A grande maioria dos brasileiros prioriza investimentos conservadores que minimizem a exposição ao risco e garantam a segurança do seu patrimônio. Uma pesquisa recente do Datafolha em parceria com a Paradigma Education revelou que a poupança, apesar dos seus rendimentos inferiores à inflação e ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), ainda é a forma de investimento mais adotada pela população (52%), seguida por imóveis (31%) e dinheiro vivo (25%).
Um relatório recente publicado pela exchange de criptomoedas Bipa demonstra que, contrariando o senso comum, uma exposição mínima ao Bitcoin (BTC) pode gerar retornos muito superiores aos do CDI com baixo risco.
O estudo comparou o desempenho de um portfólio conservador, composto exclusivamente por instrumentos de renda fixa, com outro que incluiu uma pequena parcela em Bitcoin ao longo de um período de dez anos.
Os resultados indicam que, mesmo com a volatilidade inerente ao mercado de criptomoedas, uma alocação de 2% em Bitcoin não apenas elevou a rentabilidade geral do portfólio significativamente, como também contribuiu para a redução do risco em comparação com o portfólio focado exclusivamente em renda fixa.
O Portfólio A se baseia exclusivamente em investimentos atrelados ao CDI, representando uma alocação tradicional focada em renda fixa e atrelada à taxa de juros básica da economia brasileira.
O Portfólio B investe 98% dos recursos em CDI e os 2% restantes em Bitcoin para analisar como uma pequena alocação na criptomoeda impacta positivamente o desempenho dos investimentos em um horizonte de tempo expandido.
A metodologia adotada pela Bipa propôs a comparação do desempenho histórico desses dois portfólios ao longo de um período de dez anos, entre 2015 e 2025, ressaltando que o objetivo não é prever resultados futuros, mas sim analisar dados passados para identificar tendências e padrões de desempenho do Bitcoin.
Impacto da alocação de 2% em Bitcoin
A análise do desempenho dos portfólios A e B nos últimos dez anos (2015-2025) revela um cenário que desafia a visão tradicional de risco e retorno nos mercados financeiros.
Mesmo em um cenário de juros altos, como é comum no Brasil, os resultados demonstram que a ausência de Bitcoin em um portfólio pode representar um risco maior do que a exposição mínima à criptomoeda.
O Portfólio B, que destinou apenas 2% de sua alocação inicial ao Bitcoin, apresentou um desempenho significativamente superior ao Portfólio A, composto integralmente por renda fixa. A valorização exponencial do Bitcoin em determinados períodos de tempo maximizou significativamente a rentabilidade do Portfólio B, mesmo com a maior parte dos recursos atrelada aos rendimentos do CDI.
Nos períodos de valorização expressiva da criptomoeda, o Portfólio B superou amplamente o Portfólio A, como revela o relatório:
“Momentos-chave dessa mudança ocorreram em 2018 e 2021, quando valorizações extraordinárias do Bitcoin (850,95% e 1.117,03%, respectivamente) alteraram radicalmente o equilíbrio do portfólio.”
A evolução da composição do Portfólio B revela que, mesmo com uma alocação inicial modesta, a participação do Bitcoin tornou-se majoritária, gerando um impacto substancial na rentabilidade.
Evolução do patrimônio líquido dos portfólios A e B de 2015 a 2025. Fonte: Bipa
“Partindo de uma pequena exposição ao Bitcoin, observamos como esta alocação marginal se expandiu exponencialmente, chegando a representar 83,15% do portfólio total ao final do período analisado”, destaca o relatório.
Por outro lado, nos momentos de queda, o Portfólio B apresentou um desempenho inferior ao Portfólio A. Ainda assim, a alocação majoritária em CDI neutralizou o impacto negativo da volatilidade do Bitcoin, afirma o relatório:
“Mesmo nos períodos de queda significativa da criptomoeda (2019, 2022 e 2023), a proporção do Bitcoin nunca retornou aos níveis iniciais, demonstrando como o efeito cumulativo das valorizações superou amplamente as correções negativas ao longo do tempo.”
A valorização expressiva em momentos de alta e o impacto neutro em momentos de baixa fizeram com que o Portfólio B apresentasse um desempenho 481,65% superior ao Portfólio A nos últimos dez anos, evidenciando que uma alocação de apenas 2% em Bitcoin foi eficaz para turbinar a rentabilidade de um portfólio sem comprometer excessivamente a segurança do investidor.
Valorização de investimento de R$ 100 nos portfólios A e B. Fonte: Bipa
Risco é proporcional ao investimento inicial se Bitcoin for a zero
O estudo da Bipa também simulou dois cenários hipotéticos em que o Bitcoin perde todo o seu valor, indo a zero. Mesmo nesses casos extremos, o impacto no portfólio é limitado à alocação inicial de 2%:
“Em um cenário de perda total, o investidor sacrifica apenas o percentual alocado (2% no nosso caso), resultando em uma performance final praticamente idêntica à do portfólio conservador – apenas 2% abaixo do resultado do CDI puro após 10 anos.”
As simulações de cenários pessimistas também permitem relativizar o impacto da volatilidade do Bitcoin no curto prazo. Mesmo que a criptomoeda apresente oscilações expressivas ao longo do tempo, o impacto dessas oscilações no portfólio é limitado à alocação inicial.
Impactos no caso de o Bitcoin ir a zero. Fonte: Bipa
Essas constatações reforçam que a assimetria risco/retorno de uma alocação em Bitcoin torna a criptomoeda atrativa até mesmo para investidores conservadores, que buscam maximizar seus retornos sem comprometer excessivamente a segurança do seu patrimônio.
Enquanto o máximo prejuízo é limitado aos 2% alocados inicialmente, o potencial de retorno é muito maior, conclui o relatório:
“O cenário positivo é potencialmente ilimitado: observamos que essa pequena alocação resultou em um retorno total 481,65% superior ao do portfólio composto exclusivamente por CDI. Esta assimetria favorável torna o risco extremamente recompensador do ponto de vista matemático, já que o potencial de valorização supera enormemente a perda máxima possível.”