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quarta-feira, abril 30, 2025

Sistema financeiro 2.0: Blockchain avança como pilar financeiro no Brasil e no mundo, aponta estudo da Valor Capital

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Enquanto as grandes economias ainda testam soluções baseadas em blockchain, a América Latina (LATAM) e o Sudeste Asiático (SEA) já adotaram essa tecnologia em escala. Ambas as regiões estão entre as líderes globais em adoção de criptomoedas, com 19,8% na LATAM e 27,3% no SEA, de acordo com o estudo inédito da Valor Capital Group e do Credit Saison.

No Brasil, o Banco Central está desenvolvendo a iniciativa Drex, que tem como objetivo tokenizar a economia nacional em escala. O Brasil já conta com um dos ecossistemas de pagamentos digitais mais avançados do mundo, impulsionado pelo Pix, que representa 16,5% das transações financeiras. O país agora está expandindo o uso de blockchain para áreas como financiamento ao comércio, crédito e digitalização de ativos.

Enquanto isso, Singapura emergiu como um polo de inovação em blockchain, com 55% da população considerando as criptomoedas como um método de pagamento viável. O relatório destaca que a América Latina e o Sudeste Asiático, com uma população combinada de mais de um bilhão de pessoas, estão na vanguarda da transição de sistemas financeiros tradicionais para economias impulsionadas por blockchain.

Além da adoção pelo consumidor, a tecnologia blockchain está transformando a infraestrutura do mercado financeiro nessas regiões, impulsionando novas eficiências em pagamentos, financiamento ao comércio e tokenização de ativos. O impacto potencial estimado no mercado é de US$ 3,2 trilhões, à medida que os contratos inteligentes aumentam a segurança, a transparência e a velocidade das transações.

“Pagamentos internacionais, que tradicionalmente levam de três a cinco dias para serem liquidados, agora podem ser concluídos em segundos com o blockchain, eliminando custos intermediários. Além disso, a tokenização de ativos está criando um mercado de US$ 1,4 trilhão, tornando ativos do mundo real, como imóveis e commodities, mais líquidos e acessíveis”, afirma Bruno Batavia, Diretor de Tecnologias Emergentes do Valor Capital Group.

Segundo Batavia, a implementação de Moedas Digitais de Bancos Centrais (CBDCs) está sendo explorada por 98% do PIB global, com a América Latina e o Sudeste Asiático liderando a aplicação prática no mundo real.

Singapura se destaca como pioneira com o Projeto Ubin, uma iniciativa apoiada pelo governo que integra blockchain aos mercados financeiros. O projeto já redefiniu sistemas de liquidação e testou pagamentos cross-border em blockchain em parceria com o Banco do Canadá e o Banco da Inglaterra.

A próxima fronteira: tokenização do comércio global e das commodities

“Com LATAM e SEA desempenhando papéis estratégicos no comércio global, o próximo passo na adoção do blockchain se concentra na tokenização de commodities. A Indonésia, maior exportadora mundial de óleo de palma e carvão, já utiliza blockchain em mercados de créditos de carbono por meio da iniciativa IDXCarbon.

O mercado de tokenização de ativos do país deve atingir US$ 88 bilhões até 2030, com uma economia estimada de US$ 300 milhões em eficiência operacional”, disse Qin En Looi, Partner da Saison Capital, braço de capital de risco do Credit Saison.

O estudo destaca que a rápida adoção do blockchain nessas regiões apresenta oportunidades significativas para investidores, fintechs e instituições financeiras globais. Ao reduzir o custo das remessas internacionais — atualmente o dobro da meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU — e aumentar o acesso financeiro para populações sem acesso a serviços bancários, o blockchain está emergindo não apenas como um ativo especulativo, mas como um motor fundamental da modernização econômica.

Além disso, o estudo aponta que a transformação começa na forma como dinheiro e ativos circulam. O documento mostra que a evolução dos modelos tradicionais, do papel para o digital e agora para o tokenizado, está substituindo processos manuais e intermediários lentos por transações instantâneas, automatizadas por contratos inteligentes e com liquidação em tempo real.

Enquanto métodos tradicionais de pagamentos internacionais levam de 1 a 5 dias úteis com taxas de 4% a 6%, os modelos baseados em blockchain já operam com taxas de 0,1% a 1,15% e liquidação em segundos.

Entre as aplicações mais promissoras estão a tokenização de ativos do mundo real, como imóveis, dívidas privadas, commodities e títulos públicos, que já movimentam mais de US$ 20 bilhões globalmente.

O estudo aponta que essa classe de ativos tem crescido a uma taxa média de 90% ao ano desde que superou a marca de US$ 1 bilhão, com potencial de atingir centenas de bilhões na próxima década. Em paralelo, os stablecoins movimentam US$ 226 bilhões, com destaque para a América Latina, onde o uso dessas moedas digitais é uma resposta direta à instabilidade cambial.

O caso da Argentina é emblemático: desde novembro de 2022, o peso argentino perdeu 82% de seu poder de compra frente ao dólar, enquanto o volume de negociação de stablecoins com pesos na exchange Bitso subiu mais de 10.000%, demonstrando como o blockchain funciona como uma válvula de escape contra a inflação e o controle cambial.

Drex e o mercado de tokenização

Reguladores têm adotado postura ativa. O Banco Central do Brasil conduz o Drex, projeto de moeda digital e infraestrutura tokenizada que já testa aplicações como liquidez de títulos públicos, debêntures, ativos agrícolas, imóveis e automóveis. Em Singapura, o projeto Guardian testa a interoperabilidade entre diferentes plataformas de ativos tokenizados e aplica contratos inteligentes em operações de câmbio, crédito e títulos.

Essas experiências refletem uma visão compartilhada de que o futuro dos mercados financeiros será construído sobre camadas programáveis, interoperáveis e auditáveis — elementos centrais do blockchain. A consultoria Accenture estima que só com a adoção de infraestrutura financeira baseada em blockchain, o setor pode economizar mais de US$ 3,2 trilhões, considerando apenas instituições com receita acima de US$ 100 milhões.

No setor privado, empresas como JP Morgan, BlackRock, Goldman Sachs e a brasileira Nubank já implementam ou testam soluções em blockchain. O OpenEden, de Singapura, tokeniza títulos do Tesouro americano com liquidez 24/7, e a brasileira Magie realiza operações financeiras via WhatsApp com inteligência artificial embarcada.

A adoção popular também cresce. Na América Latina, Argentina lidera com 35% da população adulta usando carteiras blockchain, seguida por Chile (29%) e Brasil (22%). Na Ásia, Tailândia e Vietnã lideram. A penetração ocorre principalmente via aplicativos móveis e redes sociais, que funcionam como canal natural para serviços financeiros embutidos.

Desse modo, o estudo destaca que blockchain não é mais apenas uma promessa, mas um caminho em construção. LATAM e SEA compartilham desafios semelhantes — como inclusão financeira, fragmentação de infraestrutura e volatilidade econômica — e estão reagindo com inovação regulatória e tecnológica.

“Ao integrar blockchain em suas bases financeiras, essas regiões não apenas otimizam transações, mas também criam novos modelos de desenvolvimento”, finaliza.

Confira o estudo completo

[Fonte Original]

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