Foto: arquivo pessoal
Acessibilidade
Se existe uma prática consolidada no comportamento de consumo dos brasileiros, é o parcelamento. Mas e se o modelo baseado em cartão de crédito, que há décadas reina absoluto no varejo, não fosse a única opção? Essa pergunta moveu Henrique Weaver e Michael Greer a fundarem a Pagaleve, startup que quer transformar o modo como o consumidor brasileiro divide suas compras – e já tem resultados que chamam a atenção de muitos.
Com experiência acumulada em gigantes como Coca-Cola, McKinsey, Uber (onde foi general manager) e OYO (como CEO no Brasil), Henrique encontrou em Mike – ex-CTO da australiana Zip, uma das maiores empresas globais de “buy now, pay later” (BNPL) – o parceiro ideal para dar vida à ideia. O ano era 2020, e a dor era clara: como oferecer um parcelamento acessível e escalável para quem não tem ou não quer usar cartão de crédito?
“A dependência do cartão deixava muita gente de fora, como pessoas de baixa renda, com limite comprometido ou da Geração Z, que não querem se amarrar ao sistema tradicional de crédito”, explica Henrique, CEO da fintech. De fato, uma pesquisa recente da Quaest revelou que 60% da população de baixa renda no Brasil não possui cartão de crédito.
A solução foi criar um arranjo próprio de pagamento, usando os trilhos do Pix e cuidando de ponta a ponta: do credenciamento do varejista ao relacionamento com o cliente final. O modelo caiu como uma luva no mercado. Com pouco mais de três anos de operação, a Pagaleve já soma mais de 8.500 varejistas parceiros, incluindo nomes como AliExpress, Reserva, Grupo Soma, Cobasi e RiHappy. Mais de 3 milhões de consumidores já usaram a solução.
Investimento, crescimento e foco em escala
A primeira rodada, de USD 400 mil, veio logo após o nascimento da empresa, em junho de 2021, com apoio de anjos e do fundo australiano OIF Ventures. Desde então, a Pagaleve já realizou quatro rodadas e se prepara para a quinta, a Série B, consolidando um modelo de negócios com unit economics saudáveis e foco em alta escalabilidade.
Embora o objetivo inicial não fosse o lucro imediato, a rentabilidade chegou rápido. O primeiro mês com lucro operacional foi em dezembro do ano passado, marca relevante no atual cenário de startups que ainda buscam se provar financeiramente.
Como toda empresa em estágio de crescimento acelerado, os obstáculos apareceram cedo. Um dos primeiros foi contratar talentos quando ainda não existia nem e-mail corporativo. “Mandei propostas pelo meu hotmail”, brinca Henrique. “A gente vendia um sonho.”
Outra dor foi lidar com a escalada organizacional. A startup, que hoje tem 140 colaboradores, investiu forte em governança, processos e fóruns para manter a cultura ágil e não hierárquica. O executivo não queria uma empresa engessada, mas com mais de 100 pessoas, é preciso ter estrutura. Comprovando tamanho desenvolvimento, Henrique Weaver e Michael Greer foram escolhidos como Empreendedores Endeavor.
Durante o programa, após serem mentorados por Chris Misner, Head of Global Markets no Airbnb, Lars Rasmussen, Co-Founder do Google Maps, Mariana Donangelo, sócia na Kaszek, André Glezer, CEO da Agrolend, Fabio Carrara, CEO da Solfácil e Paulo Alencastro, founder e ex-CEO da Unico, entre outros grandes nomes, enxergaram a possibilidade de unir propósitos no ecossistema de aprendizado e conexão da rede.
“As provocações que recebemos ajudaram a refinar ainda mais nossa estratégia de crescimento. Agora, o plano é ousado: ser sinônimo de parcelamento no Brasil, tornando o cartão de crédito apenas uma das opções – e não mais a principal. Queremos que o modelo da Pagaleve, baseado no Pix, se torne o padrão para varejistas, consumidores e instituições financeiras. Temos um mercado gigante a conquistar”, conclui Henrique.
A Endeavor é uma rede global presente em mais de 40 países e formada pelos empreendedores e empreendedoras que mais crescem no mundo. No Brasil desde 2000, acelera negócios com potencial escalável por meio do programa Scale-Up e promove conexões entre os maiores líderes do país e empreendedores em início de jornada. Também investe em startups em fases Seed e Series A, com o fundo Scale-Up Ventures.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da Forbes Brasil e de seus editores.