A dívida bruta do governo geral (DBGG) deverá encerrar este ano em 79,8% do Produto Interno Bruto (PIB). No próximo ano, deverá fechar em 84%. Os números foram calculados pela Instituição Fiscal Independente (IFI) – órgão de monitoramento das contas públicas ligado ao Senado Federal, no Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) de abril, divulgado nesta quarta-feira (16).
Em dezembro, a IFI projetava a dívida bruta em 81,4% do PIB em 2025 e 86,3% em 2026. A melhora nas projeções, segundo a instituição, é reflexo da mudança de nível da dívida no fim de 2024, que terminou num patamar abaixo do esperado; e da mudança na expectativa para o comportamento da taxa real de juros implícita.
No Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, enviado ontem pelo Executivo ao Congresso Nacional, o governo projeta uma trajetória mais benigna para a dívida, na contramão do que espera o mercado. A previsão do Tesouro Nacional é que a DBGG suba para 78,5% do PIB neste ano, após atingir 76% em 2024. Em 2026, iria para o patamar de 81,8% do PIB.
Ainda de acordo com as projeções do Tesouro, a dívida atingiria o pico de 84,2% do PIB em 2028, entrando em trajetória de queda, até cair para 81,6% em 2035.
A IFI não trouxe no RAF de abril projeções atualizadas para a dívida nesse horizonte de dez anos traçado pelo governo. Porém, a instituição alerta que o arcabouço fiscal – que dá parâmetros e diretrizes para a política fiscal – “não está resultando no estancamento do processo de crescimento da dívida pública brasileira”.
“Ainda que as projeções mais recentes indiquem um menor nível para a dívida bruta, em proporção do PIB, no curto prazo, a IFI estima que a trajetória do indicador seja de elevação no médio prazo. Sustenta essa trajetória os déficits primários do setor público projetados em todo o horizonte de projeção, além de uma taxa real implícita de juros relativamente elevada”, explica a instituição.
A IFI reforça, ainda, que o resultado primário requerido para estabilizar a dívida bruta seria de 2,4% do PIB. “A partir desse resultado e, considerando que o resultado primário do setor público consolidado projetado pela IFI para 2025 é de déficit de 0,6%, o esforço necessário para que a dívida seja estabilizada seria da ordem de 3,0 p.p. do PIB”.
Em junho, a IFI atualizará as projeções macroeconômicas e fiscais de médio prazo.