance chega no país asiático, enquanto os EUA ameaçam aumentar as tarifas de 10% sobre as exportações indianas para 26%, se nenhum acordo for alcançado até o final de 90 dias, período que dura a redução da taxação imposta por Trump no início deste mês.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, deve receber Vance para uma reunião bilateral, informou a Casa Branca. As conversas são importantes para o líder indiano, que busca posicionar seu país como líder do Sul Global — um grupo de economias emergentes — na esperança de ganhar influência no cenário mundial.

Funcionários do governo Trump nomearam a Índia como um dos vários países com os quais os EUA estão priorizando negociações, durante o período de 90 dias, que se estende até julho. A visita de Vance ocorre num momento em que há grandes esperanças em Nova Déli de que o país consiga um acordo rápido e um alívio de impostos mais substancial, enquanto uma tarifa básica de 10% está em vigor.

Uma autoridade de Nova Déli disse à Bloomberg News que as discussões sobre as tarifas específicas por setor ocorrerão nesta semana, com o objetivo de concluí-las até o fim de maio.

A ministra das Finanças da Índia, Nirmala Sitharaman, que participará de reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, também deverá discutir a relação comercial entre os dois países com altos funcionários dos EUA durante sua visita.

Modi também espera atrair investimentos de Elon Musk, importante colaborador da Casa Branca e conselheiro de Trump.

O presidente-executivo da Tesla Inc. indicou que visitará a Índia ainda este ano, após conversar com Modi, na semana passada, sinalizando um possível progresso na investida da fabricante de carros elétricos, há muito aguardada, no país mais populoso do mundo.

A visita de Vance também incluirá um pouco de diplomacia mais branda, algo que ainda não foi exercido pelo governo Trump, com Vance e sua jovem família planejando fazer paradas em locais culturais em Jaipur e Agra, lar do Taj Mahal.

O interesse pela família Vance na Índia já é grande. A esposa de Vance, Usha Vance, é a primeira segunda-dama indo-americana. Nos preparativos para a visita, a atenção da mídia indiana sobre Usha Vance aumentou, com alguns relatos extensos sobre sua herança familiar, que remonta ao Estado indiano de Andhra Pradesh.

A visita da família Vance provavelmente demonstrará a importância dos laços Índia-EUA n um momento em que os EUA estão adotando uma postura mais assertiva no cenário mundial, disse Milan Vaishnav, diretor do Programa do Sul da Ásia do Carnegie Endowment for International Peace.

“Há um sentimento de orgulho na Índia pela diáspora indo-americana”, disse Vaishnav. Segundo ele, com a visita de Usha, “haverá um sentimento de retorno ao lar.”

Ele acrescentou que a visita também poderia servir para suavizar a imagem do vice-presidente, que desempenhou o papel de “cão de ataque” ao recriminar o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky no Salão Oval, depois criticar aliados europeus na Conferência de Segurança de Munique e, por fim, se referir aos trabalhadores da indústria chinesa como “camponeses”.

A atenção dada a Usha Vance é semelhante à dada à ex-vice-presidente Kamala Harris, que também é indo-americana e recebeu ampla atenção na Índia, particularmente em sua aldeia ancestral em Tamil Nadu. Porém Kamala não visitou o país durante os quatro anos de sua vice-presidência.

A família Vance: Usha, esposa do vice-presidente J.D. Vance, e as crianças Vivek e Mirabel, de costas para a câmera e no colo do pai — Foto: Alessandra Tarantino/AP

Mais que laços comerciais

Os EUA, há muito tempos, buscam cultivar uma parceria mais profunda com a Índia, em grande parte como um baluarte contra a China. A Índia, por sua vez, busca maior investimento americano e cooperação mais profunda em compartilhamento de tecnologia e defesa.

Os laços estreitos da Índia com a Rússia causaram tensão com os EUA sob a Presidência de Joe Biden, devido ao relacionamento de Modi com o presidente russo, Vladimir Putin, e à contínua compra de petróleo russo pela Índia, apesar das sanções impostas pelos aliados do país após a invasão da Ucrânia.

A despeito das altas taxas propostas por Trump para a Índia, Trump e Modi mantêm laços estreitos há muito tempo, e o líder indiano tem apresentado seu país como um parceiro cooperativo em relação a aspectos-chave da plataforma política de Trump.

Meses antes de Trump anunciar as taxas recíprocas, a Índia agiu rapidamente para reduzir seus próprios impostos sobre produtos americanos, incluindo bourbon Kentucky e motocicletas Harley-Davidson Inc. Esses esforços visavam se livrar da reputação do país asiático de “rei das tarifas”, um rótulo que Trump adotou para descrever as políticas protecionistas do país que, segundo ele, prejudicam as empresas americanas.

Após a cúpula Trump-Modi em fevereiro, a Índia concordou em comprar mais produtos americanos, incluindo petróleo bruto, gás natural liquefeito e plataformas de armas de alta tecnologia, a fim de reduzir seu superávit comercial de US$ 47,7 bilhões com os EUA. Modi também apoiou os esforços de Trump para deportar imigrantes sem documentos, aceitando aviões lotados de seus próprios cidadãos vindos dos EUA nos últimos meses.

Durante a visita de Modi à Casa Branca em fevereiro, os dois líderes disseram que planejavam concluir a primeira parcela de um acordo comercial bilateral até o outono.

“A ideia, dentro do governo indiano, é que é preciso fechar um acordo” com o governo Trump, disse Vaishnav. “É preciso fechar um acordo porque o restante do relacionamento bilateral, e tudo o que ele implica, só pode ser desbloqueado quando esse acordo for firmado.”

[Fonte Original]

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